Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.


 
InícioInício  ProcurarProcurar  Últimas imagensÚltimas imagens  RegistarRegistar  EntrarEntrar  

 

 Artista da rádio, TV e cassete pirata

Ir para baixo 
AutorMensagem
Convidad
Convidado




Artista da rádio, TV e cassete pirata Empty
MensagemAssunto: Artista da rádio, TV e cassete pirata   Artista da rádio, TV e cassete pirata EmptyDom Fev 24, 2008 5:44 am

Artista da rádio, TV e cassete pirata


Entrevista a Fernando Alvim, o "entertainer" da Antena 3 (Prova Oral) e SIC Radical (Boa Noite Alvim) que ambiciona dirigir uma rádio nacional.



‘Sou o Berlusconi dos pequeninos’

Artista da rádio, TV e cassete pirata Fcapu0333183f6a7yw6



Aos 33 anos ambiciona um império da comunicação. É um dos rostos principais da SIC Radical e uma das vozes da Antena 3, fundou uma revista literária e um festival de música e quer dirigir uma rádio nacional...

Artista da rádio, TV e cassete pirata F1u0333187cce4hu9


Como num «road-movie» vemos Fernando Alvim a vaguear, de mala na mão e fato de executivo, por uma linha de caminho-de-ferro junto à praia. A «Sinfonia do Novo Mundo», de Dvorak, segue-lhe os passos. «Para onde caminha este homem?», questiona uma voz «off». Já na praia, o apresentador depara-se com a frase: «Boa Noite, Alvim». Este é um dos «teasers» de promoção do «talk-show» que Fernando Alvim apresenta aos serões na SIC Radical. A imagem vale como paradigma do percurso deste comunicador de 33 anos, que se assume ambicioso, extremamente obsessivo e «idiota». «Todos os dias sou bafejado com duas ou três boas ideias profissionais. A criatividade é o segredo do meu sucesso.» Talvez por isso o seu próximo projecto seja a criação, em parceria, da empresa Podres de Ricos para produção de conteúdos e guiões para o mercado publicitário e audiovisual. Alvim não gosta que o levem demasiado a sério, mas declara ter como objectivo a construção de um império da comunicação - é já director de uma revista literária («365»), fundador do festival de música Termómetro Unplugged e um dos principais rostos (e vozes) da SIC Radical (Boa Noite Alvim, terças-feiras, 23h00) e da Antena 3 (Prova Oral, 2ª a 5ª, 19h00). Para esta entrevista, Alvim recebeu-nos no seu apartamento, em Campolide, decorado com «gadgets» tão estapafúrdios como uma máquina de preservativos no corredor, ou um grande Pai Natal fora de época no canto da sala. Antes da conversa e da sessão fotográfica, pediu um instante para lavar os dentes e dar um jeito ao cabelo e à cara. Dois minutos depois regressou ligeiramente mais moreno. «Pus autobronzeador. Está porreiro não está? Faço isto sempre que tenho que tirar fotografias.»

É sobretudo um comunicador, um «entertainer». Onde é que foi buscar essa veia? É de família?

Eu não tenho nenhum artista na família. Sempre gostei de divertir pessoas, de as entreter.

O humor é a sua melhor forma de expressão?

Gosto muito de fazer rir. Mas nem sempre consigo. Ninguém pode dizer, de forma absoluta, que tem sempre graça. O maior segredo das pessoas que trabalham, directa ou indirectamente, com o humor é perceberem quando tiveram graça e quando já não a têm. A partir do momento em que uma pessoa não sabe distinguir uma coisa da outra...

...perdeu o chão.

Sim. E começa-se a viver com um certo autismo. Alguns humoristas vivem num mundo à parte.

Fala de quem?

(Pausa) Seria deselegante dizê-lo.

Em tudo o que faz, seja na rádio, na TV, ou nas crónicas que escreve, há um gosto pela desconstrução, focando o lado ridículo das coisas. Porquê?

