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 “Ser de esquerda significa apoiar o Estado e, .... "

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Vitor mango

Vitor mango


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MensagemAssunto: “Ser de esquerda significa apoiar o Estado e, .... "   “Ser de esquerda significa apoiar o Estado e, .... " EmptySeg Nov 05, 2007 6:15 am

Entrevista:

“Ser de esquerda significa apoiar o Estado e, temo, ser anti-americano”


“Ser de esquerda significa apoiar o Estado e, .... " Vazio

05.11.2007, por Teresa de Sousa


O que resta da esquerda ou como a esquerda está sempre pronta a desculpar mais depressa Saddam e Osama do que George W. Bush.

Entrevista com Nick Cohen, que acaba de lançar “O que Resta da Esquerda?” em Portugal.

Em 2003, Nick Cohen, jornalista, colunista do “Observer” e colaborador da
“New Statesman”, escreveu um livro que foi considerado a mais devastadora crítica ao New Labour de Tony Blair. De esquerda,
entenda-se.

Chamava-se "Pretty Straight Guys" e considerava os seus governos os mais absolutistas desde os Stuarts. Levantou uma gigantesca polémica.

A mesma que agora provocou o seu último livro "What's Left?",
publicado em Fevereiro e agora editado em Portugal pela Aletheia com o
título "O que Resta da Esquerda?"

É uma diatribe violenta contra a esquerda liberal britânica que... se opôs a Blair.

Incoerente?

Não tanto, se soubermos que, em 2003, ele já considerava que a guerra
contra Saddam fora das poucas coisas que Blair fizera bem, mesmo que
nem sempre pelas melhores razões. O que ele tenta provar em 2007 é como a esquerda liberal britânica (e, de caminho, a das democracias ricas do Ocidente) perdeu qualquer sentido moral virando as costas às vítimas da opressão e do terror a não ser que essa opressão e esse terror possam ser assacados aos americanos. É implacável a desmistificar os Michael Moore e os Noam Chomsky da esquerda, mas deixa-nos perplexos quando argumenta que as suas ideias afectam hoje o mainstream liberal e não apenas as suas margens. Acusa a esquerda, de um modo geral, de estar sempre disponível para desculpar mais depressa Bin Laden, Saddam ou qualquer movimento obscurantista do que George W. Bush.


Ele próprio começou por criticar a guerra, para mudar de posição quando se interrogou sobre as gigantescas manifestações de Fevereiro de 2003
contra a guerra. “O Iraque é o único país árabe com um forte movimento
de oposição democrática. E, no entanto, eu pergunto-me quantos dos
manifestantes sabem sequer da existência dos dissidentes.”

O seu livro, como admite na entrevista ao P2, nasce desta interrogação. Extractos.


Em 2001 era contra a guerra do Afeganistão, contra Blair, contra Bush,
como muita gente na esquerda. O que é que o fez mudar desta forma, ao
ponto de escrever este livro que deixa a esquerda de rastos, quando as
coisas estão mesmo a correr mal no Iraque?


Uma coisa peculiar. Durante a ditadura de Saddam, que se assemelhava em tudo ao fascismo, havia uma oposição que era perfeitamente conhecida pela velha esquerda europeia – os socialistas, os comunistas, os sindicalistas. O que me fez mudar foi a constatação de que a esquerda no Reino Unido, na Europa e na América não conseguia opor-se a Bush e, ao mesmo tempo, continuar a apoiar essas pessoas que, no Iraque, partilhavam os seus valores. A partir do momento em que se pergunta porquê, então temos de perguntar a seguir que valores são esses. Parece uma coisa insignificante, mas não é.

Os valores da esquerda?

Deus sabe os terríveis crimes que a esquerda cometeu no século XX, mas era boa na luta contra o fascismo. Bom, nem sempre, mas quase sempre. E o seu lado mais nobre era o internacionalismo, a solidariedade, a camaradagem.
E eu perguntei-me: porque é que tudo isto desapareceu?

Nunca consegui ver ninguém de esquerda dizer: esperem aí, porque é que
não apoiamos as pessoas que, no Iraque, querem exactamente o mesmo que nós e que sofreram mais do que algum de nós pode sequer imaginar?

