Temos revista. Falo, naturalmente, da
LER. Este n.º 69, com data de Maio, o primeiro da segunda série, ontem lançado numa festa que juntou no BBC muitos dos seus colaboradores, escritores, editores, directores de outras publicações, colunistas, agentes culturais, jornalistas,
bloggers, o
director da revista e o estado-maior da Fundação Círculo de Leitores (uma divisão do grupo alemão Bertelsmann, que se fez representar pelo CEO para a Península Ibérica), tem
mesmo que ler. Assim por alto, sem me comprometer com a exacta-exactidão dos números, há 16 recensões e perto de 50 notas de leitura de títulos recentes em todos os géneros e sub-géneros literários. Carlos Vaz Marques entrevista António Lobo Antunes em 12 páginas. Francisco José Viegas entrevista Paulo Teixeira Pinto, o novo dono da Guimarães, em 4. Pedro Tamen, Diogo Pires Aurélio e Bárbara Bulhosa também têm direito a discurso directo, o primeiro a pretexto do seu refúgio na Arrábida, o segundo por causa de Maquiavel, ela na qualidade de editora da Tinta da China. Pré-publicações dos argentinos Julio Cortázar e Manuel Mujica Lainez, traduzidos respectivamente por Alberto Simões e Pedro Tamen. Notícias do mundo da edição. Miguel Real escreve sobre Eduardo Lourenço. Crónicas de Abel Barros Baptista,
myself,
Filipe Nunes Vicente, Francisco Belard, Inês Pedrosa, Jorge Reis-Sá, José Eduardo Agualusa,
José Mário Silva, Onésimo Teotónio Almeida e
Pedro Mexia. Blogue recomendado, o de
Daniel Piza.
Last but not least, um inventário dos 50 autores mais influentes do século XX, da responsabilidade de José Mário Silva. Sem perder de vista o conceito de
influente, diria que subscrevo talvez 40 das 50 escolhas de JMS. Tenho sérias dúvidas quanto a Carl Sagan, Sylvia Plath (em que pese a minha admiração por ambos), Georges Perec, Juan Rulfo e Barbara Cartland. No lugar deles poria Samuel Beckett, que podemos ver na imagem ao alto, Simone de Beauvoir, Ezra Pound, Philip Larkin e Norman Mailer. E também trocaria Rilke, Salinger e Debord... por Auden, Bellow e Said. Quanto a Pessoa, enquanto quota portuguesa, OK. Mas escolhas são escolhas, e esta até vem assinada. Outra, não assinada, dá conta de 10 obras-primas da literatura brasileira (a única mulher é Clarice Lispector) que honram a língua,
malgré a ortografia brazuca. Assim a correr, creio ter registado o essencial. O
design é de Rui Leitão, grande parte das fotografias de Pedro Loureiro, e as ilustrações de
Pedro Vieira. Moral da história:
Francisco José Viegas e a sua equipa (o editor executivo é João Pombeiro) estão de parabéns. Numa banca perto de si.