Criticam que sete anos depois continue por se apurar responsabilidades
Entre-os-Rios: familiares das vítimas desistem de pedidos de indemnização
03.03.2008 - 16h09 Lusa
Os familiares das 59 vítimas mortais da queda da ponte de Entre-os-Rios desistiram da intenção de pedir indemnizações ao Estado, lamentando que, sete após a tragédia, a justiça continue sem atribuir responsabilidades pelo colapso da ponte.
"Não vamos pedir nenhuma indemnização ao Estado. Chegamos a equacionar pedir uma indemnização simbólica, para que o tribunal dissesse que o Estado teve responsabilidades, mas concluímos que seria um caso muito longo, com poucas possibilidades de sucesso, atendendo ao passado deste processo", explicou Horário Moreira, presidente da Associação de Familiares das Vítimas da Tragédia de Entre-os-Rios (AFVTE-R).
Amanhã, assinalam-se sete anos sobre o colapso da Ponte Hintze Ribeiro, no qual morreram os 59 ocupantes de um autocarro e de três automóveis ligeiros. Na véspera do sétimo aniversário do acidente, Horácio Moreira frisou que a decisão de não pedir indemnizações ao Estado "tem o acordo" de todas as famílias das vítimas. "Somos pessoas de bem, sabemos quando devemos parar. A nossa intenção é proteger as pessoas de um processo longo e com poucas possibilidades de sucesso", acrescentou.
O presidente da AFVTE-R recordou que, em Outubro de 2006, um acórdão do Tribunal de Castelo de Paiva "não condenou, nem imputou culpas a ninguém" pela queda da ponte, acrescentando que ainda não é conhecida a decisão do recurso do Ministério Público para o Tribunal da Relação. "Não temos qualquer expectativa de que este caso venha a ser concluído com a condenação de alguém", admitiu Horácio Moreira, salientando que, "apesar da investigação do Ministério Público ter sido excelente, houve pouca vontade política para que este caso tivesse um rosto, uma condenação".
Para o presidente da AFVTE-R, "a justiça sai derrotada deste processo por não ter conseguido até hoje atribuir responsabilidades pelo colapso da ponte". "Estamos convictos de que existem duas justiças: uma que envolve o cidadão comum e que é logo resolvida e outra que envolve figuras públicas e que é lenta e não se resolve", frisou.
Nesse sentido, manifestou a "insatisfação" das famílias das vítimas por "este caso ainda não estar resolvido ao fim de sete anos". "Um caso que deveria ser um exemplo da justiça a funcionar, acaba por ser um exemplo de como a justiça é lenta", concluiu.