BCP
Berardo quer responsabilizar quem considerou incobráveis dívidas de Goes Ferreira
O comendador, e um dos principais accionistas do BCP, continua a ser a voz da indignação sempre que os escândalos financeiros atormentam a instituição bancária.
Joe Berardo quer que sejam assumidas responsabilidades pelo perdão da dívida de mais de 28 milhões de euros
O empresário Joe Berardo, um dos principais accionistas do BCP, disse hoje à Lusa que os responsáveis pelo banco ter assumido perdas de investimentos em acções feitos por José Goes Ferreira, accionista da instituição, têm de ser responsabilizados.
O Banco Comercial Português (BCP) terá assumido perdas de investimentos em acções feitos pelo empresário José Goes Ferreira, accionista do banco com uma participação relevante, considerando-os créditos incobráveis.
A notícia foi dada hoje pelos jornais Expresso e Público, que especificam que os créditos foram concedidos a sociedades off-shore e utilizados, pelo menos, em parte, na aquisição de acções do próprio BCP.
Em declarações à agência Lusa, Joe Berardo, que detém cerca de sete por cento do BCP, afirma-se indignado e quer que a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) investigue este assunto.
"Estão a usar o banco", acusou Berardo, acrescentando que a CMVM tem de investigar "este tipo de processos" e que "quem abusa do poder tem de ser responsabilizado".
O Expresso explicita que os empréstimos foram concedidos à empresa Somerset Associates Limited e totalizavam 28,5 milhões de euros, sendo que, depois de considerados incobráveis, os créditos foram vendidos a uma empresa especializada por 320 mil euros.
O jornal Público refere que o auditor externo KPMG já tinha registado, em 2005, que o BCP abatera 54 milhões de euros directamente ao seu capital, devido a créditos na mesma situação do da empresa de Goes Ferreira.
Berardo disse, também, à Lusa que teme que haja mais situações deste género, com valores acumulados que ultrapassem os apontados pela KPMG.
Goes Ferreira detém uma participação de cerca de 2,3 por cento do maior banco privado português.
A instituição, segundo os dois jornais, recusou comentar estas informações.
Expresso - 01-12-2007