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 Menino do Lapedo, de quatro anos e meio de idade,

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Vitor mango

Vitor mango


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Menino do Lapedo, de quatro anos e meio de idade, Empty
MensagemAssunto: Menino do Lapedo, de quatro anos e meio de idade,   Menino do Lapedo, de quatro anos e meio de idade, EmptySáb Jan 05, 2008 8:41 am

<table class="MsoNormalTable" style="width: 7.1pt;" align="right" border="0" cellpadding="0" cellspacing="0" width="9"> <tr style="height: 5.4pt;"> <td style="padding: 0cm; height: 5.4pt;" valign="bottom">

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Tinha
os olhos grandes e expressivos, o rosto arredondado e o cabelo liso e
comprido. Era assim o Menino do Lapedo, de quatro anos e meio de idade, cujo
esqueleto foi descoberto no Vale do Lapedo, em Leiria, e desencadeou uma
acesa discussão científica sobre a evolução da espécie humana.
a
reconstituição facial foi feita por um especialista em efeitos especiais de
Hollywood e estará em exposição, a partir de hoje, no Centro de Interpretação
Abrigo do Lagar Velho, em
Santa Eufémia, concelho de Leiria.

Com a abertura deste núcleo museológico, a Câmara de Leiria
pretende lançar os alicerces para um projecto mais ambicioso: “Transformar o
Vale do Lapedo num parque natural e criar um centro de investigação
arqueológica para aprofundar os estudos sobre o Paleolítico Superior em
Portugal”, refere o vereador Vítor Lourenço.

A importante descoberta aconteceu em Novembro de 1998 e, desde
então, tem despertado o interesse dos mais conceituados arqueólogos e
antropólogos mundiais. A sepultura paleolítica é a única encontrada na
Península Ibérica e o esqueleto, com 24 500 anos, era também o único – à data
das escavações – achado na Europa.

Se estas características eram já relevantes para os cientistas,
o facto de se estar perante uma criança mestiça catapultou o assunto para o
centro de um intenso debate sobre a evolução do Homem.

Até à descoberta do Menino do Lapedo, já havia antropólogos a
defender a existência de hibridismo entre o homem de Neandertal (Homo
Neanderthalensis) e o homem Moderno (Homo Sapiens).

Os dois grupos coexistiram milhares de anos no espaço e no
tempo, mas os investigadores nunca chegaram a consenso sobre a ligação entre
ambos. Uma corrente defende que os neandertais desapareceram sem se cruzar
com os humanos modernos e sem deixar descendência. A outra é da opinião que
as duas espécies se cruzaram e procriaram. A descoberta do esqueleto do Menino
do Lapedo veio dar razão a esta última tese, a da miscigenação.

Para o norte-americano Erik Trinkaus, considerado um dos
melhores especialistas da área da biologia e evolução Neandertal, os
vestígios não deixam dúvidas. O menino tinha as pernas curtas, como os
neandertais e as ancas estreitas como os homens modernos. E possuía queixo,
uma característica do homem moderno inexistente nos neandertais. Os ossos
acima dos olhos e das maçãs do rosto também são idênticos aos do homem de
Neandertal. Enquanto o tórax, os braços e grande parte do crânio revelam
semelhanças com os homens modernos.

Apesar destes dados, revelados após anos de estudo e exames aos
restos mortais do Menino do Lapedo, há antropólogos que continuam a não
aceitar a teoria da miscigenação. Mas Erik Trinkaus é pragmático na abordagem
ao tema. “A questão já não é saber se houve mistura, mas em que grau ela
ocorreu”, afirma o antropólogo da Universidade de Washington (EUA).

João Zilhão, que era director do Instituto Português de
Arqueologia em 1998 , tem a mesma opinião. “Já foi provado que espécies
próximas, como chimpanzés e bonobos ou mesmo espécies de babuínos que
pertencem a géneros diferentes podem acasalar e produzir descendentes férteis”,
frisa o arqueólogo, agora docente na Universidade de Bristol, no Reino Unido.

Segundo os dois especialistas, o esqueleto encontrado no Vale
do Lapedo explica com clareza uma parte da História da humanidade. Ao
deixarem a África para colonizar a Europa, os humanos modernos não
exterminaram os antigos habitantes do continente, como anteriormente se
pensava, mas misturaram-se com eles.

