Reservas de ouro do Banco de Portugal batem recordes
06.01.2008 - 09h04
Por Sérgio Aníbal
Reuters (arquivo)
A subida em flecha da cotação do ouro nos mercados internacionais está a colocar as reservas do Banco de Portugal deste metal precioso ao nível mais elevado desde, pelo menos, o início do ano 2000.
De acordo com os dados oficiais mais recentes enviados por esta entidade ao Fundo Monetário Internacional, o valor do ouro detido era, no final de Novembro de 2007, de 9762,3 milhões de dólares. Não se consegue, desde Abril de 2000 (o primeiro mês para os quais está publicada informação) até agora, encontrar um valor mais elevado para o ouro guardado nos cofres do Banco de Portugal.
E isto apesar de, entre 2002 e 2006, a autoridade monetária nacional ter procedido à venda de 224,1 toneladas deste metal, reduzindo significativamente o volume de ouro detido. Mas não o valor do mesmo.
A "culpa", claro, é da escalada de preços registada neste mercado durante os últimos anos. Na passada semana, o ouro bateu por várias vezes o seu recorde histórico e, na sexta-feira, acumulava já um ganho de 35,4 por cento face à última cotação do ano de 2006.
Foi graças a esta tendência de subida de preços que o Banco de Portugal viu a suas reservas crescerem, entre Novembro de 2006 e Novembro do ano passado, 1906,6 milhões de euros. Em euros, o ganho tem sido menor devido à apreciação da divisa face ao dólar. Ainda assim, a variação positiva, no mesmo período, foi de 551 milhões de euros. Em Dezembro, tendo em conta o que aconteceu nos mercados, os ganhos do Banco de Portugal devem ter-se acentuado.
A única altura em que é possível que o Banco de Portugal possa ter tido um valor mais elevado de ouro foi o início dos anos 80, quando a onça deste metal estava como agora próxima dos 850 dólares. Em termos reais, especialmente, o valor era, então, bastante maior.
O que fazer a tanto ouro é uma questão que sempre motivou acesos debates em todos os países onde os bancos centrais têm reservas de grande dimensão. Em Portugal, Miguel Cadilhe é dos que apresenta mais sugestões. Para o ex-ministro das Finanças e agora candidato à liderança do BCP, o Estado devia vender o ouro para financiar os custos inerentes a uma reforma da administração pública que dispensasse milhares de funcionários. Este tipo de medida já deparou, no entanto, com a oposição do Eurostat em relação a outros países, já que não aceita a contabilização no défice desta receita.