O Castelo de Montségur, Os Cátaros e o Santo Graal.
Falar sobre os cátaros é simplesmente fascinante. Primeiro porque parecem ser uma espécie de seita que muito sofreu nas mãos da Inquisição. Segundo pelo fascínio que exercem até hoje no imaginário popular. Prova disso é que foram importante elemento na elaboração da trama de O Código da Vinci. Mas o que poucos conhecem é o palco onde ocorreu a derrota final, quando os cruzados tomaram o castelo final cátaro conhecido como Montségur. Pouco antes deles se entregarem aos inimigos diz a lenda que um pequeno grupo teria saído de lá com o tesouro cátaro que até hoje ninguém sabe bem o que era. Seria o Santo Graal? Conheça no texto a seguir um pouco mais sobre este encantador e fascinante castelo do sul da França.
Eis nosso maior mistério que envolve os cátaros e a busca pelo Santo Cálice: O cerco à fortaleza de Montségur. Episódio mais misterioso e intrigante das cruzadas contra os albigenses.
É dado, em 1241, o início ao sitio em torno do misterioso castelo de Montségur, uma fortaleza construída no topo de uma montanha, situada às farpas dos Pirineus. Montségur tornou-se um refúgio para aqueles que fugiam da catástrofe. A sua defesa era fácil, pois das suas ameias observava-se toda a região em redor com grande alcance.
Bem apetrechada de alimentos e água a com ajuda do exterior, esta fortaleza conseguiu sempre resistir aos ataques, fazendo sempre desistir o inimigo, esgotado por longos cercos sem fim.
O grande bastião dos cátaros, outrora praticamente intransponível, é atacado e tomado de assalto em 1243. Durante o ataque os cátaros conseguiram retirar seu “tesouro” do castelo e escondê-lo (inicia-se a especulação em torno desse tesouro: poderia ser apenas riquezas, ou então que o tesouro era livros ou apenas alusão à sabedoria dos perfeitos, ou o próprio Santo Graal). A queda de Montségur marca o fim da igreja cátara organizada. Mais de 200 pessoas na ocasião morreriam em fogueiras no final do cerco. Alguns sobreviventes se refugiaram na Catalunha e na Itália.
A idéia inicial era impedir a todo o custo a saída ou entrada de mantimentos para o seu interior, levando assim os seus habitantes à morte por fome, mas o cerco nunca foi suficientemente apertado a ponto de isolar a fortaleza. Muitas das tropas eram locais (simpatizantes dos cátaros) ou mercenárias (pouco confiáveis), o que tornava o bloqueio imperfeito, o que ajudou aos cátaros resistirem por dez meses.
Antes, porém, do castelo ser tomado pelos cruzados, algumas pessoas ali alojadas receberam o “consolament”, desceram a montanha e se encaminharam livre de espontânea vontade, com as mãos dadas, para as fogueiras inquisidoras dos cruzados. Tudo isso antes da capitulação, em 16 de março daquele ano. Os defensores pediram uma trégua de duas semanas, enquanto ponderavam sobre a decisão a tomar, conforme propostas dos cruzados de rendição e absolvição pela Santa Igreja (não cumpridas, obviamente). Não se sabe o que os cátaros discutiram nestas duas semanas de trégua, mas com certeza deveriam estar sem vontade alguma de renegar as suas crenças, pois ninguém se quis converter. Haveria algo que eles escondiam que não poderiam nunca contar aos tribunais da Santa Inquisição? Sabe-se que, no fim da trégua, em 15 de março, vinte homens, seis mulheres e cerca de quinze combatentes receberam o “consolament” e tornaram-se “perfeitos”. A opção de martírio fora tomada em unanimidade e, na madrugada de 16 de março, entregaram-se.
Conta-se que, na noite que precedeu a rendição de Montségur, quatro homens “parfaits”(perfeitos) se esgueiraram do castelo, levando um fardo precioso, e seguiram pela vereda de Saint Barthelémy rumo ao castelo de Usson, em Aríege, na direção de Montreal de Sos. Como o tesouro em ouro e prata fora evacuado de Montségur oito semanas antes, é possível supor que os quatro homens transportavam um bem que os sitiados queriam conservar junto deles até os últimos momentos, mas que não deveria cair nas mãos dos inquisidores. O que seria? Seriam rituais? Textos de doutrinamento ou ensinamentos secretos?… Depois de Usson, perde-se a pista do precioso fardo: segundo alguns pesquisadores, o respectivo depósito teria sido levado para Aragão, ou para o norte de Huesca, ou, mais provavelmente, para San Juan de La Penã.
