Mais de 60 mortos nos atentados em Argel
ARGEL (AFP) — Os dois atentados em Argel nesta terça-feira deixaram pelo menos 62 mortos e vários feridos, entre eles alguns em estado grave, segundo fontes médicas.
Nenhuma organização reivindicou até o momento a autoria dos atentados.
O ministro argelino do Interior, Yazid Zerhouni, afirmou que dois carros-bomba, pelo menos um deles com um terrorista a bordo, foram utilizados nos atentados.
"O primeiro carro-bomba explodiu diante do Conselho Constitucional, em Ben Aknoun (nas colinas de Argel, a poucos metros da Suprema Corte), e o segundo diante da sede do Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas (Acnur), em Hydra", declarou o ministro.
Zerhouni afirmou que o atentado de Hydra foi cometido por um suicida, segundo testemunhas.
Hydra abriga as novas sedes dos ministérios da Energia e das Finanças, assim como a chancelaria e residências diplomáticas. O bairro, com muitos estrangeiros, conta com um forte dispositivo policial.
Várias ambulâncias seguiram para a área da Suprema Corte. A polícia isolou a área e bloqueou o acesso à estrada que leva à região, onde fica, além do tribunal, o Conselho Constitucional.
Todas as construções situadas nas imediações foram danificadas e espessas colunas de fumaça são vistas à distância.
O gabinete de governo suspendeu a reunião semanal para permitir que os chefes de vários setores possam acompanhar o desenvolvimento dos acontecimentos.
A explosão do atentado dirigido contra o Conselho Constitucional e a Suprema Corte, situados em Ben Aknun, atingiu um ônibus ocupado por estudantes que se encontrava diante dos prédios.
Nas sedes do Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas (Acnur) e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) em Hydra provocou dez mortes, informou à AFP uma fonte da ONU.
Vários feridos permanecem sob os escombros do prédio do Acnur, informaram as equipes de resgate que trabalham no local.
Segundo o subdirector do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em Genebra, Jean Fabre, 12 funcionários da ONU desapareceram depois dos atentados.
Já o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) assinalou, por sua vez, um morto e um desaparecido em seu pessoal argelino.
No momento é impossível saber o número exato de vítimas e suas distribuição entre os dois atentados.
A Argélia enfrenta há vários dias um aumento da violência atribuído ao ex-Grupo Salafista pela Oração e o Combate (GSPC). Essa organização aderiu à rede terrorista dirigida por Osama Bin Laden e que atende, no país, pelo nome de Facção do Magreb da Al-Qaeda.
A última onda de violência importante registrada na Argélia acontecera no início de setembro, quando dois atentados suicidas causaram 54 mortos.
Uma das primeiras autoridades a criticar o atentado desta terça-feira foi o presidente francês Nicolas Sarkozy, que há poucos dias visitou a Argélia. Em um telefonema a seu colega argelino, Sarkozy "condenou com firmeza os dois atos bárbaros e odiosos".