Mudança, a palavra mágica…
O
sistema neoliberal está podre. A economia de casino dos off-shores e
das roubalheiras só trouxe desastres e escândalos. É preciso mudá-la!
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A
crise rebentou, à vista de todos. O sistema neoliberal está podre. A
economia de casino dos off-shores e das roubalheiras só trouxe
desastres e escândalos. É preciso mudá-la! Quanto mais depressa melhor.
As últimas semanas têm sido arrasadoras para os que pensavam –
e alguns ainda pensam – que era possível evitar a crise financeira
mundial anunciada e a recessão para que caminham os EUA. Contudo, todos
os sinais nos mostram que não é possível. A turbulência nas bolsas, nos
EUA e no mundo inteiro, não obstante a queda da taxa de juros
decretada, em desespero, pela Reserva Federal, e as medidas tomadas à
pressa pelo Presidente Bush – um neoliberal extremista e
ultraconservador obrigado, pela lógica dos acontecimentos, a recorrer
aos ensinamentos de Keynes.
Remédio tardio e de pouca dura. A Europa, não obstante as
pressões políticas, não seguiu o passo da América. Fez bem, ao que
julgo, em tomar as suas distâncias... Já não era sem tempo. O
dólar está em queda livre e o euro começa a ser visto como a principal
moeda de referência mundial. Se os responsáveis políticos europeus
tiverem a coragem de tirar daí as devidas consequências, o nosso futuro
colectivo pode ser diferente.
O principal é perceber-se que o
neoliberalismo entrou em descrédito irremediável e a globalização
selvagem, com as desigualdades a crescerem em flecha, dentro de cada
Estado e entre os diversos Estados, tem de ser regulamentada, no plano
mundial, pela ONU, se queremos fazer face aos desafios com que estamos
confrontados. Se percebermos isso, rapidamente, na União Europeia – e
agirmos em conformidade –, poderá então, a Europa, vir a ter um papel
decisivo, a que aliás tem jus, no contexto das Nações. O essencial é,
contudo, compreender que o sistema financeiro-económico em que temos
vivido no Ocidente – e quisemos impor ao mundo – está esgotado e tem de
mudar. Rapidamente. Os países emergentes estão atentos e têm cartas
importantes a jogar...
Nos EUA, em ano de eleições, a mudança surge como inevitável.
Tornou-se uma questão de sobrevivência. O desemprego em alta, a crise
do subprime (financiamentos de alto risco), a inflação crescente, a
queda imparável do dólar, as falências, a grande corrupção, as gestões
fraudulentas, o caso paradigmático do City Bank, o maior banco do
mundo, aí estão para o demonstrar. Será que a Administração Bush se vê
obrigada a autorizar que o City Bank seja comprado pelos chineses, para
evitar a falência?...
Para não falar do impasse das guerras no Próximo Oriente e da
incerteza que levaram à Região: do Líbano ao Paquistão, da Arábia
Saudita ao Irão e agora ao Egipto, com o agravamento do conflito
Israelo-Palestiniano, após a visita de Bush, que foi um não
acontecimento... Os neocons falharam em toda a linha. Os anos do mandato de Bush foram os piores da história americana. E ainda estamos para ver como vão acabar...
Os americanos em geral já se aperceberam da
extensão do desastre. Mudança é a palavra mágica. Mas para onde? E
como? Esse é o problema dos candidatos democratas e até dos
republicanos, os que se distanciaram mais de Bush, os únicos que
contam. Mas do que vos quero falar é do ambiente de crise que se
instalou nos EUA e de que há sinais claros na banca europeia.
Strauss-Khan, director executivo do FMI, disse em Davos que «o pior
está ainda para vir e que a conjuntura é de grande gravidade». Por
isso, reconheceu: «Não se pode apenas depender de políticas monetárias
para responder ao abrandamento económico.» E acrescentou: «É preciso
deixar crescer os deficits», para desenvolver políticas sociais e
ambientais. É pena que só agora o reconheça. Mas mais vale tarde do que
nunca. No que foi acompanhado pelo presidente do Banco Mundial, Robert
Zoellick. Duas instituições financeiras-chave do sistema financeiro,
obsoletas e que devem ser reformuladas e integradas nas Nações Unidas.
É tempo de o fazer