Parte do mistério consiste no estranho fato de só na noite de 16 de março ter sido tomada uma medida concreta no sentido de se fazer evacuar o segredo. Se na verdade os quatro fugitivos transportavam algo de importante, por quê deixar para tão tarde a evacuação quando poderia ter sido feita três meses atrás? O segredo poderia ser transportado por fugitivos anteriores que também obtiveram sucesso.
Existe uma teoria que associa esta decisão à necessidade que os cátaros teriam de usar esse segredo até o dia 16 de março, possivelmente numa cerimônia religiosa cátara, que não poderia ser celebrada noutra data. O tempo de trégua coincidiu com o equinócio da primavera e também com a Páscoa. A estranha passagem de tantos leigos a perfeitos logo antes do fim da trégua poderá evidenciar qualquer cerimônia religiosa realizada. Se o objeto secreto fosse essencial para a cerimônia, isso explicaria a necessidade de o manter na fortaleza até o fim das celebrações.
Seria, vos pergunto, tão precioso fardo, uma reprodução da Taça do Graal? Seriam os responsáveis para guarnecer tão bela relíquia, desde muito tempo? Poderiam os Templários confiar tal relíquia aos cátaros, após a descoberta da mesma no oriente, o que explicaria suas relações?
Os Cátaros e as Lendas do Graal
É, contudo, outro assunto que costuma ser freqüentemente associado aos cátaros: o Cálice Sagrado. O próprio Richard Wagner visitou Rennes-le-Chateau em busca de algo relacionado ao Graal. A ligação dos cátaros ao Graal tem origem anterior à própria cruzada albigense, nos romances que misturavam conceitos cátaros com simbolismos cristãos.Muitos dos romances sobre o Graal foram atacados na altura das Cruzadas pelos eclesiásticos como sendo heréticos. A interligação entre os romances do Cálice e a história dos cátaros chega a ser flagrante: num dos seus romances, Wolfram Von Eschenbach situa o castelo do Cálice nos Pirineus, dando-lhe o nome de “Munsalvache” na versão original alemã, ou como é conhecido: “Montsalvat”. Será uma semelhança demasiada grande com “Montségur” para ser coincidência? E ainda mais quando Wolfram chama ao senhor do castelo o nome de “Perilla”. Como se sabe, Raymond de Pereille era o senhor de Montségur na altura do cerco, e o seu apelido foi encontrado em documentos da época como Perilla, na sua versão latina. Detalhe: o mesmo Eschenbach credita a descoberta do Santo Graal aos “Cavaleiros Moradores do Templo”
Pode-se dizer que, as lendas cátaras sobre o Santo Graal são a contribuição francesa no conjunto de lendas sobre o Santo Cálice, juntamente com especulações sobre as atividades dos Cavaleiros Templários na época. Existe também a lenda de que José de Arimatéia, após a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo, tenha vindo viajar para o continente europeu a caminho da Bretanha e deixado na França o Santo Cálice aos cuidados de seu cunhado, Brons (A História de José de Arimatéia). Se ele tinha como destino a Bretanha, provavelmente tenha aportado em algum lugar no sul da França, então… Hoje, os habitantes da região creditam o paradeiro do Santo Cálice em alguma caverna, entre as montanhas dos Pirineus.
Em mais outra lenda, conta-se que:
”Durante o assalto dos cruzados à fortaleza albigense de Montségur, apareceu no alto da muralha uma figura coberta por uma armadura branca. Os soldados recuaram, temendo ser um guardião do Santo Graal. Mas, prevendo a derrota, os cátaros, ocultaram o Santo Graal num dos numerosos subterrâneos, ou foi emparedado em uma das várias muralhas da fortaleza, onde estaria até hoje”.
(Do Blog Bota abaixo)