Obras sem alicerces O objectivo é o Estado fazer despesa para que o PIB cresça de acordo com as promessas eleitorais, quando a intervenção pública se devia limitar a criar as condições para que outros o fizessem
Há 20 anos, investir em obras públicas era responder às necessidades elementares de um país que não dispunha de suficientes escolas, de hospitais, de vias de comunicação, nem sequer de saneamento básico generalizado.
Era um impulso essencial ao desenvolvimento.
Contestar essa política, ridicularizando-a como sendo de ‘betão’, contrapondo-a à do ‘coração’, foi sinal de miopia e conservadorismo retrógrado.
Hoje, fomentar grandes obras públicas, pouco menos do que faraónicas, que incluem um plano de construção de estradas que, em muitos casos, constituem alternativas às que já existem, é uma visão ainda mais retrógrada do que a anterior.
Hoje, o
objectivo é o Estado fazer despesa para que o PIB cresça de acordo com as promessas eleitorais, quando a intervenção pública se devia limitar a criar as condições para que outros o fizessem.
É um erro de política económica de consequências incomensuráveis, mas previsíveis.
A curto prazo, os efeitos parecem positivos mas, a médio prazo, é o caminho para o abismo.
É para lá que vamos, em nome de se criar a ilusão de que se alcançaram as estatísticas anunciadas, mas desprezando o que devia ser a preocupação pelo crescimento sustentado do país.
Este ilusionismo paga-se muito caro e em várias gerações.
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