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 AS NOSSAS FONTES NA ADMINISTRAÇÃO DO BCP

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MensagemAssunto: AS NOSSAS FONTES NA ADMINISTRAÇÃO DO BCP   AS NOSSAS FONTES NA ADMINISTRAÇÃO DO BCP EmptySáb Out 27, 2007 4:16 am

AS NOSSAS FONTES NA ADMINISTRAÇÃO DO BCP



Conta-se que há muito, muito tempo, num país distante, reinava um monarca reputado pelo seu talento em tornar prósperas as terras e as gentes. Governava com o auxílio de um conselho de sábios, homens eruditos e sensatos, gente piedosa e temente ao seu Deus.

Diz ainda a lenda que, chegado a uma idade avançada, o rei decidiu dar ao povo um exemplo suplementar de boa governação. Tinha chegado o tempo de, por sua exclusiva vontade, passar o poder à nova geração. Escolheu, de entre os sábios, um dos mais jovens e promissores. E retirou-se para uma ala recuada do palácio, acompanhando, à distância, os dias do reino.

O povo aplaudiu. Estava ali o sinal supremo da sabedoria do velho monarca. E por todo o país avançaram ideias novas, estimulando o progresso e fortalecendo-se o entusiasmo das gentes.

No entanto, e para surpresa de muitos, as coisas começaram a não correr bem no palácio. O herdeiro percebeu que o velho monarca desconfiava das "ideias novas". E que havia, no conselho dos sábios, quem recordasse, com nostalgia, os tempos antigos.

As divergências na governação chegaram ao povo. A confusão instalou- -se no reino e a prosperidade dava mostras preocupantes de abrandamento.

O rei saiu do retiro, convocou o conselho, onde sabia ter ainda um apoio maioritário, afastou o herdeiro e recuperou o poder. Perplexo, o povo interrogava-se sobre o futuro.

Começou, entretanto, a circular entre as gentes um rumor insistente: havia, no conselho de sábios, quem defendesse a retirada definitiva do monarca e uma renovação profunda em toda a governação.

O rumor chegou ao palácio. Furioso, o rei reuniu o conselho e exigiu uma declaração expressa de apoio, uma assinatura em sangue num documento que pudesse ser mostrado ao povo. Intimidados, todos assinaram, mesmo aqueles que sentiam, no seu íntimo, que se estava, apenas, a adiar o inevitável.

Como seria de esperar, nem por isso acabaram os rumores. Nem os problemas do velho monarca. E o país ficou ainda mais vulnerável face às ambições dos reinos vizinhos.

Como é da praxe dizer-se nestas circunstâncias, toda e qualquer semelhança entre a lenda que aqui fica e a realidade que se segue pode não ser mera coincidência.

A realidade tem a ver com uma mensagem electrónica do leitor João Carrilho, recebida no dia 18 deste mês, onde se afirma: "Li esta semana no vosso jornal (...) uma notícia sobre o BCP relatando que alguns administradores do banco teriam comentado a um vosso jornalista que 'Jardim Gonçalves se devia afastar'; no dia seguinte, li a carta que a administração do BCP vos escreveu, assinada por todos os administradores, em que repudiavam a notícia e afirmavam não ter emitido tal opinião nem dado qualquer entrevista ao vosso jornal." De seguida, refere João Carrilho que o DN "comentava a carta do banco, referindo que 'percebia os incómodos causados', mas que, por ser verdade, não alterava uma linha".

Como é óbvio, o leitor conclui que "alguém está a mentir". Mas vai mais longe, sem esperar pelos desenvolvimentos da queixa que apresentou ao provedor. Diz que "perdeu a confiança no jornal", escreve algumas palavras severas sobre o comportamento no DN no episódio, optando, portanto, pela versão oficial do banco.

O director do jornal, João Marcelino, a pedido do provedor, comenta a carta do leitor com poucas, mas esclarecedoras, palavras: "Nem a jornalista nem o jornal revelam fontes. Penso que a maioria dos nossos leitores percebeu muito bem o nosso comentário e aquilo que se passou."

O que está em causa remete para um dos princípios fundamentais do exercício do jornalismo, o segredo profissional. O dever de não revelar, mesmo em juízo, fontes confidenciais é um dos artigos fulcrais do Código Deontológico e contempla raríssimas excepções, que de forma alguma estão presentes no caso aqui em análise.

Vale a pena, a propósito, recordar que este foi, por sinal, um dos pontos invocados pelo Presidente da República para vetar, no Verão, o Estatuto do Jornalista aprovado no Parlamento, onde se preconizava um alargamento preocupante das circunstâncias em que os jornalistas seriam obrigados a revelar, em juízo, as fontes.

Afinal, em que ficamos, perguntará o leitor. Ora, não cabe ao provedor fazer investigação policial, mas apenas opinar de acordo com os dados concretos que lhe são fornecidos. Em situações deste tipo, o leitor só pode julgar em função da confiança que tem, ou não, no seu jornal, confrontando as partes em litígio.

O provedor, aqui, pouco mais pode fazer do que deixar elementos de reflexão, que resultam da sua experiência profissional e do conhecimento da natureza humana que foi adquirindo ao longo dos anos. Para bons entendedores...


Mário Bettencourt Resendes (provedor)
DN (27-10-2007)
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