É o meu olhar singular perante o mundo. Se eu usar um discurso convencional, e, de repente, virar à esquerda mudando a rota da conversa, posso provocar o sorriso. Porque as pessoas não estavam à espera. E aí surge o espanto, e normalmente a graça, por uma palermice a despropósito.

E nas suas entrevistas é essa a sua grande vitória?

Pelo menos tento. E quando não consigo, peço desculpa. Mas não fico nada impaciente quando falho. Até posso ter graça pelo facto de não ter tido graça nenhuma. Ou então caio completamente desamparado. (Risos)

No seu sítio (www.alvim.com) tem um jogo virtual, «Invaders», onde coloca o cronista social Carlos Castro no papel de um monstro cheio de tentáculos pronto a ser abatido. É ódio de estimação?

Embirro com poucas pessoas. Mas não posso deixar de destacar o pediatra Eduardo Sá e o cronista Carlos Castro. O Sá porque desculpa tudo nas criancinhas. (Imita a sua voz) «A criança pegou fogo à casa mas não faz mal porque ela está na idade de chamar a atenção e…» Tem uma vozinha irritante e um discurso demagógico, a meu ver, nada imparcial. Quanto ao Carlos Castro, porque encerra o pior que há no ser humano que é o ressabiamento. É o homem do diz-que-disse.

Onde está o seu limite no humor?

A humilhação desagrada-me. Não humilho pessoas, nem me aproveito das fragilidades. Gosto de rir com e não rir de...

Era um tipo popular na adolescência?

Sim. Era moderado. Era um CDS/PP com alguns trejeitos de esquerda. (Risos)

Essa analogia aplica-se às suas posições partidárias?

Aos 33 anos ainda não percebi se sou de direita ou de esquerda.

Onde ficamos então?

Sou conservador em algumas coisas.

Em quê?

Quando não defendo a anarquia. Quando defendo normas que têm de existir. Nunca gostei de fundamentalismos, mas gosto de opiniões bem fundamentadas. Por outro lado, sou mais de esquerda quando gosto de fazer as minhas revoluções. Não quero ser um exemplo a seguir. Não gostaria de ser entendido como uma referência, nem representar uma geração.

Mas envolve-se sempre em projectos dirigidos a um público juvenil («Top Rock», «Curto Circuito», «Perfeito Anormal»)...

Seria pretensioso dizer que represento uma geração. Se eu for uma referência positiva, não enquanto cordeirinho amestrado mas como alguém com vontade de mudar as coisas, porque não?

Que coisas é que não estão bem no país?

Continuamos a menosprezar o que temos e o que somos. Falta-nos autoconfiança e optimismo para sairmos vencedores à escala global. Não é à toa que a palavra «saudade» é uma das palavras singulares do nosso léxico. Devemos libertar-nos disso. Portugal tem de acabar com o discurso sobre a glória dos Descobrimentos e realçar mais a Expo-98 e outros grandes feitos recentes. Orgulhemo-nos dos muitos portugueses que têm ideias - eu gosto muito de quem tem ideias - e foquemo-nos nas muitas coisas que no futuro se podem concretizar.

É verdade que tem pouca auto-estima e que rebola no sofá sempre que se vê na televisão?

Sim. Ainda rebolo.

Tem dificuldades em lidar com a sua imagem?

Não gosto do que vejo. Por exemplo, o meu cabelo é muito singular. E não há nada a fazer - nem ninguém que o domestique. É um caso perdido.

Começou a fazer rádio aos 14 anos no Porto, cidade onde nasceu. Estreou-se em pleno «boom» das rádios piratas...

Não ganhava dinheiro, mas já vivia obstinadamente a rádio. Senti-me contagiado por esse movimento. É o que está agora a acontecer com a Internet. Vai chegar o tempo das estações de Internet piratas. Isto é, qualquer miudinho com um computador pode agora fazer o seu próprio canal televisivo. Escusado será dizer que o resultado será burlesco porque 95% das coisas serão provavelmente medíocres, e as restantes 5% muito boas, feitas por pessoas que, a partir daí, serão descobertas para o mundo da comunicação.

