PS diz que a Câmara «demorou meses» a levantar análises que detectaram tirame na água
Os dirigentes do Partido Socialista (PS) de Sardoal acusaram hoje o presidente da autarquia de ser o primeiro responsável pelo facto das populações de Alcaravela e Valhascos terem andado a beber água imprópria para consumo durante quatro meses
Fernando Vasco, líder dos socialistas, disse hoje à Agência Lusa que os vereadores, deputados municipais e presidentes de junta de freguesia eleitos pelo PS deliberaram por unanimidade «responsabilizar politicamente o Presidente da Câmara de Sardoal (PSD) pelas consequências que advierem desta situação».
Segundo disse «a omissão da execução dos mecanismos exigidos relativamente à salvaguarda de valores fundamentais como seja o direito a usufruir de água com qualidade certificada pela Câmara Municipal, é um acto da mais alta irresponsabilidade política».
Os dirigentes socialistas questionam, em comunicado, «porque é que a análise efectuada a 28 de Agosto à qualidade da água em Valhascos, cujo resultado se encontrava disponível a 10 de Outubro, só foi levantada pela Câmara Municipal a 3 de Janeiro de 2008?»
«E porque é que a análise eectuada a 23 de Outubro às águas da freguesia de Alcaravela, cujo resultado se encontrava disponível em 27 de Novembro, só foi levantada pela Câmara Municipal a 10 de Janeiro de 2008?»
Segundo a estrutura concelhia do PS, «ambas as análises, realizadas pelo laboratório A.Logos, acusaram a presença na água de um fungicida de grande toxicidade sendo que a primeira apresentava um valor de 200% superior ao máximo indicado legalmente e a segunda um valor de 100% superior ao máximo previsto na lei»
Fernando Vasco disse hoje à Lusa que, «para além das interrogações, uma certeza existe, desde já: de 28 de Agosto de 2007 até 10 de Janeiro de 2008 milhares de sardoalenses e forasteiros utilizaram para consumo próprio água da rede pública, contaminada com fungicida».
O PS de Sardoal deliberou por unanimidade «responsabilizar politicamente o Presidente da Câmara de Sardoal, como primeiro responsável pela prevenção e protecção da saúde pública municipal e requerer a convocação de uma assembleia municipal extraordinária, com carácter de urgência, para debater o abastecimento de água imprópria para consumo na rede pública de Sardoal».
Segundo disse «nem a solução alternativa de utilizar as águas de furos e minas devia estar a ser aplicada sem serem efectuadas análises quimicas e bacteorológicas às mesmas».
«Existem furos e minas que não são utilizados há vários anos, pelo que se tornaria necessário certificar, por análise, a qualidade das respectivas águas antes de as introduzir na rede pública».
O líder da concelhia socialista disse ainda que pretende promover a curto prazo um debate aberto a toda a população, com a presença de técnicos nas áreas da saúde, ambiente e florestas, sobre as consequências da presença de fungicida nos terrenos e águas do concelho.
O abastecimento de água ao concelho de Sardoal através do sistema alternativo deverá manter-se pelo menos até quarta-feira, dia em que a Câmara Munipal espera receber os resultados das contra-análises às água da Barragem da Lapa.
Fonte dos laboratórios A.Logos disse hoje à Agência Lusa que o conselho de administração se reunirá na manhã de segunda-feira, altura em que se pronunciará públicamente sobre eventuais responsabilidades nesta matéria.
Lusa/SOL