«Acredito na justiça divina», Avelino Ferreira Torres começou a ser julgado, hoje

Portugal Diário


..... Camorra do Nuorte, carago !

O Tribunal de Marco de Canaveses decidiu esta quarta-feira de manhã solicitar à PJ, via Interpol, que diligencie no sentido de obter «a localização da testemunha José Faria» e sobre «o fundamento da sua situação» descrita num fax que o primo advogado do antigo «testa-de-ferro» de Ferreira Torres, residente no Brasil, enviou ao procurador do processo.

«O Tribunal não pode ignorar o teor do fax», declarou a juíza Teresa Silva, remetendo para mais tarde uma decisão sobre a justificação da falta à testemuha-chave do processo.

A magistrada judicial solicitou ainda que o relatório das conclusões da PJ lhe seja remetido «no mais curto espaço possível». De seguida, e a demonstrar-se a verdade dos factos alegados pela testemunha, a juíza determina a comunicação «com nota de urgente» à Comissão de Programas Especiais de Segurança para assegurar todos os mecanismos de protecção da testemunha.

Também o Ministério Público «vai dar conhecimento do pedido de protecção policial (de José Faria) à hierarquia do MP para, se assim entender, desenvolver as diligências necessárias para que a tal protecção seja concedida». Isto, «independentemente, de outra tomada de posição que o Tribunal entenda vir a tomar desde já», anunciou esta manhã o procurador de círculo de Penafiel Remísio Melhorado, no arranque do julgamento de Avelino Ferreira Torres, no Tribunal de Marco de Canaveses.

Defesa afasta Ferreira Torres de «episódios rocambolescos»

No início da audiência a juíza Teresa Silva notificou as partes do requerimento que o primo advogado de José Faria, residente no Brasil, remeteu por fax ao procurador solicitando protecção policial para a testemunha que, segundo alega, «corre risco de vida».

O mesmo documento de cinco páginas alude ao facto de José Faria, testemunha-chave no processo contra Ferreira Torres, ter ido para o Brasil por intervenção deste autarca que lhe terá mesmo pago três mil euros e prometido pagar mais 12.500 contos em troca da falta à audiência de julgamento. Acrescenta que a testemunha foi agredida no Brasil pela pessoa que o aguardava no aeroporto, supostamente a mando do arguido.

Confrontado com o teor do documento, a defesa de Avelino Ferreira Torres, assumida pelo advogado Nuno Brandão, esclareceu que «o arguido repudia por completo o teor do fax nas partes que a ele se referem».

Além disso, acrescentou que «a testemunha embarcou livremente para o Brasil, nada tendo o arguido a ver com os episódios rocambolescos que aí se relatam».

A defesa do actual vereador em Amarante «espera que o processo não fique refém da instabilidade emocional e perturbação anímica que este fax evidencia o que não é, senão mais, do que um novo capítulo do que já vem sendo evidenciado desde o início do processo».

Avelino não quer prestar declarações

Avelino Ferreira Torres que esta manhã se identificou ao tribunal como «gestor de empresas» começou a ser julgado por seis crimes: um de corrupção, outro de peculato de uso, um crime de extorsão e três crimes de abuso de poder.

O arguido informou que não pretende falar para já. «Neste momento não quero prestar declarações», referiu, acrescentando que pode tomar a palavra em qualquer momento do julgamento.

José Faria: testa-de-ferro de Ferreira Torres

José Faria é uma testemunha essencial para provar dois crimes de abuso de poder e outro de extorsão, relativos à compra de vários terrenos, em que funcionou como testa-de-ferro do presidente. Pelo menos desde 1997, Ferreira Torres começou a adquirir terrenos situados em áreas florestais e agrícolas, que por via de alteração do PDM, passariam a integrar as zonas urbana e industrial, aumentando exponencialmente o seu valor. Posteriormente, a empresa do autarca «Horizontes do Tâmega», vendia os terrenos, tendo ganho com eles mais de 250 mil euros.

Portugal Diário

Já Pinto da Costa disse a mesma coisa.

Não me digam que "nasceram" na mesma fornada.?

