Hamas abre novas brechas na fronteira
Os militantes do Hamas abriram ontem novas brechas no muro fronteiriço que atravessa a cidade de Rafah, entre a Faixa de Gaza e o Egipto, apesar dos esforços da polícia egípcia para encerrar a passagem.
Há notícia de pelo menos seis guardas fronteiriços egípcios e de um palestiniano feridos. Ao longo do dia as autoridades avisaram com altifalantes que a fronteira iria fechar, usaram canhões de água, mas não obtiveram grande sucesso.
"As brechas não devem ser fechadas porque permitem uma assistência de emergência aos palestinianos", afirmou Sami Abu Zuhri, um porta--voz do movimento islâmico radical, citado pelo Haaretz on-line.
Milhares de palestinianos invadiram o Egipto desde quarta-feira, quando militantes do Hamas explodiram parte do muro de 12 quilómetros que os separa do mundo,
com o objectivo de irem reabastecer.
Alimentos, colchões, edredões, bilhas de gás, cabras, vacas e camelos foram algumas das coisas que compraram do outro lado, pois devido ao bloqueio israelita, imposto dia 17, os preços subiram na Faixa de Gaza.
Algumas pessoas aproveitaram também para ir visitar a família ou para serem visitados por ela. "Tenho medo [de ficar presa em Gaza], mas vou tentar visitar a minha sogra para que ela conheça as crianças", disse a egípcia Amira Ali, de 39 anos, citada pelo mesmo jornal israelita.
A abertura da fronteira de Rafah, mesmo que seja temporária, permitiu aumentar a popularidade do movimento islâmico radical, que ganhou as legislativas palestinianas de Janeiro de 2006 e assumiu o controlo de Gaza em Junho do ano passado. Apesar de tudo o Hamas nega envolvimento directo na queda do muro.
"O nosso Governo não interveio. É uma acção popular espontânea", disse Taher Al-Nounou, um porta- -voz do Hamas citado pela AFP, sublinhando a ideia de que a única forma de resolver o problema é manter a passagem de Rafah aberta.
O terminal, fechado desde 2006, não pode, no entanto, funcionar sem o acordo de Israel e dos EUA. Os grupos radicais palestinianos, entre eles o Hamas e a Jihad, que estiveram reunidos em Damasco, também pediram ao Egipto que deixe a fronteira aberta. O chefe do Estado egípcio, Hosni Mubarak, está neste momento a ser pressionado tanto por Israel, para fechar o terminal, como pelos militantes do Hamas.
Numa entrevista que ontem deu ao semanário egípcio Ol-Osboue, acusou os radicais de quererem implicar o Egipto no conflito interpalestiniano e de procurar o confronto com a polícia na fronteira. Mubarak manifestou-se disponível para mediar conversações entre o Hamas e a Fatah de Mahmud Abbas -convite que o líder do movimento radical no exterior, Khaled Meshaal, aceitou.
Até agora, Abbas, presidente da Autoridade Palestiniana, tem negociado sozinho com Israel a criação de um Estado palestiniano. O Hamas foi votado ao isolamento por todos, Abbas, Israel, EUA, UE, etc...
Mas a estratégia de isolamento não deu o resultado pretendido e Israel parece não saber o que fazer. O exército e o Shin Bet temem que os radicais tenham aproveitado para entrar no Sinai e, a partir de aí, chegar a Israel e cometer atentados. O Conselho de Segurança da ONU não conseguiu, entretanto, aprovar uma resolução sobre a situação em Gaza.|