Depois,
percebi uma coisa terrível: que as pessoas que são vítimas de
movimentos extremistas e de regimes ditatoriais cujos actos não podem
ser atribuídos à responsabilidade dos americanos passam a ter muito
pouco apoio. Por exemplo, as feministas iranianas, os palestinianos
secularistas, os sindicalistas chineses. É só quando o sofrimento das
pessoas pode ser atribuído à América, ou ao Ocidente em geral, só
nessas condições é que merece solidariedade.
O Iraque é um exemplo
clássico disto que lhe estou a dizer. Nos anos 80, quando Saddam era
aliado dos EUA, as pessoas em Londres reuniam-se, choravam, sofriam com
o sofrimento dos iraquianos. No momento em que Saddam invadiu o Koweit
e se tornou inimigo da América, foram-se todos embora.

O seu
livro foi publicado em Fevereiro, precisamente no momento em que as
pessoas, da esquerda ou da direita, que apoiaram a guerra estão a
pensar se valeu a pena derrubar um ditador


Mas este não é um
livro a favor da guerra no Iraque. E também não é sobre o Iraque. Cada
vez que menciono a oposição à guerra digo que havia muito boas razões
para o fazer e que quase tudo o que se disse na altura acabou por
revelar-se verdadeiro Já lhe disse que a minha questão é outra.
Olhe,
no Reino Unido, há uma maneira muito estranha de se descrever o que se
passa hoje no Iraque. Diz-se que não sei quantas pessoas foram mortas
num atentado, que uma bomba despedaçou um sindicalista, mas não se diz
quem fez isso, quem pôs a bomba. Não se diz qual é a ideologia
extremista que está por trás disso.

Tenta comparar o que aconteceu na Europa nos anos trinta com o que está a acontecer agora...

O
que me interessou não foi o facto de parte da esquerda ter seguido
Estaline. Foi ver como é que as pessoas de esquerda que eram contra o
fascismo acabaram por estar ao lado de Hitler. Quando se passa a vida,
tendo ou não razão, a denunciar a nossa própria sociedade e os seus
abusos, fica-se quase sem defesa para compreender como o totalitarismo
é mil vezes pior. Dizia-se: "O Hitler é um nazi mas o Churchill é um
fascista." Hoje vimos este tipo de raciocínio todos os dias. "OK, os
taliban e a Al Qaeda são horríveis, mas os Abu Ghraib, os Guantánamo
são a mesma coisa."

Pensa que o maior problema dessa esquerda que critica é não gostar da democracia liberal?

É
parte do problema. Mas creio que é mais profundo do que isso. O
socialismo acabou e era o socialismo que definia a esquerda desde o
final do século XIX até ao final dos anos 80. E o que acontece a
seguir? De alguma maneira, isso liberta as pessoas para seguir qualquer
tipo de ideias e também torna muito mais fácil ser de esquerda. Porque,
verdadeiramente, não é preciso acreditar em nada de positivo. Antes,
era preciso acreditar num programa positivo. Sou de esquerda porque
acredito que os bancos devem ser nacionalizados em Portugal, por
exemplo. Agora já não é preciso acreditar em nada disto. O que eu digo
é que a esquerda liberal, do mainstream, traiu todos os seus princípios.

É
esse salto que não compreendo no seu livro. A sua crítica concentra-se
em fenómenos marginais. Mas o Fahrenheit 9/11 de Michael Moore não
convence ninguém que seja normal. Noam Chomsky não tem assim tantos
adeptos. Isso não é significativo do pensamento da esquerda liberal.


O
que tento fazer é mostrar como algumas ideias que começaram na
extrema-esquerda, que nasceram dos restos do socialismo, nos movimentos
trotskistas, anarquistas, anti-globalização, nas franjas como você diz,
se transformaram em ideias comuns do maisnstream liberal.

Foi
um crítico duro de Blair e do New Labour. Mas quando se chega ao fim do
seu livro somos obrigados a perguntar porquê. Ele foi
internacionalista, quis derrubar um ditador terrível, defendeu os
valores das nossas sociedades com tenacidade. Nada disso tem a ver com
a esquerda?


