Atentado no País Basco suspende campanha eleitoral
Isaías Carrasco não morreu pouco depois de ter sido atingido com vários tiros no corpo
O assassinato de um ex-vereador socialista levou o primeiro-ministro espanhol e o líder do Partido Popular a suspenderem a campanha. Ambos garantem que o atentado não abala o regime democrático.
José Luis Zapatero e Mariano Rajoy decidiram suspender a campanha depois de terem sido informados sobre o atentado que vitimou Isaías Carrasco Miguel, atingido pelas costas com três tiros, dois no peito e um no pescoço, quando saía de casa com a mulher e filha em Mondragón, Guipúzcoa, País Basco.
Transportado de urgência para o hospital, o ex-edil socialista não sobreviveu aos ferimentos. O atentado aconteceu por volta das 13h30 (hora local).
"Os terroristas quiseram interferir na manifestação de vontade pacífica dos cidadãos convocados às urnas, mas a democracia espanhola demonstrou que não admite desafios por parte daqueles que se opõem aos seus princípios de base e aos seus valores essenciais", disse o primeiro-ministro Zapatero. "Ela nunca o aceitou e jamais o aceitará".
"Hoje é um dia de luto e todos devemos estar unidos com a família de Isaías Carrasco", afirmou o líder do PP, Mariano Rajoy. "Os culpados deste crime são os terroristas, os assassinos da ETA. E a única opção é a derrota da ETA através da lei e com a vontade inabalável dos 45 milhões de espanhóis".
Apesar de ainda não ter sido reivindicado, o ministro espanhol do Interior, Alfredo Perez Rubalcaba, acusou a organização separatista basca ETA do assassinato.
"Quem cometeu este crime pode ter uma certeza e uma só: acabarão nos tribunais e na prisão", disse Rubalcaba. (ver vídeo relacionado)
A organização separatista basca apelara, recentemente, a um boicote das eleições legislativas como forma de protesto contra a “opressão” do poder central espanhol.
Responsável pelas mortes de 820 pessoas em 40 anos de acções violentas - na defesa da independência do País Basco -, a ETA aplicou nos últimos dias a sua chancela em dois atentados à bomba, sem, no entanto, fazer quaisquer vítimas. A 23 de Fevereiro, uma pequena bomba explodiu perto de uma antena de televisão. Seis dias depois, um segundo engenho explosivo de fraca potência era detonado na sede do Partido Socialista de Derio, causando danos materiais.
Carrasco, de 43 anos, que trabalhava para uma empresa pública, foi candidato pelos socialistas nas eleições municipais de 2007, não tendo sido eleito.
O atentado ocorreu no último dia da campanha para as eleições legislativas de domingo e quando os partidos ultimavam os preparativos para os grandes comícios de encerramento.
RTP
2008-03-07 16:39:46