Um livro lançado recentemente tenta analisar a personalidade de Osama bin Laden pelo prisma familiar e sugere que a morte do seu irmão Salem, em 1988, terá sido um importante factor para a radicalização do líder da al Qaeda.
O livro Os Bin Laden, do vencedor do Prêmio Pulitzer Steve Coll, acompanha a ascensão ao poder da família na sociedade saudita ao longo do século XX, e o de Osama em particular, e da forma como ela se relaciona-se intimamente a vida da família real.
Ao descrever a vida de Osama, relacionando-a com a de seus 53 irmãos e irmãs, todos bastante viajados, e com as reviravoltas ocorridas na Arábia Saudita, Coll tenta afastar alguns dos mitos que cercam o homem frequentemente apontado no Ocidente como uma encarnação do mal.
Osama tinha cerca de 9 anos de idade quando o seu pai morreu num acidente de avião, em 1967.
Enquanto realizava seus estudos islâmicos na escola, oum jovem Osama encontrou novas figuras paternas em mentores radicais responsáveis por apresentar-lhe a idéia da jihad transnacional
Salem, um meio-irmão mais velho, era uma figura bastante diferente: um playboy que assumiu os negócios da família e conquistou a realeza saudita com seu charme pueril.
A recompensa veio na forma de contratos na área da construção civil dentro do país árabe e uma fortuna familiar crucial, futuramente, para que Osama arquitectasse os ataques de 11 de Setembro de 2001.
Salem continuou a ser uma figura influente para Osama e o clã Bin Laden ao longo de toda a sua vida. A sua morte em 1988, num desastre aéreo, deixou a dinastia sem rumo e contribuiu para aprofundar as desavenças de Osama com sua família e com as autoridades sauditas, argumenta Coll.
Salem, um piloto hábil, morreu no momento em que a ocupação soviética do Afeganistão perdia força, encorajando o futuro líder da al Qaeda a aderir à luta armada.
Osama começou a entrar em choque com a realeza saudita e, após exilar-se no Sudão, tornou mais radicais as suas críticas.
Os seus irmãos, aos quais faltava o carisma de Salem, não conseguiram controlá-lo e acabaram por repudiá-lo.
Segundo Coll, o sucesso de Osama em construir sua rede de militantes deveu-se parcialmente à sua capacidade de atrair pessoas de várias nacionalidades e movimentos.
Osama também aderiu, sem pestanejar, às novas tecnologias, utilizando telefones via satélite para coordenar as actividades na mesma época em que sua família investia neste tipo de tecnologia.
Reuters/SOL