Embaixador português atacado na imprensa inglesa
Uma entrevista do embaixador António Santana Carlos ao The Times levou um colunista do tablóide Mirror a atacar as suas posições, classificando-o como «um comedor de sardinhas» e referindo-se à polícia portuguesa como «estúpida e cruel»
O embaixador português em Londres, António Santana Carlos, foi alvo de
comentários jocosos e xenófobos, depois de, em entrevista ao The Times, se ter mostrado preocupado com a troca de acusações entre portugueses e ingleses e de ter criticado os McCann por terem deixado Madeleine e os gémeos sozinhos, enquanto jantavam com amigos.
O colunista do jornal The Mirror, Tony Parsons, viu nas palavras do embaixador um ataque aos McCann e respondeu numa crónica com críticas duras à polícia e à imprensa portuguesas.
Num artigo intitulado Oh, Up Yours Senor (qualquer coisa como: «Oh, Meta-o no …, Senhor»), Parsons afirma que os responsáveis pela deterioração das relações entre Portugal e o Reino Unido são os investigadores da Polícia Judiciária, que o jornalista classifica como «espectacularmente estúpidos e cruéis».
Para Parsons, a polícia portuguesa tentou «encobrir a humilhação de não conseguir descobrir quem levou a criança, atacando os pais».
Mas a imprensa e o público português também não ficam de fora da crónica. O colunista diz que os jornais portugueses transformaram o caso «em entretenimento leve» e que os apupos dos populares a Kate McCann «não foram de outro país, foram de outro planeta».
Ao embaixador português, Tony Parsons sugere que «se no futuro não conseguir dizer nada construtivo sobre o desaparecimento da pequena Madeleine, mais vale manter fechada a sua estúpida boca de comedor de sardinhas».
Ao The Times, o embaixador Santana Carlos fez questão de frisar que «Portugal é um país seguro, mais seguro do que a Grã-Bretanha», onde existe um número muito reduzido de crianças desaparecidas.
O embaixador referiu ainda as diferenças culturais entre ingleses e portugueses para explicar algumas das críticas que têm sido feitas ao casal McCann.
«Normalmente, as crianças [nos países latinos] estão sempre acompanhadas pelos pais, pela família. Este é um padrão diferente», comentou, aludindo ao facto de Maddie e os irmãos terem ficado sozinhos no apartamento do Ocean Club na noite do seu desaparecimento.
Um comentário adjectivado pelo cronista do The Mirror como «burro e desnecessário». Tony Parsons, que assina a crónica na edição do The Mirror desta segunda-feira, é um conhecido jornalista de música, famoso por uma atitude iconoclasta e provocadora.
Parsons é também o autor de vários romances de sucesso e de uma biografia autorizada de George Michael.
SOL