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 O triunfo da vontade ....

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Vitor mango

Vitor mango


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MensagemAssunto: O triunfo da vontade ....   O triunfo da vontade .... EmptySex Jan 04, 2008 6:19 am

O triunfo da vontade
A nova (e restritiva) lei do tabaco, entrou em vigor no primeiro dia de 2008 e 50% dos fumadores dizem que pretendem apagar de vez o cigarro. Não perca toda a informação e as opções de tratamento disponíveis neste dossiê especial


Patrícia Fonseca/ Ilustrações Helder Oliveira/WHO - 23 Dez 2007



Deixar de fumar: eis uma das mais vulgares resoluções de ano novo – e também uma das menos cumpridas. «Em 2008 é que é?» Com a entrada em vigor, a 1 de Janeiro, da nova lei do tabaco, perspectivam-se tempos difíceis para os 2 milhões de portugueses dependentes dos cigarros, segundo dados do Eurobarómetro, um inquérito promovido anualmente pela Comissão Europeia.

Perante a complexidade das exigências legais para a criação de espaços para fumadores, a maioria dos hotéis, bares e restaurantes vão ser «100% livres de fumo». Serão, também, raras as empresas a oferecer outra solução aos seus funcionários que não a de irem fumar para a rua. De acordo com um estudo da consultora espanhola Inology, um fumador gasta, em média, 25 minutos por dia em saídas do posto de trabalho. Talvez por isso, nos classificados dos jornais comecem já a surgir anúncios de emprego dando preferência a… não fumadores.

Pode discutir-se a justiça, a ameaça à liberdade individual ou até a legalidade de tais medidas, mas o certo é que, dentro de dias, vai acontecer uma verdadeira revolução de costumes em Portugal. Despido do glamour de outros tempos, o acto de acender um cigarro passou, em definitivo, a ser socialmente incorrecto.

Crescem as listas de espera

António Santos, 51 anos, fuma 60 cigarros SG Filtro por dia e, face às limitações que se avizinham e ao aumento anunciado de 30 cêntimos por cada maço de tabaco, começou a fazer contas à vida. Também vai ser proibido fumar no gabinete que ocupa, no quartel onde presta serviço, como sapador bombeiro. Se mantivesse o ritmo de consumo, teria de fazer uma pausa no trabalho para ir à rua a cada oito minutos…

Um erro técnico num exame médico, mostrando manchas num pulmão que afinal não existiam, pregou-lhe o susto que faltava para decidir largar os cigarros. «Foi um sinal», diz, motivado, à saída da sua primeira consulta de desabituação tabágica, no Hospital Santa Maria, em Lisboa, no passado dia 20 de Dezembro.

Esteve dois meses à espera de ser chamado mas quem hoje lhe siga os passos terá de aguardar três meses e meio. A procura destes serviços, disponíveis em 187 centros de saúde e hospitais de todo o País, disparou, nos últimos seis meses. A Direcção-Geral de Saúde não consegue quantificar o crescimento mas o certo é que as listas de espera crescem, de dia para dia, chegando, nalguns locais, a ser de mais de um ano.

A solução, diz Segorbe Luís, presidente da Sociedade Portuguesa de Pneumologia e director do serviço de Pneumologia dos Hospitais Universitários de Coimbra, pode passar pelos médicos de família. «Só este ano oferecemos formação a 600 clínicos gerais e sabemos que a maioria dos fumadores moderados necessita, apenas, de cuidados primários. O ideal seria que as consultas especializadas se ocupassem, sobretudo, dos grandes fumadores e daqueles que já apresentam patologias associadas.»