Esta notícia não está completa. Ferreira Torres afirmou que acredita na justiça divina e também na justiça de Fafe que é mais rápida.
O mesmo é dizer que se não for a justiça divina a salvá-lo, entrará em acção a justiça de Fafe, o que quer dizer que fará justiça pelas próprias mãos.
Não entendo como é que este "herói" com um historial tão longo, ainda anda cá fora.

Vagamente livre escreveu:

Esta notícia não está completa. Ferreira Torres afirmou que acredita na justiça divina e também na justiça de Fafe que é mais rápida.
O mesmo é dizer que se não for a justiça divina a salvá-lo, entrará em acção a justiça de Fafe, o que quer dizer que fará justiça pelas próprias mãos.
Não entendo como é que este "herói" com um historial tão longo, ainda anda cá fora.

A notícia que publiquei, na íntegra foi retirada, do Portugal Diário, conforme fonte citada, no parte inferior do Post, provavelmente o Caro Vagamente Livre, leu esta notícia que abaixo publico, do CM. Os media são assim mesmo. Seleccionam partes dos acontecimentos, de acordo com critérios editoriais e outros.:

Citação :

Torres desafia tribunal e insulta procurador

Avelino Ferreira Torres foi igual a si mesmo no julgamento que ontem começou no Marco de Canaveses e onde é acusado de três crimes de abuso de poder, um de corrupção, outro de extorsão e um último de peculato.


Sem papas na língua, afrontou a juíza e pôs em causa a independência do Ministério Público. 'O senhor procurador é tendencioso', afirmou o ex-autarca quando pediu a palavra e depois de ter dito que não prestava declarações sobre as acusações. Foi de imediato advertido pela juíza, com quem trocou argumentos sobre quem tem autoridade no tribunal. 'Aqui, comigo o senhor não fala assim. Não vai tecer considerações pessoais sobre qualquer interveniente neste tribunal, incluindo o senhor procurador', avisou Teresa Silva. Avelino respondeu: 'Então tape-me a boca.' A juíza voltou a adverti-lo: 'Tapar a boca não é expressão que se use neste tribunal.'

Ferreira Torres reagiu e, de olhar cerrado sobreamagistrada, continuou: 'Não admito lições de moral quando sou mais velho do que a senhora.' O diálogo foi subindo de tom, com Teresa Silva a tentar que o arguido acatasse as advertências do tribunal para se manter em silêncio.

'A idade aqui não conta, senhor Avelino', disse, lembrando que no tribunal tem de se falar com correcção. 'Lá fora é que pode falar como entender', continuou a magistrada.

ADVOGADO DAS DUAS PARTES

O segundo momento do dia foi protagonizado por Assunção Aguiar, ex-chefe de gabinete de Avelino Torres e ex-acusada no mesmo processo. Agora é assistente e a sessão foi interrompida quando os juízes perceberam que a sua advogada também defendia Ferreira Torres.

Esta renunciou à defesa do autarca e ficou apenas com a assistente. Acabou por provocar nova interrupção da audiência quando teve uma crise de choro. Após a advogada lhe falaremJoséFaria,Assunção Aguiar disse que estava assustada e que a família da testemunha a tem ameaçado com telefonemas e abordagens na rua.

JUÍZA QUER TESTEMUNHA PROTEGIDA

JoaquimFaria, irmão da testemunha-chave que diz estar noBrasil e que estará a ser ameaçada por Ferreira Torres, entregou ontem um requerimento ao tribunal a pedir que o familiar fosse alvo de protecção judicial. A juíza avaliou o pedido e ontem mesmo, na abertura da audiência, garantiu que iria oficiar à Comissão de Protecção de Testemunhas para que avaliasse o caso. 'As acusações são de particular gravidade, porquanto a referida testemunha chega a dizer que indubitavelmente a partir desta data passará a correr risco de vida', referiu a magistrada que preside ao colectivo, pedindo tambémà Interpol que avalie sobre a veracidade das queixas e informe com carácter de urgência o tribunal.