Foi um pouco o que lhe aconteceu…

Sim. A rádio será sempre a minha paixão. Tornei-me num profissional aos 17 anos, na Rádio Press, no Porto. Falava pouco. Três pequenas intervenções por hora. Fazia a rádio do «ouvimos e vamos ouvir», quando o animador mais não diz do que os temas da canção que ouvimos e das outras que vamos ouvir, coisa que hoje condeno de forma fervorosa. Há muitas rádios que estão despersonalizadas por isso. Também não concordo com as rádios que tratam o ouvinte por você, porque se tornam mais distantes. Eu sou adepto do plural e acho que deve ser sempre usado quando comunicamos.

O que faz um bom animador de rádio?

Darmos muito de nós e não estarmos à defesa. O que implica dizer exactamente tudo o que se pensa e não usar um discurso para parecer bonito.

Usa poucos filtros no seu discurso?

Quanto mais genuíno e espontâneo melhor.

O salto profissional deu-se em 1998: deixou a TSF, no Porto, como «copywriter», e foi viver para Lisboa e integrar a equipa da Rádio Comercial. Como aconteceu isso, um dia o telefone tocou?

Não foi tão simples. Eu estava determinado a conseguir um lugar na Rádio Comercial - era a minha cara. Não só por ter passado a um formato «rock», género de que sempre gostei, mas também por ter uma equipa de luxo - Pedro Ribeiro, José Carlos Malato, Ana Lamy, Nuno Markl e José Nunes. Um dia, ao saber que o então director da Comercial, Luís Montez, daria uma conferência no Porto, pedi a um amigo comum para conseguir uma reunião com ele. Deixei a conferência terminar, e depois disse-lhe que dava tudo para integrar a Rádio Comercial. Fosse a que preço fosse.

E que resposta obteve?

Um mês depois ele ligou-me a dizer que tinha uma rubrica na rádio para mim: ser repórter nas praias de Portugal durante os meses de Verão. E eu aceitei logo. Entrevistei nadadores- salvadores, os senhores dos cafés, o tipo que vende bolas de Berlim, as miúdas na areia…

Papel de estagiário.

Sim. A história poderia ter terminado de uma forma quase dramática, porque no final desses três meses deram-me a chamada guia de marcha.

Foi dispensado. Mas continuou em antena. Como deu a volta por cima?

Convenci-me de que havia uma solução. E quando me comunicaram a minha dispensa disse-lhes que estava disposto a trabalhar sem que me pagassem… Durante seis meses não recebi um tostão. Até que ganhei um «casting» para apresentar o programa de música «TopRock», na TVI. E logo a seguir foi-me concedido um programa diário na antena da Comercial, entre as 18h e as 20h. A minha vida mudou em duas semanas.

A direcção da Rádio Comercial só apostou em si quando o viu a apresentar um programa de televisão?

Sim. Acho que isso contribuiu muito.

É o lado perverso do mundo da comunicação…

Talvez. (Pausa) Mas eu quero acreditar que houve uma conjunção positiva de factores. Surgiu uma vaga e chamaram-me.

É verdade que lhe pagam para, país fora, animar discotecas, bares e festas académicas com músicas da «Abelha Maya» e do «D’Artacão»?

Faço uma combinação explosiva, burlesca, e misturo essas bandas sonoras com Led Zeppelin, Rolling Stones, David Bowie ou Amália.

Também faz carreira como DJ?

Não sou DJ. Sou «MD». Ou seja, sou um mete-discos desde há 13 anos. Faço-o todos os fins-de-semana, maioritariamente no Norte. Já fui mais de vinte vezes aos Açores, outras tantas à Madeira, a Lloret del Mar e recebi agora um convite para ir a Macau. Imaginem se eu fosse DJ à séria.

Quanto ganha por actuação?

Seria deselegante falar em números.

Está muito «elegante» nesta entrevista. É por ser para o «Expresso»?

(Risos) Ganho muito mais dinheiro a passar música do que a fazer rádio.

É também fundador da revista literária «365» e do festival de música Termómetro Unplugged, criado em 1994. Chegou a dizer numa entrevista que queria criar um império da comunicação. Mantém essa vontade?