No Hospital Santa Maria, a pneumologista Fátima Caeiro despede-se de António Santos com um sorriso, depois de uma hora de conversa, combinando novo encontro para 3 de Janeiro. Até lá, pede-lhe que diminua o consumo e realize exames médicos. «Gostei muito desta consulta, foi uma experiência positiva», diz o bombeiro, já no exterior do hospital, hesitando em levar a mão ao bolso, onde o maço de cigarros permanece «esquecido» há mais de duas horas. «A médica não me impôs nenhuma medida radical… quer que me mentalize para, em Janeiro, começar o tratamento», conta. Nessa «mentalização», deverá ser fundamental a recordação dos valores alarmantes revelados num teste de monóxido de carbono, indicando a presença de 11 partes por milhão nos seus pulmões. «Acendeu a luz vermelha, o que assusta um bocadinho», explica a médica. «Os doentes dão sempre importância a este exame e é muito compensador ver a alegria que têm quando, passado algum tempo, os valores vão descendo, até se acender a luz verde: limpos!»

O que também significa «livres». É assim que se sente António Belo, 56 anos, secretário da Associação 25 de Abril, que, há quatro anos, conseguiu desistir dos dois maços diários de SG Lights. «Não me custou nada», declara, orgulhoso. A ajudá-lo teve, além do seguimento da pneumologista, os adesivos transdérmicos de nicotina («às vezes esquecia-me de os pôr») e um ansiolítico leve («que ajudou bastante»). Essa é, aliás, a «fórmula» mais usada nesta consulta, com uma taxa se sucesso de 42,2%, um número que enche de orgulho o hospital, pois a maioria dos que aqui procuram apoio são fumadores problemáticos – 60% já tinham tentado abandonar o vício mais de três vezes.

António Belo aponta um único problema no seu percurso: ganhou 12 quilos. O aumento de peso é uma das principais preocupações apontadas pelos fumadores, nos gabinetes médicos, sobretudo pelas mulheres. Por isso, estas consultas passaram a oferecer também os serviços de psicólogos e nutricionistas e, quando necessário, é prescrita medicação que permite controlar esse «efeito secundário». Quem decidir deixar de fumar sem apoio médico deve ter em atenção que o regresso do gosto e do olfacto, antes «adormecidos» pelo tabaco, fazem com que todos os alimentos se tornem mais apetecíveis. Além disso, é também frequente comer como forma de «ocupar a boca» e combater a ansiedade. Fazer exercício físico diário é o conselho de todos os especialistas contactados pela VISÃO, já que, além de ajudar a manter o peso, estimula a produção de endorfinas a nível cerebral, um «antidepressivo» natural, e reforça a motivação para uma vida saudável.

Nicotina pior que heroína

O ponteiro da balança de Teresa Ricou, 60 anos, também subiu mais do que ela desejava, no último ano e meio. Mas a mulher-palhaço e mentora do Chapitô não se arrepende nem um segundo de ter largado os cigarros. «Fumava três maços por dia, chegava a sair de casa à noite, de pijama, gabardina e chapéu, para ir comprar cigarros.» Quando decidiu libertar-se da dependência não procurou ajuda médica – só 14% dos que tentaram abandonar o vício o fizeram, segundo dados do Eurobarómetro. Os especialistas dizem que isso é um erro: a taxa de sucesso é muito baixa sem acompanhamento. Outro motivo de fracasso é a desvalorização do poder de dependência da nicotina. O psiquiatra Joaquim Margalho Carrilho, presidente da Associação Portuguesa de Medicina da Adição, explica que «a sua capacidade aditiva é superior à da heroína e da cocaína» e, por isso, «as taxas de recuperação são tão baixas». Este é «um inimigo difícil de vencer» e, sempre que possível, «deve procurar-se um tratamento médico formal», considera.

Teresa Ricou muniu-se da arma que melhor dominava para ganhar esta guerra: a sua forte determinação. «Também usei uns pensos de nicotina mas acho que está tudo na nossa cabeça», diz, convictamente. No seu processo de decisão, foram cruciais dois factores: os problemas respiratórios que a levaram, de urgência, ao hospital, quando trabalhava, já de madrugada, no Chapitô; e a «descoberta» de todos os componentes químicos dos cigarros e seus malefícios. «Não estava suficientemente informada», confessa.

Com a nova lei, sente que será mais fácil conviver com o cheiro dos cigarros, que agora também a incomoda… «Não gosto da palavra proibir, que considero muito feia, mas acho que estas medidas serão benéficas para a saúde de todos.»