E é esta página do passado que se pretende dar a conhecer
melhor, no Centro de Interpretação do Lagar Velho. Além do rosto, criado com
base em técnicas forenses por Brian Pierson – um especialista em efeitos
especiais que trabalhou em filmes como o ‘Titanic’ ou ‘Alien’ – será possível
ver uma réplica do esqueleto, vários artefactos e a reconstituição dos
abrigos pré-históricos.

RECONSTITUIÇÃO FEITA COM BARRO

A reconstituição do rosto do Menino do Lapedo começou com a
reconstrução do crânio através da técnica de prototipagem rápida. Seguiu-se o
preenchimento da parte muscular com barro e a moldagem do rosto, também em barro. A partir deste
molde foi criado o modelo final, em silicone, para ficar mais parecido com a
pele humana.

NÚCLEO MOSTRA VIDA HÁ MAIS DE 20 MIL ANOS

O núcleo museológico do Abrigo do Lagar Velho, que hoje abre ao
público em Santa
Eufémia, Leiria, visa dar a conhecer os resultados dos
trabalhos arqueológicos no Vale do Lapedo e a sua contextualização na
evolução anatómica do Homem.

O Centro de Interpretação é composto por dois módulos
pré-fabricados, está instalado num terreno cedido por um particular (Adriano
Faria Gaio) e dá acesso a um pequeno percurso pedestre que permite a
observação do vale.

Num dos módulos, foi criada uma linha cronológica dos vestígios
e afixado um conjunto de imagens sobre os aspectos naturais do Lapedo.
Através destes elementos, é possível compreender algumas das características
da vida do abrigo e recuar entre 20
a 30 mil anos para ficar a conhecer as diversas fases
da pré-história já detectadas.

No segundo espaço estará uma réplica da sepultura do Menino do
Lapedo, com um esqueleto feito através de impressão tridimensional pela
Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Leiria (ESTG). É aqui que será
exposto também o rosto do menino, criado por Brian Pierson, o artista de
efeitos especiais que trabalhou mais de dez anos em Hollywood e se
especializou em reconstituições com técnicas forenses.

Os painéis informativos centrar-se-ão na explicação do ritual
fúnebre e nas características do esqueleto que impulsionaram a tese da
miscigenação.

ESTUDANTE FEZ A DESCOBERTA

A descoberta do Menino do Lapedo mudou por completo a vida de
Pedro Ferreira. O jovem efectuava uma prospecção para o trabalho final da
licenciatura em História do Património, em Outubro de 1998, e encontrou um
abrigo com pinturas da Pré-história recente. Entusiasmado, informou o
professor da Universidade de Évora, mas este não lhe deu crédito: “Achou que
as pinturas não eram reais”.

Pedro Ferreira recusou cruzar os braços e contactou com
técnicos do Instituto Português de Arqueologia (IPA), um organismo agora
integrado no Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico
(Igespar). Os arqueólogos confirmaram a autenticidade das pinturas (com 2500 a 4500 anos), fizeram
uma incursão ao lado oposto do vale e descobriram mais vestígios de ocupação
Pré-histórica.

Uma máquina retroescavadora tinha estado a movimentar terras,
deixando a descoberto um osso humano, de criança, com indícios de ritual
funerário. Logo que teve o primeiro contacto com o achado, o arqueólogo João
Zilhão percebeu de imediato que estava perante uma das mais importantes
descobertas paleontológicas. Em duas semanas, mobilizou a sua equipa e
accionou uma escavação de emergência. Pedro Ferreira foi convidado a
participar nos trabalhos de registo e levantamento. E nunca mais se desligou
do processo.

Acabou o curso, ingressou na Câmara Municipal de Leiria como
Técnico Superior de Património, e foi o responsável pelo projecto museológico
do Centro de Interpretação do Abrigo do Lagar Velho.

Alcançado o desejo de dar a conhecer ao público a importância
arqueológica do Vale do Lapedo, Pedro Ferreira, agora com 33 anos, acalenta
outro sonho: “Ver o local classificado como monumento nacional”.