Agora, estou menos crítico, é verdade. Mas tem
razão, era crítico. Perguntava-me quando é que as pessoas iam erguer-se
contra aquilo que ele estava a fazer no Reino Unido. E, afinal, as
pessoas só se ergueram contra ele quando ele quis derrubar um regime
totalitário. A partir daí, você tem de começar a fazer algumas
perguntas.

O problema com Blair era o que acontece normalmente
com líderes muito fortes. As pessoas que os rodeiam acham que não se
pode discordar de uma parte sem discordar de tudo e isso torna-as
dogmáticas.

Não acha, pois, que o New Labour seja uma forma moderna de esquerda?

(Pausa
longa) Se eu fosse um conservador, chamar-lhe-ia assim. Mas eu não sou.
É uma forma de gerir a globalização e tentar encontrar algum dinheiro
dos impostos para gerir o Estado de bem-estar. O que perdeu, o que o
Labour deixou cair, foi o sentido de missão, de fé.

É pragmático. Isso é mau?

Não
estou a dizer que seja errado. Estou a dizer que não é reconhecível no
que era a esquerda, que é diferente da esquerda do século XX, que tinha
esse zelo, essa fé quase religiosa no progresso. Isso desapareceu
porque foi descredibilizado pelo comunismo e também pelo sucesso do
capitalismo global em tirar muita gente da pobreza. E isso deixa nas
pessoas, que na Europa votam sem estados de alma nos partidos
pragmáticos sociais-democratas, um vazio espiritual que pode ser
facilmente ocupado por ideias negras e perigosas, essas que vêm dos
extremos.

A integração dos imigrantes, as sociedades
multiculturais... A esquerda também, do seu ponto de vista, não está a
saber responder a isto?


Num certo sentido, o meu livro é
sobre isso. As mulheres muçulmanas que vivem na Europa, por exemplo,
deviam poder contar com o apoio da esquerda para se poderem emancipar.
Mas, por causa do dogmatismo sobre o multiculturalismo, não podem. É a
esquerda que hoje lhes diz: isso é a vossa cultura. E qualquer pessoa
que se lembre de criticar essa cultura em termos mais duros é logo
acusada de ser islamofóbica e racista.

Mas não lhe parece que
a sua crítica é demasiado generalizada? Há intelectuais liberais no seu
país que sabem perfeitamente fazer as distinções essenciais. Garton
Ash, por exemplo...


Sim? Não sabia que Timothy Garton Ash
criticou duramente Ayaan Hirsi Ali [a deputado holandesa de origem
somali], quando ela escreveu um livro a defender os valores do
iluminismo e o feminismo? Não sabia? Os principais ataques a Hirsi Ali
não vieram dos conservadores, vieram dos liberais como ele. Quando são
confrontados com uma mulher que precisa de guarda-costas para sair de
casa porque defende os direitos das mulheres e o direito a escolher a
sua fé, a mudar de fé, a não ter qualquer fé, sentem-se
desconfortáveis. Penso que se colocaram numa atitude que anda próxima
do racismo ao considerarem que os direitos dela são diferentes dos de
qualquer mulher branca emancipada que viva em Lisboa ou em Londres só
porque tem pele escura e é da Somália ou do Irão, oriunda de uma
cultura diferente.

O que sobra para a esquerda então, para além da protecção do ambiente como você refere?

No
livro, recuo 100 anos para os socialistas e intelectuais do início do
século XX, que hoje diriam que ganharam quase tudo. Essa é uma parte do
problema. Actualmente, ser de esquerda significa apoiar o Estado de
bem-estar e as instituições públicas. E, temo, ser anti-americano. Não
sei como é que as coisas vão avançar a partir daqui. Mas quero
acreditar que o lado melhor da esquerda, o seu lado emancipador, volte
a existir.
Para além disso, essa ideia do New Labour de saber como é que preservamos essa democracia social que faz a civilização europeia num mundo globalizado é interessante.

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MensagemAssunto: Re: “Ser de esquerda significa apoiar o Estado e, .... "   “Ser de esquerda significa apoiar o Estado e, .... " EmptySeg Nov 05, 2007 9:03 am

FINALMENTE ALGUEM DIZ A VERDADE!!!!
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