Al Bânia (Rui Reininho)

Al Bânia

Rui Reininho, Músico

Depois da recente desova Kosovar, nós por cá, todos bem, vemos posta em risco a esperança de sermos a União de Leiria da Europa. Positivos no pensamento, na palavra e na obra, já não nos basta agarrar o (mal) passado com unhas e dentes e puxar dos galões ou garotos e meias de leite. O fim está próximo e quem não tiver medo que dê o primeiro passo social.

Ainda há bem pouco, o amigo do nuclear e de Deus Pinheiro confessava a heresia de ver toda a gente de bem a andar de autocarro; nisso e noutras questões de pôr as bolas no "green" não podíamos estar mais de acordo.

Nem o facto de ver as bombaças a navegar no fundo das garagens nos assusta há sempre quem fique com o utilitário mais afogado. Aprendam a nadar, camaradas.

Nós é mais o Mónaco em benefícios fiscais, um pesadelo surfando no paraíso; hoje, os nossos ladrões de casaca, como no Hitchcock, parecem genuinamente incomodados por ter de revelar como roubar um milhão à saída da missa; afinal o jet7 era mesmo da tanga e quem põe os coitados dos hipotecados de tanga são uns cavalheiros circunspectos que nos fitam de cima de uns oculinhos enigmáticos.

Imagino o horror com que antevêem ter de lidar com um preto americano na presidência adivinha quem vem jantar, as filhas com Mantorras e Makukulas fora das quatro linhas...

Ai que saudades dos tempos em que não se podia entrar na Albânia onde os popós não passavam dos 90 km por hora; era quando os albaneses também não se espalhavam por aí com as suas feiosas de lenços nas cabeças, um pouco como os al facinhas que nunca viram para lá de Vila Franca. Para com eles temos uma dívida de gratidão que nenhum tribunal de contas pode inviabilizar; esse e outros tribunais acham mais justo e adequado gastar as resmas e as investigações a saber como ficou a primeira parte do Gondomar-Sandinenses do que pensar por que é que os gestores valem mais do que os surrelfas.

Não há desempregadas giras num raio de seiscentos quilómetros. Que a Albânia seja aqui, num desesperado comunismo de sinal contrário em que é proibido não proibir. As beatas são sujas, mas são mais do que as mães fundamentalistas sem filtro.

JN

O Rui, esta noite, fumou mais ká conta, daquelas coisas esquisitas. E ficou bastante inspirado.

Às vezes tem uma certa piada, no que escreve.

É o caso deste artigo.