‘Agora é que não deixo de fumar!’

As novas proibições previstas na lei poderão funcionar como incentivo para abandonar o vício – essa foi a tendência verificada nos outros países europeus, onde diplomas semelhantes entraram em vigor. Metade dos portugueses também já declararam pretender fazê-lo, no último Eurobarómetro.

Mas outros recusam essa opção, precisamente agora, quando os querem «obrigar». É o caso da escritora Inês Pedrosa, que lamenta ver «os fumadores (como os gordos)», a serem «tratados como párias». A escritora fuma «um a dois maços por dia» e diz conhecer bem os efeitos desse consumo, na sua saúde. «Sabemos que faz mal – mas por que razão nos é sonegada a liberdade de escolher o nosso próprio mal?», diz, explicando que pondera formar um movimento de cidadãos «para cuidar dos direitos das pessoas».

Se o fizer, é certo que terá o apoio do eurodeputado Miguel Portas, que já tentou duas vezes abandonar o vício e conseguiu estar um ano sem pegar num cigarro. «Prometi aos meus filhos que vou tentar outra vez – mas, nesta altura, não será de certeza!» O político do Bloco de Esquerda insurge-se contra esta «ofensiva sanitarista» e lamenta que se esteja a proceder à «guetização» de quem tem vícios.

Em Bruxelas, onde trabalha, as regras também apertam (ainda mais) no início de Janeiro. «Resta um espaço para fumadores e foi construído de modo a ser o mais intolerável dos sítios – é um gueto para os 'peçonhentos'», lamenta. O tabaco nos gabinetes, até agora tolerado, deverá também ser proibido. «Fumo muito quando escrevo, é a tal história do 'cigarro pensativo' de que falava Eça de Queirós.» Por isso, adianta, «a desobediência será inevitável».

Medicamentos não comparticipados

Nas primeiras semanas de aplicação da lei, será normal que surjam outros «fumadores contestatários», acendendo cigarros em locais proibidos. O director-geral de Saúde, Francisco George, admite que, numa fase inicial, haverá alguma tolerância, para que todos se adaptem às novas regras. Mas, depois, as entidades fiscalizadoras serão implacáveis – e, segundo declarou esta semana, faz mesmo depender da aplicação da lei a sua permanência no cargo.

No sector médico, há quem considere errada a estratégia do Governo, que investiu pouco em campanhas de prevenção e não criou uma «onda de motivação» para incentivar a desabituação tabágica dos portugueses. Apesar de terem sido criadas novas consultas, nos centros de saúde e hospitais, os medicamentos não são comparticipados, o que é considerado um contra-senso. É em nome da saúde, dos fumadores e dos que os rodeiam, que se desenhou esta legislação, mas aqueles que optem por uma vida mais saudável terão de assumir esses custos sozinhos. «Está provado que os malefícios são grandes e que a dependência da nicotina é uma doença. Parece-me errado que o Estado não comparticipe estes tratamentos», diz a médica Fátima Caeiro.

Até porque, recorda Segorbe Luís, «o Estado recebe muito dinheiro» de impostos em tabaco – em 2006, entraram nos cofres públicos mais de 1 400 milhões de euros – que «deveriam ser investidos na luta antitabágica».

Contudo, concede que, nalguns casos, pagar a medicação pode funcionar como «factor de responsabilização». Fátima Caeiro prefere lembrar que sete em cada dez fumadores que desistiram da «sua» consulta, no Hospital Santa Maria, declararam não conseguir abandonar o vício por falta de dinheiro para os medicamentos. «Só os adesivos transdérmicos custam cerca de 70 euros por mês», lembra. E alguns fármacos especializados podem custar até mil euros…

O exemplo de Mafra

Ciente destas dificuldades, a Câmara Municipal de Mafra, a primeira a nível nacional a banir o fumo nas instalações municipais, há um ano, decidiu oferecer apoio médico e financeiro aos funcionários que pretendessem deixar de fumar. O executivo do social--democrata Ministro dos Santos sente que «deu o exemplo» e que, se o Governo não o seguiu, outros municípios mostraram interesse no projecto e já estão a replicá-lo.

