'Gurkhas' em protesto devolvem medalhas

Várias dezenas de gurkhas reformados devolveram ontem ao Governo britânico as suas medalhas em sinal de protesto para com as pensões irrisórias que recebem todos os meses: 131 libras, ou seja, menos 1 169 libras do que os militares britânicos (uma diferença de 1 489 euros).

As distinções foram entregues ao líder do partido da oposição liberal-democrata, Nick Clegg, que por sua vez as encaminhará para o primeiro--ministro britânico Gordon Brown e levará as reivindicações dos militares à Câmara dos Comuns.

Os antigos combatentes nepaleses ao serviço da coroa britânica, que se reuniram junto ao Parlamento, exigiram também o direito de permanência no Reino Unido.

Actualmente este direito é garantido apenas aos gurkhas que se reformaram em 1997 ou depois. Os casos dos dois mil que se reformaram antes, diz a AFP, dependem da boa vontade dos serviços de imigração.

1997 foi o ano em que os combatentes nepaleses passaram a ser uma força baseada no Reino Unido. E, por isso, lembra a BBC on-line, os soldados têm uma maior possibilidade de desenvolver laços fortes com o país. Até então os gurkhas tinham a sua base em Hong Kong.

"A nossa pensão é um insulto. Orgulho-me de ser soldado britânico. Mas os nossos colegas britânicos que se reformaram recebem mais do que nós pelo mesmo serviço", disse Arkumar Gurung, de 42 anos, que esteve ao lado do Exército britânico na guerra do Iraque em 2003.

Dewan Gurung, de 46 anos, que serviu a coroa britânica na Bósnia, lembrou, em declarações à AFP, que a pensão de que os gurkhas usufruem é insuficiente para quem vive no Nepal e inacreditavelmente baixa para quem está no Reino Unido.

À BBC, Peter Carroll, um dos organizadores do protesto, disse que "o maior teste que uma pessoa pode passar para fazer parte de uma comunidade é o facto de estar preparada para morrer por ela e esse tipo de pessoas são as mais corajosas".

O secretário-geral da Associação Britânica de Gurkhas, Chhatra Rai, afirmou, por seu lado, que "cada vez que o Ministério da Defesa anuncia mudanças diz que os gurkhas estão a ser tratados de forma igualitária. Mas não é o caso quando se analisa as medidas ao pormenor".

DN