Sim. Costumo dizer que sou o Berlusconi dos pequeninos.

Como assim?

É a minha vontade de transformar algumas coisas no meio da comunicação social. Coisas que poderiam ser corrigidas.

Dê-nos exemplos.

Há um certo facilitismo na televisão. Por que raio todos os programas da manhã e da tarde exploram de forma tão alarve as emoções das pessoas? Portugal precisa do meu império da comunicação social. E espero comprar o «Expresso» também…(Risos) Na verdade gostava de ser director de uma estação de rádio nacional. A sério que sim.

Uma rádio regional não bastaria?

Para o que eu ambiciono, não.

Os seus projectos televisivos têm nascido em canais por cabo, com curto orçamento. Gostava de passar para um canal generalista?

A televisão generalista não me seduz. Estar nos canais por cabo é uma vantagem porque me dá mais liberdade. Mas gostava de apresentar um concurso engraçado que me permitisse interagir com as pessoas. Como por exemplo o «1, 2, 3».

Está a pedir emprego através desta entrevista?

Pois, se calhar é um recado. (Risos) Não, não tenho essa ambição.

Um dos seus feitos televisivos foi ter descoberto os humoristas Ricardo Araújo Pereira e Zé Diogo Quintela no programa «Perfeito Anormal», formato da sua autoria exibido na SIC Radical.

É uma espécie de Júlio Isidro do humor?

(Risos) Há quem diga isso. Foi só uma questão de sorte, porque eles, mais tarde ou mais cedo, iriam ser descobertos.

Como os conheceu?

Por culpa do Nuno Markl, que me emprestou uma cassete com a «performance» de dois humoristas desconhecidos que tinham actuado no Centro Cultural de Belém. E o trabalho deles era absolutamente extraordinário. Lutei muito para que eles fossem aceites pelo canal. Mais tarde, quando formaram o projecto Gato Fedorento, com o Tiago Dores e o Miguel Góis, e apresentaram uma cassete à estação para tentarem um programa autónomo, novamente o canal os ignorou ao ponto de eles me terem dito que estavam prestes a mudar de rumo. Aí eu decidi intervir. Liguei ao Penim: «Então, mas vocês não ligam a estes tipos. São malucos? Eles são uma pérola.» Só sei que dois dias depois eles estavam numa reunião na SIC. Os Gato Fedorento foram das melhores coisas que podiam ter acontecido a Portugal.

Também deu a conhecer os Silence 4 no primeiro festival Termómetro Unplugged, em 1994.

Foi aí que se revelaram e ganharam o primeiro prémio, tal como aconteceu com os Blind Zero. Agora são eles que dão nome ao meu festival.

Há cinco anos publicou o livro «No Dia em que Fugimos Tu não Estavas em Casa» (editora Quasi), uma compilação de algumas cartas que escreveu às suas ex-namoradas. Expiação de amores falhados ou exibicionismo?

Nada disso. Fi-lo porque aquilo não revelava nenhuma intimidade. E porque o editor da Quasi acreditou que valeria a pena publicar alguns daqueles textos. Pedi permissão às visadas e publiquei.

Continua a escrever cartas de amor?

Continuo. Nem sei se sou um romântico. Gosto de escrever sobre o amor. E tenho a vontade de um dia escrever um romance.‘

Ambiciona ser um escritor?

Isso nunca serei. Escritor é o António Lobo Antunes… que vive da sua escrita.
Ir para o topo Ir para baixo
 
Artista da rádio, TV e cassete pirata
Ir para o topo 
Página 1 de 1
 Tópicos semelhantes
-
» O Parlamento Global - SIC, Expresso, Radio Renascença e Assembleia da República
» Viva a RADIO TSF !!!
» FILOSOFIA DOS BLOGUES
» RTP vai lançar arquivo criativo com sons históricos da rádio
» Aumento do preço dos alimentos provoca "tsunami silencioso"

Permissões neste sub-fórumNão podes responder a tópicos
 :: Opinião & Liberdade de Expressão-
Ir para: