Zapatero admite que cometeu "erro notável" quando previu fim da ETA
28.12.2007 - 15h02 PUBLICO.PT
O presidente do Governo espanhol, José Luis Zapatero, reconheceu hoje ter cometido um “erro notável” quando a 29 de Dezembro do ano passado previu que a paz no país estava mais próxima. No dia seguinte, a ETA rompeu a trégua com o atentado no aeroporto de Barajas, em Madrid.
No último encontro do ano com os jornalistas, a três meses das legislativas, Zapatero fez um balanço dos quatro anos de mandato, sublinhando que o executivo socialista promoveu “reformas” e “progressos” que se reflectiram numa melhoria das condições de vida dos espanhóis.
A título de exemplo, o governante lembrou a taxa de crescimento, com uma média de 3,7 por cento ao ano, ou a subida do salário mínimo nacional para 600 euros já em 2008.
Questionado sobre quais os principais erros cometidos desde que chegou ao Palácio da Moncloa, Zapatero não teve dúvidas em destacar o discurso proferido no final de 2006 quando assumiu que o fim do conflito no País Basco poderia estar para breve. “Foi um erro notável”, admitiu, citado pelo "El País" online.
Foi também no encontro com os jornalistas antes do Ano Novo que o presidente do Governo espanhol manifestou a “convicção pessoal” de que “dentro de um ano” Espanha estaria mais próxima da paz, recorda a edição online do diário “El Mundo”. Sublinhando os progressos conseguidos desde que a ETA declarara o cessar-fogo, Zapatero prometia continuar o processo de diálogo iniciado meses antes com representantes do grupo armado.
No dia seguinte, a organização terrorista provou o erro das previsões do governante, fazendo explodir um carro armadilhado num dos parques de estacionamento do aeroporto de Barajas. O ataque, que antecedeu em alguns meses a oficialização do fim da trégua, matou dois imigrantes sul-americanos que esperavam nos respectivos automóveis a chegada de familiares ao aeroporto.
No mesmo dia, o Governo socialista deu por terminados os contactos com a ETA e desde então intensificou as operações policiais para decapitar a organização terrorista, contando com o apoio das autoridades francesas. A ETA reivindicou vários ataques nos últimos meses, incluindo o que custou a vida a dois agentes da Guarda Civil.
Na intervenção de hoje, Zapatero garantiu que os últimos meses provaram que o executivo socialista “tem todas as condições para levar a cabo uma política que reduza a capacidade operacional da ETA” e sublinhou que “não há nenhum expectativa de diálogo com os terroristas”.