Bush ameaçou e pressionou os seus aliados para garantir invasão
Um diplomata chileno vai publicar um livro onde explica as pressões que a administração Bush exerceu sobre os seus aliados, nos meses que antecederam a invasão do Iraque. As tácticas utilizadas incluem ameaças de retaliações comerciais, espionagem e pressão directa para que fossem retirados do Iraque os enviados da ONU resistentes às intenções de Washington.
O livro
A Solitary War: a Diplomat's Chronicle of the Iraq War and its Lessons (Guerra Solitária: Crónicas de um Diplomata sobre a Guerra do Iraque e as suas Lições) é da autoria de Heraldo Muñoz, que foi embaixador do Chile na ONU. Segundo o Washington Post, que teve acesso ao livro, a pressão americana funcionou como um tiro pela culatra, criando mais tarde dificuldades diplomáticas na América Latina e na Europa.
Bush apelou pesssoalmente aos seis líderes dos países na altura indecisos sobre como votar uma resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas que autorizava a invasão americana: Angola, Chile, Guiné-Conacri, Paquistão, México e Camarões foram os visados.
Os diplomatas dos países relutantes foram alvo constante da pressão americana, escreve Muñoz. Uma semana antes da invasão, o Chile tentou juntar os seis países indecisos, mas a iniciativa foi travada pelos americanos, que a consideraram uma acção "
hostil", visando isolar os EUA.
O Chile, ameaçado de retaliação (atraso na ratificação de um acordo de livre comércio com os EUA) acabou por oferecer o voto que faltava. Muñoz garante que as ameaças foram de curta duração, pois quando se tornou evidente que a ocupação estava a correr mal, os EUA inverteram a estratégia. Nessa altura, vários países da América Latina recusaram a sua assistência.
DN