Violência no Afeganistão aumenta
Os atentados suicidas sucedem-se a um ritmo recorde no momento em que a violência no Afeganistão aumentou 20 por cento desde o ano passado
O relatório constata que apesar de 76 por cento de todos os atentados suicidas no país visarem as forças de segurança internacionais e afegãs, 143 civis foram mortos por essas bombas desde Agosto.
O Afeganistão registou uma média de 550 incidentes violentos por mês este ano, contra os 425 do ano passado, afirma.
«Os ataques suicidas têm sido acompanhados por ataques contra os estudantes e escolas, assassínios de polícias, de idosos e de mullahs, e alvejar a polícia é um esforço deliberado e calculado para impedir o estabelcimento de instituições governamentais legítimas», lê-se no relatório.
O relatório não dá outros números relacionados com a violência.
Contudo, uma contagem da Associated Press sobre as mortes relacionadas com a violência dos rebeldes chega aos 5.086 - o número de mortes mais elevado no Afeganistão desde a invasão liderada pelos Estados Unidos para derrubar os talibãs.
A AP contabilizou cerca de 4.000 mortes em 2006, baseando-se nos relatórios ocidentais e das autoridades afegãs.
Um ataque suicida terça-feira a um autocarro da polícia em Cabul ocidental matou 13 agentes e civis, incluindo uma mulher e os seus dois filhos que subiam para a viatura segundos antes da explosão, disse o Ministério da Saúde.
Foi a segunda bomba a fazer saltar o tejadilho de um autocarro na capital afegã em quatro dias, numa altura em que os rebeldes intensificaram os ataques contra as forças de segurança afegãs durante um ano em que a violência bateu recordes.
De acordo com a AP mais de 3.500 militantes morreram este ano mas também morreram mais de 650 civis em consequência quer da violência rebelde quer dos ataques da NATO e norte-americanos.
Cerca de 180 soldados internacionais morreram no Afeganistão desde o início do ano, incluindo 85 norte-americanos. Em todo o ano de 2006 morreram 90 soldados dos Estados Unidos.
A contagem só inclui militantes mortos em acções militares pela coligação liderada pelos Estados Unidos, que inclui os soldados das Forças Especiais. O contingente da NATO no Afeganistão, em que Portugal participa, não divulga as estimativas de mortes das suas batalhas.
Os rebeldes também lançaram um número recorde de ataques suicidas- mais de cem - e dois atentados à bomba em Cabul contra autocarros desde sábado fizeram 43 mortos entre eles.
Enquanto isto, em Nova Iorque, o chefe da diplomacia canadiana, Maxime Bernier, pediu terça-feira a nomeação de um emissário especial das Nações Unidas para o Afeganistão a fim de melhor promover a missão da comunidade internacional neste país.
«O governo canadiano continua a apoiar o papel dirigente da ONU no Afeganistão. É por isso que somos favoráveis (à nomeação) de um emissário especial da ONU de alto nível para o Afeganistão», declarou o ministro na Tribuna daquele organismo mundial.
Cerca de cinquenta mil soldados estrangeiros apoiam o governo do presidente Hamid Karzai num país a braços com uma rebelião cada vez mais sangrenta dos talibãs, derrubados do poder no final de 2001.
Lusa/SOL