A iniciativa foi concebida pelo médico Armando Monteiro, vereador da Acção Social e da Saúde, e contou com o apoio da farmacêutica GlaxoSmithKline. «O fim das férias de Verão e o início do ano são os dois períodos em que as pessoas mais tentam deixar de fumar», lembra o médico, explicando que, em Mafra, se aliaram as duas datas: em Setembro, os 25% de fumadores do município foram informados do apoio disponibilizado e, em Janeiro, as novas regras relativas ao tabaco entraram em vigor.

«Lembro-me de ter entrado na Câmara, a 2 de Janeiro, e de ter visto todos os cinzeiros transformados em floreiras», diz Elsa Matos, 46 anos, uma das funcionárias que entrou no programa de desabituação tabágica. Quando a Câmara ofereceu as consultas e quatro das dez semanas de tratamento, agarrou a oportunidade. Fumava um maço de SG Ventil, todos os dias, mas, desde Outubro de 2006 nunca mais pegou num cigarro. Além dela, outras 22 pessoas deixaram de fumar (21,5% do total). «Só usei os adesivos e não me custou nada. Pensei que ia ser muito mais difícil.»

Só um em cada três fumadores, do universo de um milhão de pessoas que dizem querer livrar-se do vício do tabaco, deverá efectivamente fazê-lo, segundo os especialistas do Eurobarómetro. «É difícil querer realmente deixar de fumar e, por vezes, os fumadores pretendem, inconscientemente, que os médicos sejam cúmplices do seu engano», diz Francisco Patrício, 55 anos, clínico geral e presidente da Sociedade Homeopática de Portugal. «Quando alguém me diz que vai tentar, sei que ainda não chegou o momento.»

Francisco Patrício fumou até aos 33 anos e depois parou ao longo de uma década, para voltar novamente a fumar durante três anos. Agora, está outra vez sem fumar há seis anos e compreende muito bem as dificuldades de quem o procura para largar o vício. «Fiz todo o percurso das asneiras humanas, sei como é fácil recair, num momento de alegria ou de tristeza.»

Para a esmagadora maioria, um cigarro basta para deitar tudo a perder, como lembrava, ironicamente, o escritor Mark Twain: «Deixar de fumar é fácil, já o fiz mais de cem vezes.»

Para que a próxima tentativa seja a definitiva, é importante marcar uma data para o início da nova vida, pedir o apoio de familiares e amigos e escolher um método que possa ajudar a manter o controlo nos momentos de crise. Mas, quer se tomem medicamentos ou se prefiram vias alternativas, quer se busque o apoio de psicólogos ou de grupos de auto-ajuda, há apenas um ingrediente que não pode faltar para que a receita para deixar de fumar tenha sucesso: a força de vontade. Infelizmente, ainda ninguém conseguiu condensá-la num comprimido.
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MensagemAssunto: Re: O triunfo da vontade ....   O triunfo da vontade .... EmptySex Jan 04, 2008 11:06 am

parar de fumar, REQUER, MUITA FORCA DE VONTADE. Assim como VENCER NA VIDA!!! E consegui as 2 coisas!!!! FUMEI, de 1972 a 1986!!! 2 macos /dia!!! SOFRI durante 1 mes, e os primeiros 5 dias foram INSOPORTAVEIS. mas consegui!!! Para TUDO ha que ter forca de vontade!! 21 anos depois, o meu IRMAO E OS MEUS AMIGOS, quase todos , CONTINUAM A FUMAR e continuam POBRES!!!!

O MESMO SE PASSA COM O estado-dependencia , QUE MANTEM O homem SUBJUGADO AO estado E PERPETUA A NOCAO DE QUE so o ESTADO nos pode salvar. Que o ESTADO tem a OBRIGACAO de nos dar TUDO!!! O ESTADO e como uma HEROINA dos MARADOS ESQUERDISTAS!!!
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