Estilistas da Noruega criam coleção de burqas; veja fotos
Claudia Varejão Wallin De Estocolmo para a BBC Brasil
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Burqas da Marked Moskva têm cores quentes e estampas |
A tradicional burqa muçulmana acaba de estrear nas passarelas da moda da Noruega, com o lançamento de uma coleção totalmente
inspirada na vestimenta que cobre da cabeça aos pés algumas mulheres muçulmanas. A idéia da grife norueguesa Marked Moskva é popularizar a burqa como peça básica - e libertadora - do vestuário feminino.
"A burqa pode dar mais liberdade às mulheres", disse a estilista Tonje Nordmo em entrevista por telefone à BBC Brasil.
Clique aqui para ver mais modelos de burqas "Para
as ocidentais, ela dá a oportunidade de poder sair de casa sem se
preocupar com o cabelo ou a maquiagem, por exemplo, além de
proporcionar privacidade. E se as ocidentais começarem a usar burqas,
as muçulmanas podem passar a sofrer menos discriminação", acrescentou
ela.
Até o momento, segundo a estilista, não houve nenhuma reação negativa por parte de grupos muçulmanos.
"Temos tido apenas reações positivas", afirmou Tonje Nordmo. "E não estamos com medo, porque nossas intenções são as melhores
possíveis."
Criação e venda As
túnicas da coleção, destaca a estilista, foram criadas tanto para
mulheres muçulmanas como para não-muçulmanas. A Marked Moskva empregou
duas muçulmanas para ajudar a criar a coleção, e três peças já foram
vendidas para mulheres islâmicas.
Versões
estilizadas da burqa já passaram pelas passarelas da London Fashion
Week em 2007. Mas a coleção norueguesa é mais fiel ao estilo original,
cobrindo totalmente a cabeça e os olhos. A diferença está na variedade
de estampas e texturas criadas pela grife.
Há por exemplo a "burqa-verão", com estampas florais, e a burqa de peles, adaptada para os vários graus negativos do inverno
nórdico. A coleção inclui ainda uma "burqa-doll" para dormir, e até uma burqa para noivas.
A idéia de criar a coleção surgiu depois de os três designers da grife - Tonje Nordmo, Maria Kartveit e Cedric Stevens - terem
resolvido adotar a burqa como parte de seu guarda-roupa.
"Tivemos que mandar trazer as peças do Afeganistão", conta Tonje. Mas usar as tradicionais túnicas negras nas ruas da capital
norueguesa, Oslo, foi uma experiência estressante.
"Ouvimos vários insultos e fomos impedidos de entrar em restaurantes. Outras pessoas pareciam assustadas, com medo da nossa
presença. Sentimos na pele a discriminação sofrida pelas muçulmanas", disse a estilista.
Cores Foi então que o grupo de designers decidiu criar sua própria versão da burqa, em cores quentes e tecidos variados.
"Assim, ninguém pode saber se quem está usando a nossa burqa é uma muçulmana ou uma ocidental”, observa Tonje.
A estilista rebate as críticas de quem vem interpretando a coleção da Marked Moskva como uma piada.
"Não
se trata de piada, de modo algum. Há de fato aspectos positivos na
burqa, e nossa mensagem é esta: experimente, você vai gostar. É também
uma maneira de as pessoas serem julgadas pelo que realmente são, e não
pela sua aparência”, diz Tonje Nordmo.