Bloco lança revista online Foi lançada na tarde de sábado a
revista Vírus, que se publica exclusivamente na internet.
A revista é dirigida por João Teixeira Lopes, que a apresentou como uma
"ferramenta para o combate de ideias, aberta aos novos meios de expessão".
Vírus: É mesmo para contaminar! 22-Fev-2008
Editorial de João Teixeira Lopes Dir-se-á, provavelmente com algum facilitismo, que uma revista on-line é um indício de moda, uma espécie de cavalgada na espuma dos dias, um caminho fácil para a citação. Poderia objectar dizendo que é apenas o ar que se respira.
Na verdade, esta revista fará a transacção constante entre o que se passa «lá fora» (no mundo dito «real») e o cá dentro (o universo apelidado de «virtual»). É impossível ignorar este trânsito, já que ele constitui, no capitalismo tardio, um dos traços da sua estruturação. Aliás, os mais recentes estudos sobre as constelações «virtuais» sublinham a ideia de uma dupla hermenêutica: não só a Web prolonga, em muitos casos, situações, redes e conteúdos da «vida real» como, em acréscimo, lhes fornece matéria-prima que alimenta, por sua vez, os quotidianos e as vivências, numa espiral fecunda.
Poderíamos apenas enfatizar este ponto: toda e qualquer experiência é real, material e contextualizada dentro de limites objectivos. Na Web ou fora dela.
De igual modo, não acreditamos nem no determinismo tecnológico, nem na neutralidade dos dispositivos. Dito de outro modo, importa apropriarmo-nos, de acordo com as nossas assumidas orientações ideológico-discursivas, tanto do meio como dos conteúdos, sendo que o meio – o dispositivo tecnológico – é já conteúdo. Além do mais, política é comunicação e interacção – face a face ou desterritorializada.
Os combates culturais e ideológicos fazem-se em todos os terrenos onde há investimentos simbólicos e materiais. A luta pela hegemonia requer novas formas de «jogar o jogo», mesmo que, no final, a existir final, consigamos mudar as regras, sem as viciar.
Não prescindimos de nenhum combate –onde quer que ele se realize. E não prescindimos, igualmente, de combater com as nossas melhores armas: as ideias. Não esperem, pois, uma revista preguiçosa.
Importa ainda referir que esta é uma revista de «actualidades». Não rejeitamos – antes reivindicamos – o desejo de um olhar que veja as partes dentro do todo, contra as tentações de especialização ao infinito, de atomização ou fragmentação pós-modernas.
O todo – esse ar que respiramos e que esta revista respira –fornece-nos as melhores pistas para a interpretação e para a acção. Mesmo as «evidências», tantas vezes carregadas de senso comum, preconceitos e estereótipos, apontam-nos, amiúde, um rastro que importa seguir – ainda que para as desocultar e desmistificar.
Há, pois, um novo generalismo a ressurgir, uma procura de sínteses – sempre inacabadas, provisórias, em constante reinvenção. Um enciclopedismo contra-hegemónico. O presente número, como se verá, propõe uma digressão ou vaivém entre a crise dos mercados mundiais, as mitologias de Barthes revisitadas, a centralidade da ecologia na economia política, as identidades masculinas e femininas em transição, os livros, os espectáculos...
Esta revista é para contaminar, insinuando-se em todos os trânsitos e interstícios. Criando ocasiões. Não é inócua, nem tão-pouco inofensiva. Resiste a receitas e a breviários. Disseminar-se-á: assim o esperamos.
o site da revista: http://www.esquerda.net/virus/Aconselho (especialmente) ao Ronaldo !
Sempre poderá adquirir alguma "Kóltura".
E até pode ser que mude a sua postura sobre a problemática GAY.
Nunca é tarde, my friend ....