Líder talebã acusado da morte de Bhutto anuncia trégua
Baitullah Mehsud
Mehsud é considerado um dos maiores líderes do Talebã no país
Um dos maiores comandantes do Talebã paquistanês ordenou que seus homens cessem os ataques no Paquistão após o início de negociações de paz com o novo governo do país.
Baitullah Mehsud é acusado pelo governo do Paquistão de ser responsável pelo ataque que matou a ex-premiê Benazir Bhutto, no final do ano passado, além de ter ligações com a rede Al Qaeda.
Acredita-se que ele controle cerca de 20 mil homens em uma área na região do Wazaristão do Sul, próxima à fronteira com o Afeganistão.
A liderança do Talebã paquistanês elogiou a libertação, na noite de segunda-feira, de um alto comandante de outro grupo militante.
Pouco depois, um folheto assinado por Baitullah começou a circular na turbulenta área tribal nas proximidades com a fronteira afegã.
"Baitullah Mehsud informa a todos os integrantes do Talebã que atividades provocativas estão proibidas em nome da paz", diz o folheto, que afirma que qualquer um que desrespeite a lei será punido.
"Nenhum argumento será aceito. É uma ordem expressa", diz.
Desconfianca
De acordo com correspondentes, o acordo entre governo e líderes tribais incluiria o fim da militância, a troca de prisioneiros e a retirada das Forças Armadas da area, além da expulsão de militantes estrangeiros.
Tradicionalmente, a região tribal paquistanesa funciona em um regime semi-autônomo. O Exército do país entrou pela primeira vez na área após o Paquistão se tornar um importante aliado do governo americano na chamada "guerra contra o terror", na seqüência dos atentados de 11 de setembro de 2001.
A estratégia violenta do governo do presidente Pervez Musharraf, que provocou centenas de vítimas civis e militares, vinha sendo bastante criticada dentro do Paquistão. O novo governo, eleito este ano, prometeu usar o diálogo com os militantes.
A correspondente da BBC em Islamabad, Barabara Plett, afirma que "integrantes do governo americano apóiam cautelosamente os esforços do novo governo, mas admitem que estão preocupados e que existe um problema com este tipo de acordos".
"Negociações parecidas transformaram algumas áreas tribais em refúgios para militantes do Talebã e da Al Qaeda que atacam tropas da Otan no Afeganistão", diz ela.