Presidente russo diz não ter interesse em retomar Guerra Fria
Publicada em 14/02/2008 às 12h44m
Reuters/Brasil Online
Por Michael Stott
MOSCOU (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, colocou panos quentes em recentes e belicosas declarações saídas do governo dele, disse na quinta-feira que seu país não pretende retomar a Guerra Fria.
As críticas lançadas contra a ampliação da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e contra os planos norte-americanos de montar um escudo de defesa antimíssil transformaram-se em marcas típicas da Presidência de Putin, que também lançou esforços para aumentar as Forças Armadas russas.
Mas, em sua última entrevista coletiva anual antes de deixar o Kremlin, em maio, o dirigente adotou uma postura mais conciliadora, mesmo que tenha reafirmado a oposição da Rússia ao plano de potências ocidentais de permitir que Kosovo, uma Província da Sérvia, declare independência.
"Dizer que desejamos voltar à época da Guerra Fria não passa de uma suposição infundada", afirmou Putin a centenas de repórteres reunidos no Salão Circular do Kremlin.
"Não estamos interessados nisso. Nossa meta principal é o desenvolvimento interno, a solução dos problemas sociais e econômicos do país."
A Rússia deseja trabalhar "rumo à construção de um diálogo positivo" com quem quer que vença a eleição presidencial nos EUA e não pretende, a não ser que isso seja de "extrema necessidade", apontar seus mísseis nucleares para nenhum país, afirmou.
Respondendo a questões sobre o futuro da Rússia após o pleito presidencial, Putin disse nunca ter desejado aferrar-se ao poder pela vida toda e que ficaria feliz por dar lugar a Dmitry Medvedev, o candidato favorito para vencer a eleição de 2 de março.
Putin, 55, disse que se tornará primeiro-ministro no provável governo Medvedev, mas rejeitou as sugestões de que continuaria a dar as ordens por detrás do palco.
"Dmitry Anatolyevich (Medvedev) e eu trabalhamos juntos há mais de 15 anos. E eu nunca daria apoio a um candidato para a Presidência se ele necessitasse de afagos ou conselhos a fim de saber como se comportar. Ele é um político maduro."
O presidente afirmou ainda que seria premiê "durante o período máximo de tempo possível" no governo Medvedev.
Pela primeira vez, usando seu linguajar tipicamente incisivo, o líder russo tratou das acusações surgidas em alguns meios de comunicação do Ocidente sobre ter amealhado uma grande fortuna pessoal.
"Sou rico porque o povo russo me confiou por duas vezes a tarefa de liderar um grande país como a Rússia", disse Putin. "Acredito que essa é a minha maior riqueza."
"Já no que diz respeito aos vários boatos sobre minha fortuna pessoal. Essas são declarações vazias que nem mereceriam ser discutidas," afirmou. "Eu vi isso em alguns lugares. Um monte de bobagens. Algo tirado da cabeça de alguém e disseminado por alguns poucos jornais."