TUNNING

Tuning: Adeptos manifestam-se este sábado pela legalização


Dizendo-se cansados da «caça à multa», os adeptos do tuning vão manifestar-se sábado em Lisboa pela legalização das transformações nos automóveis, mas o Governo garante estar já a elaborar um documento para regulamentar esta actividade.

O novo Código da Estrada, em vigor desde 2005, estipula que a transformação das características técnicas dos carros «é autorizada nos termos fixados em regulamento».

O problema é que este documento nunca chegou a ser publicado, criando um vazio legal que originou uma «perseguição sistemática ao tuning», de acordo com o movimento «Tuning Legal Já», organizador do protesto.

«As autoridades estão a apertar o cerco. Conheço pessoas que já foram multadas cinco vezes num único mês pelas alterações que fizeram nos seus automóveis», disse à agência Lusa Rui Canellas, presidente da União Portuguesa de Tuning, que congrega 150 clubes a nível nacional.

Contactadas pela Lusa, a GNR e a PSP afirmaram não ter dados disponíveis sobre as coimas aplicadas pela transformação indevida de carros, que podem variar entre os 250 e os 1.250 euros.

O certo é que as multas têm feito diminuir a procura dos adeptos às cerca de 200 empresas do sector, provocando «prejuízos na ordem dos 80 a 90 por cento», segundo Alexandre Tomás, porta-voz do movimento.

Os manifestantes exigem que seja publicada rapidamente a regulamentação em falta, alegando que actualmente «ninguém sabe bem o que é legal ou não», devido à inexistência de critérios.

Também segundo o União Portuguesa de Tuning, Portugal é o único país da União Europeia onde as transformações às características técnicas dos automóveis não estão regulamentadas.

O Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres (IMTT) revelou à Lusa que está já a ser elaborado um projecto de regulamento para enquadrar «todo o tipo de transformações em automóveis e seus reboques».

De acordo com este organismo, que resultou da extinção da Direcção-Geral de Viação, «está em curso a criação um grupo de trabalho entre o IMTT e a Associação Nacional das Empresas do Comércio e da Reparação Automóvel (ANECRA)» que vai analisar especificamente as questões relacionadas com o tuning.

Em declarações à Lusa, o professor de Engenharia Mecânica no Instituto Superior Técnico, em Lisboa, Fernando Pina da Silva adverte, contudo, que «não basta pôr licenciados em Direito a fazer leis»: «é preciso criar postos de homologação dos carros, com pessoas altamente qualificadas e com conhecimentos em dinâmica, por exemplo, para atestar a segurança das transformações».

Ressalvando que algumas alterações nas viaturas podem ser perigosas, como o aumento da potência do motor sem reforço das características de travagem, o especialista considera, no entanto, que «o tuning não representa riscos acrescidos, se for feito com competência técnica».

«O Estado é co-responsável pela situação actual por não existir uma legislação adequada, o que acontece porque ainda há muita ignorância. Quanto mais se proíbe, mais as pessoas têm tentação de fazer, enquanto que se houver um processo transparente, com empresas certificadas e postos qualificados de homologação a segurança é muito maior», defendeu.

Actualmente, as alterações às características técnicas dos automóveis têm de ser submetidas à aprovação do IMTT para serem homologadas, permitindo que o carro circule legalmente.

Apesar de existirem em Portugal cerca de quatro mil «tuners», no ano passado apenas foram apresentados no instituto «poucas dezenas» de pedidos, tendo a maioria sido aprovada.

No entanto, Alexandre Tomás, que espera há três anos pela homologação das alterações que fez no seu BMW, afirmou que muitos adeptos desta actividade «não têm capacidade social e financeira» para fazer o pedido, uma vez que é necessário apresentar um projecto de transformação elaborado por um engenheiro, que pode custar entre dois a três mil euros.

Com os carros «quitados» deixados em casa, cerca de dois mil «tuners» deverão manifestar-se sábado em Lisboa, num protesto a pé entre a Praça do Marquês de Pombal e a Assembleia da República, onde hoje uma delegação do movimento «Tuning Legal Já» vai entregar um documento a solicitar uma reunião com a tutela.

Diário Digital / Lusa
11-04-2008 10:25:00

"Tuning ilegal só em Portugal"

12 de Abril de 2008, 19:15

"Basta, tuning legal já" foi o lema que levou centenas de pessoas à manifestação de tuners, decorrida esta tarde em Lisboa. A marcha, que começou no Marquês de Pombal e terminou na Assembleia da República, apelou à legalização do tuning, uma vez que a actividade já se encontra regulamentada em toda a Europa.


"Só em Portugal é que não existe isto", defendeu Florbela Rodrigues, que foi de Barcelos a Lisboa para aderir à manifestação pacífica que pretendeu dar maior visibilidade ao tuning e à falta de regulamentação de que é alvo.
Dona de uma loja dedicada à actividade, salientou que "enquanto não houver legalização, muitos carros também não estão bem preparados", e reforçou que o crescimento da actividade originou já "milhares de postos de trabalho", como o "pintor, chapeiro, mecânico ou estofador". Muitos deles compareceram ao encontro e repetiram em conjunto as palavras de ordem da marcha, entre assobios e a exibição de cartazes.

"Existe uma directriz da União Europeia que é absolutamente inequívoca em relação à personalização e alteração automóvel com regulamentos devidamente tratados que ainda não foram absorvidos em Portugal mas que terão de ser normalizadas, por ordem da União Europeia, até Abril de 2009", afirmou Rui Cañellas, presidente da União Portuguesa de Tuning.

O fundador da entidade, Alexandre Tomás, considera que a situação ainda não está regulamentada por "ineficácia política", o que lamenta pois contribui para que muitos confundam o tuning com o street racing. "Repudiamos e condenamos todas essas práticas ilegais que põem em risco as viaturas e as pessoas", assinalou. Florbela Rodrigues partilha da mesma opinião e esclareceu que "tuning é uma transformação do carro, street racing é uma transformação do motor".

Entre os motivos que levam muitos a apreciar este hobby, Alexandre apontou que "a personalização automóvel acaba por ser uma extensão da nossa maneira de ser". João, que foi à manifestação com os amigos de Setúbal, revelou que o tuning o atrai porque lhe permite "ser diferente dos outros, ser original".



-----------------------------------------------------------------------------------------------------------

Essa cambada toda presa, criam "atentados"