VALE REÚNE POTENCIALIDADES PARA MUITOS ANOS DE TRABALHO

O vale onde foi descoberto o esqueleto do Menino do Lapedo “é
um diamante em bruto” para os arqueólogos e antropólogos, afirma o comissário
científico para a criação do Centro de Interpretação Abrigo do Lagar Velho,
Francisco Almeida.

Segundo o arqueólogo do Instituto de Gestão do Património
Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), “há trabalho para mais de 200 anos”,
no Vale do Lapedo e nos vales mais próximos.

A riqueza dos vestígios recolhidos até este momento revela isso
mesmo. Só no abrigo onde foi enterrada a criança, há sinais de ocupação humana
por um período de 10 mil anos.

Através dos achados, os cientistas concluíram que o menino foi
envolto numa mortalha de pele, pintada a ocre. No peito, ostentava um colar
com uma concha e na cabeça tinha uma pequena cinta com dentes de veado. A seu
lado foi colocado um filhote de coelho, como último presente. Os vestígios
revelaram ainda que o abrigo recebeu pelo menos mais quatro ocupações
humanas. “Dois acampamentos temporários e dois acampamentos base”, explica
Francisco Almeida.

Pela quantidade e diversidade dos indícios, foi possível
descobrir também a fauna, a flora e as condições climatéricas que existiam
nessa época.

NOTAS

VISITA GUIADA MARCA ABERTURA

O programa da inauguração do Centro de Interpretação inicia-se
hoje, às 10h30, com uma visita guiada ao Vale do Lapedo. Segue-se a abertura
oficial do núcleo museológico, às 12h00. Da parte da parte, a partir das
15h00, realiza-se uma conferência no Instituto Politécnico de Leiria com
oradores portugueses e norte-americanos.

MUSEU PROCURA CAPTAR TURISMO

O Centro de Interpretação do Vale do Lapedo vai servir como
ponto de atracção turística ao concelho de Leiria. Para isso tem o apoio da
Região de Turismo Leiria-Fátima

CONFERÊNCIA DEBATE ACHADO

Erik Trinkaus, João Zilhão e Brian Pierson, peritos mundiais em
arqueologia e antropologia, participam hoje numa conferência, às 15h00, no
Instituto Politécnico de Leiria

CONCELHO ARQUEOLÓGICO

O concelho de Leiria tem características únicas no País em
termos arqueológicos. Tem identificados perto de 70 sítios com interesse para
a arqueologia

150 MIL euros foi o investimento feito pela Câmara Municipal de
Leiria na criação do Centro de Interpretação, co-financiado pelo Programa
Leader.

TESTEMUNHO PENDURADO

Os arqueólogos acharam uma faixa de sedimentos com 60 cm de espessura, no
abrigo do Lagar Velho. Ali foram recolhidos mais de 32000 vestígios

ESQUELETO BEM GUARDADO

O esqueleto original do Menino de Lapedo está guardado no
Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), em Lisboa

ENTERRAMENTO COM RITUAL

As escavações revelaram que no Paleolítico Superior Inicial uma
criança de quatro anos já era objecto de um complexo ritual funerário
composto por várias fases

ARTEFACTOS FEITOS EM PEDRA

Junto a uma das lareiras encontradas no abrigo foram
recolhidos mais de 600 artefactos líticos. Os vestígios revelaram a
existência de três áreas de talhe da pedra

OSSOS REVELAM TIPO DE FAUNA

Os ossos retirados da Lareira da Fauna indicam que os
antepassados comiam veado, cabra montês, corso, camurça, boi selvagem, lobo,
raposa, lince, coelho e moluscos

1998 foi o ano da descoberta dos primeiros vestígios do Menino
do Lapedo

RECONSTITUIÇÃO

A forma de vida das comunidades Pré-históricas que ocuparam os
abrigos do Vale do Lapedo foi recriada em duas maquetas que estão expostas no
Centro de Interpretação. Há uma zona onde eram tratados os animais caçados e
outra onde eram feitos os artefactos em pedra.

MUSEU

O Centro de Interpretação do Lagar Velho, em Santa Eufémia, vai
ter entrada gratuita pelo menos até ao final deste mês. O horário de abertura
ainda não está completamente definido, mas tudo indica que funcionará dentro
do normal dos museus, inclusive ao fim-de-semana. À segunda-feira deverá
encerrar.





Francisco Pedro
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