'ACREDITO NA JUSTIÇA DE FAFE'

Faz o ‘V’ de vitória com os dedos e gesticula. Critica o atraso dos juízes e chama pelo ministro da Justiça para colocar ordem na casa. Anda para a frente e para trás e ri--se. Brinca e dispara directamente para o público, que entra rapidamente no jogo. Ferreira Torres está na sala de audiências, onde começará a ser julgado menos de uma hora depois, mas todos parecem achar legítima a forma irónica co-mo reage à Justiça portuguesa.

Os comentários visando o procurador, as acusações ao denunciante, as piadas directas a Joaquim Faria – que no exterior do tribunaldáumaconferênciade imprensa denunciando as agressõesaoirmão.Opúblicori-se eAvelinoTorresdizquedevem pensar que ele lhes vai pagar as dívidas.

O circo que começara no interior do tribunal continua. 'Já não há bilhetes', dispara o autarca sem pelouro em Amarante para os jornalistas que chegam atrasados e já não têm lugar na sala de audiências. 'Acredito na Justiça Divina. E na de Fafe, que é mais rápida', tinha dito momentos antes, num desafio claro ao tribunal que se preparava para o julgar.

Ninguém o cala, advogados e funcionários judiciais sorriem. Todos lhe acham graça e a maioria obedece-lhe. O momento alto, afinal, tinha acontecido pouco passava das 09h30. A funcionária tentava fazer a chamada para o julgamento mas a sua voz era suplan-tada pela de Ferreira Torres, que falava aos jornalistas. A funcionária pediu silêncio e o autarca não se conteve. 'Espere, que estamos a trabalhar!' A funcionária obedeceu. A chamada para o julgamento foi adiada para que Ferreira Torres terminasse as entrevistas.

OUTROS PROTAGONISTAS

'JÁ NÃO HÁ PACIÊNCIA': Gil Mendes | Denunciante deste e de outros processos

Gil Mendes é o denunciante deste e de outros inquéritos visando Ferreira Torres. Foi autarca em Ariz, uma freguesia do Marco, e acusou Torres de o ter agredido no gabinete. Esteve ontem no tribunal mas não foi ouvido. 'Já não há paciência', disse ao CM enquanto assistia aos ‘comícios’ do ex-presidente de câmara.

'AGORA NÃO PODE FALAR': Luísa Loureiro | Advogada de Ferreira Torres e de Assunção

Já durante a manhã a posição de Luísa Loureiro era dúbia. 'Agora ela não pode falar', explicava a advogada da assistente (legalmente um auxiliar do Ministério Público) ao arguido. À tarde percebeu-se o equívoco. Afinal, Luísa Loureiro defendia as duas partes, o que não é possível. Pode vir a responder na Ordem.

DE ARGUIDA A ASSISTENTE: Assunção Aguiar | Ex-chefe de gabinete de Ferreira Torres

Assunção Aguiar, ex-chefe de gabinete de Torres, foi acusada de um crime pelo Ministério Público. O juiz não a pronunciou e agora constituiu-se assistente. Ramísio Melhorado, procurador, alertou para as regras do Direito. O assistente é um auxiliar do Ministério Público, não um complemento da defesa do arguido.

NOTAS

NÃO CONHECE PROCESSOS

À juíza Torres diz desconhecer se tem outros processos pendentes.Depois lembra-se: há um no Marco e outro em Amarante.

GNR RI-SE DE INSULTOS

Torres passa por Gil Mendes e grita: 'Javardo!' Volta atrás e repete. O comandanteda GNR acha graça e ri-se.

DINHEIRO PARA O FUTEBOL

Um dos casos em julgamento envolve dois cheques dados por um empreiteiro em troca de um arruamento. Um foi para o futebol, outro para a conta de Torres

MANSÃO DE LUXO NO MARCO

Um dos processos em inquérito está relacionado com a suspeita de falsificação do PDM para que Torres conseguisse um elevado empréstimo para a sua casa

CHEQUES DA CÂMARA

A Acusação diz que Ferreira Torres aceitou endossos directos de cheques da autarquias dirigidos a empreiteiros para as suas contas particulares.

Correio da Manhã