GANDA SPORTING - SÓ FALTOU ORDEM PARA REMATAR

Incapaz de surpreender tacticamente Paulo Bento, o Rangers mostrou ontem que um Sporting concentrado tem argumentos suficientes para chegar às meias-finais da Taça UEFA.

Os escoceses mostraram receio e optaram quase sempre por jogar com cinco unidades no meio-campo, deixando Darcheville muito tempo sozinho entre os (excelentes) centrais leoninos. O francês até foi substituído aos 71', dando lugar a Nacho Novo, na primeira medida de Walter Smith, que só ajudou a reforçar a sensação de tremendo respeito que a equipa portuguesa suscitou no adversário.

Mais articulado e a tratar muito melhor a bola, o Sporting entrou bem e nunca caiu no presente envenenado dos escoceses, que convidaram sempre os visitantes a subir e a arriscar junto das suas linhas defensivas. Maduros, os leões só avançavam pela "certa" e calaram os fanáticos "protestantes". Para se ter uma ideia mais concreta, faltavam apenas três minutos para se chegar ao intervalo quando Rui Patrício sofreu o primeiro susto… não provocado. McCulloch arriscou de longa distância e o guardião leonino foi obrigado a esticar a luva direita para evitar o golo junto ao poste.

Patrício ainda estava a "digerir" a excelente intervenção quando o mesmo McCulloch, dessa feita de cabeça, voltou a ameaçar a baliza, valendo a intervenção de Abel ao segundo poste, apesar de ter cedido canto já em tempo de compensação na primeira parte.

Durante os 45 minutos iniciais, nem nas mais características jogadas dos britânicos (as bolas altas, os lances de bola parada) o Sporting denunciou as fragilidades que já exibiu noutros jogos da Taça UEFA e isso foi fundamental para fazer regressar a equipa ao balneário debaixo de um clima de grande confiança. No Ibrox Park, os índices anímicos contam e o onze de Paulo Bento lutou bastante para conservar a vantagem psicológica decorrente de um resultado que abre expectativas. Até jogadores normalmente mais desinteressados das tarefas defensivas (Izmailov, Romagnoli, Vukcevic) assimilaram a mensagem e a necessidade de trabalhar em prol do colectivo, ao ponto de várias vezes ter ficado a sensação que algumas unidades poderiam ter ido mais longe em jogadas de cariz individual.

A esse nível, o flanco esquerdo leonino foi o mais tímido, com Grimi a errar muitos passes e Moutinho a falhar as combinações com Vukcevic, que poderia ter aproveitado de outra maneira o mau posicionamento do "gigante" (1,91 m) Broadfoot na lateral direita. Os leões tiveram muita bola (59% no final da primeira parte) e na segunda parte até remataram mais à baliza (Grimi destacou-se com dois "tiros") embora tivesse sido nesse período que mais se viu o Rangers a usar o pulmão em vez da cabeça. Mas do banco saltaram em devido tempo Pereirinha e Djaló para assegurar a frescura física do leão, com Djaló, aos 86', a oferecer a Liedson um golo que este desperdiçou.

DN