Tecelãs de Castro Daire premiadas por ONG suíça
Campo Benfeito. Numa das muitas escolas primárias que encerraram, os risos da criançada foram substituídos pela cadência dos teares.
É nesta escola que quatro mulheres trabalham por entre teares e uma grande mesa onde, com linho e burel, criam peças singulares que vão tornando-se conhecidas no País.
Esta semana foram premiadas por uma organização não governamental (ONG) suíça por preservarem o trabalho da mulher no meio rural. A aldeia de Campo Benfeito, concelho de Castro Daire, distrito de Viseu, tem 53 habitantes. É aqui que está a sede das Capuchinhas, uma cooperativa de produção e venda de vestuário, constituída por quatro mulheres. Desde 1987 que Ester, Isabel, Henriqueta e Engrácia dão vida a um projecto que produz peças de burel, linho e lã. Em 1986, duas delas frequentaram um curso de corte e costura no Instituto de Assuntos Culturais.
Aprendida a arte, as mulheres iniciaram a produção de vestuário de lã e linho num velho tear manual.
A autarquia de Castro Daire cedeu a escola e às duas primeiras juntaram-se outras duas. No início não trabalhavam a tempo inteiro. De há cinco anos para cá trabalham com uma estilista uma colecção anual.
Com os anciãos aprenderam a usar o líquen dos carvalhos, fetos, urzes e amoras como corantes para as lãs.
Ao todo fabricam cem peças por mês. De Janeiro a Abril "vende-se pouco, depois é sempre a produzir",
adianta Engrácia que não esconde que os ganhos ainda são poucos. "O salário mínimo, mas trabalhamos na nossa terra o que é uma grande riqueza." E que fazem ?
Blusas, vestidos, saias, casaco e camisas para homem. Os preços estão afixados à entrada do atelier: entre 40 e 160 euros compra-se todo um vestuário feito de saberes tradicionais.
Pela loja passam cerca de 60 pessoas por mês que "vêm cá comprar quando vêm ver a aldeia. O resto das vendas fazem-se em três feiras, no Natal, no Porto, em Coimbra e Lisboa", diz Henriqueta.
As Capuchinhas [
www.capuchinhas.blogspot.com] são hoje o fiel depositário do património de Montemuro que, por via das peças que fazem, renasceu e tem assegurado uns longos anos de vida.
Enquanto o Inverno for frio e o sol de Verão inclemente.
DN (21-10-2007)
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