Zimbabué/Eleições: Oposição acusa firma israelita de "cozinhar" processo eleitoral para Mugabe
28 de Março de 2008, 09:00
* * * Por António Pina, enviado da Agência Lusa * * *Harare, 28 Mar (Lusa) - O secretário-geral do principal movimento da oposição no Zimbabué, o MDC, acusou hoje o governo do presidente Robert MUgabe de ter contratado uma
empresa israelita especializada em viciar o processo eleitoral.
Tendai Biti disse à comunicação social que o seu Movimento para a Mudança Democrática (MDC) possui provas de que a Cogniview PL tem estado a trabalhar sob contrato para o governo na elaboração dos cadernos eleitorais, processo de votação e apuramento de resultados nas eleições presidenciais, legislativas e locais de sábado.
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Mugabe e seus capangas têm a intenção de roubar estas eleições através da utilização de software sofisticado fornecido pela empresa israelita que tem ligações à Mossad (os serviços secretos israelitas)", acusou Biti.
Aquele responsável político do movimento do candidato presidencial Morgan Tsvangirai afirmou que "
a ZEC (a comissão eleitoral zimbabueana) não está a gerir estas eleições, estando, ao invés, a ser gerida por Mudede (conservador dos registos civis) e pelos serviços secretos nacionais CIO, com a ajuda dos israelitas".
A guerra de acusações de fraudes eleitorais tem subido de tom nos últimos dias da campanha eleitoral, com o presidente Mugabe a rejeitar todas as acusações da oposição e insistindo que só ele poderá vencer o acto eleitoral uma vez que, em sua opinião, é o único verdadeiro patriota e nacionalista entre os quatro candidatos.
Nas ruas de Harare, o ambiente que se respira é de relativa normalidade, embora a esmagadora maioria dos comentadores não ligados ao governo do Zimbabué continuem a prever uma manipulação em larga escala do processo eleitoral e sérias consequências para o Zimbabué e para a região.
O cidadão comum parece vergado pelo fardo de uma crise económica que lançou para a miséria grande parte da população e por uma brutal e sistemática repressão das forças de segurança que não tem poupado ninguém em anos recentes.
O medo de falar, de expressar opiniões e favoritismos é visível em todo o lado, sendo muito difícil "
arrancar" prognósticos eleitorais ou sobre o futuro imediato do país às pessoas com quem nos cruzamos.
Mugabe a o seu partido - a Zanu-PF - perdem tradicionalmente as eleições nas grandes cidades, como Harare e Bulawayo - mas vence por larga margem nas zonas rurais, onde, aliás, reside a maioria da população.
Nos últimos dias, fruto de um ligeiro afrouxamento da repressão policial face à presença de observadores regionais e jornalistas estrangeiros, o principal candidato da oposição, Morgan Tsvangirai, tem levado a cabo grandes comícios em algumas zonas rurais, o que leva muitos a antever possíveis ganhos, mesmo que modestos, de Tsvangirai nos bastiões tradicionais de Robert Mugabe.
AP.
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