Empresa rejeitou comercializar o "Mosquito" em Portugal por razões éticas
Lisboa, 14 Fev (Lusa) - O grupo Cooper Safety em Portugal não iniciou a comercialização do "Mosquito", um aparelho que repele os jovens, por considerar que a sua utilização poderá levantar questões éticas.
O "Mosquito" é um aparelho que emite um som com uma frequência audível por jovens até aos 25 anos.
João Cabrita, director comercial da Cooper Pretónica, admite que ainda equacionou a sua comercialização em 2005 mas que "acabou por não avançar por motivos éticos"
"Chegamos a realizar algumas experiências com o aparelho e realmente ele funciona. No entanto ficou também provado que a exposição prolongada ao som não traz qualquer prejuízo a nível físico, é apenas irritante", diz João Cabrita.
João Cabrita revelou que a decisão de não avançar para a comercialização do produto em Portugal se "deveu mais a questões éticas do que legais".
"Na altura, falei com advogados e não existia nenhum impedimento jurídico. Aliás, nesse ponto, a lei é omissa. Em termos éticos, a questão é mais complexa", explica.
João Cabrita disse ainda que já recebeu algumas propostas de clientes interessados no produto mas que "recusou, porque a comercialização do produto não faz parte do planos da empresa". A ser comercializado, o preço do aparelho, em Portugal, rondaria os 250 euros.
Esta semana, no Reino Unido, um organismo oficial de protecção das crianças apelou à interdição do aparelho. Neste momento, existem naquele país cerca de 3.500 "Mosquitos", utilizados em parques, centros comerciais e nos centros das cidades para dispersar grupos de jovens indesejáveis e evitar conflitos, segundo grupos de defesa dos direitos humanos.
"Eu falei com muitas crianças e jovens, pessoas de toda o Reino Unido que estão a ser muito afectadas por estes aparelhos", disse Al Aynsley-Green, responsável governamental pela protecção de crianças, no lançamento desta campanha.
"Este aparelho não faz distinção e atinge todas as crianças e jovens, incluindo bebés, além de que não tem em conta se estes estão a ter um comportamento condenável ou não", realçou.
"O Mosquito não tem lugar num país que preza as suas crianças e que procura inculcar-lhes dignidade e respeito", afirmou Shami Chakrabarti da organização de defesa dos direitos humanos Liberty.
Howard Stapleton, o inventor deste aparelho, reconheceu que este pode ser utilizado com más intenções e sugeriu que o seu uso fosse regulamentado.
Contudo, "as pessoas falam de violação dos direitos humanos mas onde estão os direitos humanos dos comerciantes que vêem os seus negócios ser arruinados devido a grupos de jovens incontroláveis que afastam os seus clientes?", perguntou Howard.
AZC.
Lusa/ Fim