Gaza desespera fora do mundo
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O plano de desenvolvimento de Mahmoud Abbas seduziu os doadores mas é preciso financiá-lo, para poder por em marcha o Estado a que os palestinianos aspiram. 14 anos após Oslo, o projecto continua em estado embrionário. A situação alarmante dos territórios não é novidade. Uma economia que se afunda de dia para dia corre o risco de comprometer as hipóteses de construção de estruturas políticas estáveis.
O futuro estado que tinha sido geograficamente composto de pedaços de território está agora politicamente dividido. A Faixa de Gaza, nas mãos do Hamas desde Junho, está totalmente isolada do mundo e a fractura económica entre as duas entidades territoriais agrava-se fortemente.
Enquanto o desemprego, mais baixo na Cisjordânia, diminuiu durante o último ano; em Gaza não pára de crescer, tendo atingido os 35% em 2006. A pobreza segue também em linha ascendente em Gaza, enquanto na Cisjordânia mantém uma tendência estável. O trabalho em Israel para os palestinianos passou de 25% a 12% na Cisjordânia e na Faixa de Gaza pura e simplesmente deixou de existir.
Os doadores prometem que, apesar do cenário político, 35 a 40% da ajuda será canalizada para Gaza, onde a situação é crítica, mas ninguém explica como vai lá chegar.
Neste território, os preços dos bens de primeira necessidade aumentaram 30 a 40% no último ano e 80% da população depende da ajuda humanitária. A produção das empresas privadas caiu dos 76 para os 11% e a dependência da electricidade de Israel chega aos 70%.
Os palestinianos estão aqui privados dos seus mais elementares direitos: comer, trabalhar, acesso à educação e à saúde. A situação é particularmente grave nos hospitais, onde as hipóteses de sobrevivência de alguns doentes são comprometidas sobretudo dos que não podem ser tratados no local.
"Nos últimos meses, a situação tornou-se intolerável. Vários doentes faleceram nas últimas semanas porque a autorização para serem transportados chegou tarde e depois temos um sério problema na distribuição de electricidade e de combustíveis que compromete o funcionamento normal dos hospitais e dos cuidados de saúde", diz um representante da ONU no território.
Os doadores repetem: Enquanto os bloqueios israelitas persistirem, a economia palestiniana não se recompõe. Nenhum investimento estrangeiro é possível nestas condições.