UM ASSASSÍNIO POR TOCA?
Manuel Queiroz
jornalista
O assassínio de Imad Moghniyeh na capital da Síria, Damasco, com uma bomba a destruir o Mitsubishi Pajero em que se encontrava, é tema em todos os jornais do mundo. O Gulf News, do Dubai, coloca na capa "Morte de Moghniyeh 'tem como alvos Síria e o Hezbollah'", o movimento xiita libanês de Hassan Nasrallah, de que Moghniyeh foi o chefe das operações especiais (Robert Fisk, no The Independent, diz que já estaria meio na reforma, depois de ter sido um respeitado oficial do aparelho de segurança do Irão, também). "Israel prepara-se para ataques após o assassínio do chefe do terrorista Hezbollah na Síria", diz a capa do The Jerusalem Post. O Iran Daily, diário de Teerão em língua inglesa controlado pelo Governo iraniano, diz "Moghnyieh assassinado". Se os árabes atribuem o atentado a Israel e este nega qualquer envolvimento, o jornal L'Orient-Le Jour, de Beirute, põe em causa as circunstâncias da morte. Diz que "o atentado foi perpetrado num bairro que seria uma das principais praças-fortes dos serviços secretos sírios em Damasco, numa rua onde estão situadas uma escola iraniana e um imóvel em que a embaixada iraniana possui dois apartamentos. É difícil acreditar que os Serviços de Informações sírios não estejam omnipresentes num bairro desses. O local do crime estava também cuidadosamente limpo duas horas após o atentado. Daí a tirar conclusões sobre a hipótese de uma 'troca' é um passo que muitos observadores não deixarão de dar". Isto porque os sírios estão muito preocupados com o tribunal internacional que brevemente deve fazer luz sobre o assassínio do antigo primeiro- -ministro libanês Rafic Hariri, atribuído aos mesmos sírios. Michel Touma, que assina o artigo, admite que o assassínio de Moghniyeh talvez faça ver ao Hezbollah que "é virando-se para o interior do Líbano - e não para o estrangeiro - que pode desenvolver relações de confiança com os outros membros do tecido social libanês".