Caminhos para investir em Angola

Angola é cada vez mais um mercado apetecível e atractivo, que o digam os portugueses que em 1996 tinham investido naquele país 11 milhões de euros e só no ano passado esse investimento chegou aos 330 milhões.

Mas nem tudo são rosas e mais do que nunca são necessários alguns cuidados para entrar no mercado que todos querem.

Acredita na mudança?

A pergunta é feita no final de um anúncio sobre Angola, transmitido em Setembro no canal de televisão norte-americano CNN e pago pela angolana ANIP-Agência Nacional de Investimento Privado.

A mesma voz masculina que havia colocado a questão, responde sem dúvidas:

“Nós acreditamos.”

Muitos empresários portugueses parecem confiar nessa transformação. Em 1996 o investimento directo português naquele país foi de 11 milhões de euros e, no ano passado, chegou aos 330 milhões.

Negócios não faltam e o governo angolano dá prioridade ao investimento privado nos sectores menos explorados para diversificar e relançar a economia.

Planos estruturantes

O sector Alimentar é uma das áreas mais atrasadas.

A construção de redes de irrigação, pecuária e culturas de cereais estão entre as áreas prioritárias de expansão delineadas pelo executivo.

O sector da energia está em ebulição com o petróleo, mas também com a previsão de construção de barragens e de exploração de jazidas de gás localizadas no Soyo.

Igualmente importante para o desenvolvimento do país é o acolhimento de megaeventos, como o Afrobasket, campeonato africano de basquetebol que decorreu em Agosto e exigiu a construção de quatro pavilhões.

Ainda mais recursos estão envolvidos para preparar Angola para a recepção, em 2010, do Campeonato Africano das Nações.

A construção de quatro estádios de futebol já foi adjudicada e prevê-se a edificação de hotéis de cinco estrelas em Luanda e unidades menos luxuosas noutras cidades.

Para desenvolver estes projectos e os vários sectores da economia angolana, será preciso que se construam estradas, caminhos-de-ferro, portos marítimos e aeroportos, com condições para escoar a produção e facilitar a movimentação da população.

O investimento estatal é particularmente forte na reabilitação das infra-estruturas e isso sente-se no número de obras entregues às construtoras que estão em Angola, nomeadamente portuguesas, chinesas e brasileiras.

As telecomunicações ainda são pouco fiáveis, mas o aumento da concorrências pode inverter a situação.

Foram atribuídas quatro novas licenças de linhas fixas e entrou no mercado, um novo operador de telefones móveis.

A Portugal Telecom, por exemplo, que detém uma participação de 25% na operadora móvel Unitel, pretende aumentar a sua presença naquele país.

Investimentos de longo prazo

Em Angola há que preparar todos os passos e pesar bem cada decisão.
Depois, é preciso visitar o país, analisar outros projectos no terreno, conhecer melhor a população e as suas exigências.

Mesmo aqui todos os cuidados são Poucos.

As probabilidades de aterrar em Luanda e nem conseguir sair do aeroporto, são enormes.

No Aeroporto Quatro de Fevereiro, os táxis são raros e os stands de aluguer de automóvel inexistentes. Isto só para ilustrar o tipo de dificuldades que se podem ter que de tão básicas, são absolutamente inesperadas.

Banca florescente

Antes de constituir uma empresa e procurar um escritório, é aconselhável encontrar um parceiro local, sem o qual pode ser difícil levar o negócio avante, os procedimentos são burocráticos e lentos e nem sempre lineares.

No entanto, convém certificar a idoneidade dos futuros parceiros antes de formalizar compromissos.

O sistema financeiro é, aliás, um dos sectores mais desenvolvidos em Angola.

Há 17 bancos em Angola, dos quais apenas três têm capitais estatais.

Uma das mais jovens instituições financeiras privadas é o Banco BIC, detido por Américo Amorim e Isabel dos Santos, uma das filhas do presidente José Eduardo dos Santos.

Depois de encontrar um parceiro, constituir uma empresa é outro problema.

Os advogados e as consultoras ajudam, no processo, mas os dados mais recentes indicam que pode demorar 143 dias.

A criação do GUE - Gabinete único de Empresa promete facilitar os trâmites, mas a falta de recursos humanos (em quantidade e com formação adequada), não afecta apenas o sector privado, mas também a administração pública.

Nem sempre há mãos suficientes e qualificadas para tantos negócios a despontar.

Mandar portugueses de cá pode ser complicado tendo em conta os atrasos na atribuição de vistos de trabalho.

Escolas e universidades despontam e criam novos quadros, mas a formação profissional, dada pelas empresas é imprescindível.

Imobiliário caro

A escassez de hotéis, casas, apartamentos e espaços para escritórios e indústria, torna penosa e dispendiosa a procura de imóveis.

Em Luanda, o custo médio de arrendamento de um escritório ou loja comercial varia entre 14 e 50 euros por metro quadrado.

A compra desse tipo de instalações custa entre 1440 a 3600 euros o metro quadrado.

Parques industriais com as condições mínimas ainda são poucos e estão concentrados na capital.

Mas há projectos para o desenvolvimento de sete pólos industriais no país. Provavelmente esses espaços necessitarão de obras de recuperação e, além dos geradores de electricidade, é preciso colocar tanques e bombas de água.

Também é necessário contratar uma empresa de segurança.

Diversos problemas que cada vez mais empresas optam por enfrentar.

Porque acreditam que Angola, saída há apenas cinco anos da guerra civil, pode mudar.

Mundo Português (09-10-2007)

Os ANGOLANOS, como o J.E.SANTOS, investem nas suas contas particulares, nos paraisos fiscais!!!