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 As públicas virtudes

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Vitor mango

Vitor mango


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MensagemAssunto: As públicas virtudes   As públicas virtudes EmptySeg Nov 05, 2007 1:58 pm

As públicas virtudes
1 Nicolas Sarkozy levantou-se a meio de uma entrevista à
estação de televisão americana CBS quando a entrevistadora lhe resolveu
fazer uma pergunta sobre o seu divórcio, então ainda não anunciado.



"Qu'est-ce que c'est que cette question?", perguntou ele, antes de
se levantar, deixando a jornalista pregada à cadeira, e rematando a
caminho da saída: "Au revoir, bon courage!"



Tiro-lhe o chapéu: não cedeu ao terrorismo jornalístico da devassa,
disfarçado de "direito do público à informação". Mais tarde, explicou
porquê, numa simples frase: "Fui eleito pelos franceses para resolver
os seus problemas e não para me explicar sobre a minha vida privada".
Habituado a um tipo de jornalismo, supostamente moralista, que levou um
juiz a expor perante o mundo inteiro e através da Internet os
pormenores mais íntimos da relação sexual entre o ex-Presidente Clinton
e uma sua assistente, obrigando-o à autoflagelação pública, a pedir
desculpas à nação através da TV e aos líderes religiosos da América em
audiência privada, a jornalista da CBS concluiu apressadamente que
também nesta causa moralista a "lex" americana já ditava regras para o
resto do mundo. Uma regra, diga-se de passagem, significativamente
selectiva: por um lado, estabeleceu que fazia parte do direito à
informação e à avaliação política do Presidente saber o que Clinton e
Lewinsky fizeram exactamente nos seus encontros na Sala Oval da Casa
Branca; mas estabeleceu, pelo contrário, que não integrava o conceito
de direito à informação nem interessava ao julgamento do perfil
político do Presidente Bush conhecer o seu currículo universitário e
militar, para esclarecer as suspeitas de que num e noutro caso ele
beneficiou de um tratamento privilegiado e de excepção.



Há dias, e a propósito da disposição da nova lei processual penal,
que veio dizer que as escutas telefónicas não integradas nas sentenças
judiciais só podem ser divulgadas pelos jornalistas com consentimento
dos escutados, ouvi também uma apressada jornalista perorar, indignada,
contra esta suposta nova forma de "censura" e limitação do direito à
informação. Repetia os argumentos já escutados algures de que a lei
fora feita à medida dos "implicados" (e não acusados) no processo Casa
Pia e outras evidentes e imbecis verdades do mesmo género. Leio agora
que uma sondagem da TSF/'DN' apurou, todavia, que 55% dos portugueses,
contra 31%, estão de acordo com a limitação introduzida na divulgação
das escutas. Li e fiquei mais aliviado, sobretudo depois de ter ouvido
ao procurador-geral da República o mesmo que aqui venho escrevendo
reiteradamente: que as escutas são feitas sem controlo adequado, sem
critério e sem freio e num preocupante desprezo pelo direito à
intimidade da vida privada, todavia garantido pela Constituição. Parece
que, aqui pelo menos, o povo é mais avisado e menos hipócrita que os
zelotas de serviço e os histéricos do neojornalismo da devassa. Que
levante a mão quem conseguir jurar que não se importa de ter as suas
conversas escutadas por terceiros. E que levante a mão quem for capaz
de garantir que a polícia só escuta as conversas dos suspeitos de
crimes graves.



2 Mais um vez regresso ao tema: o Terreiro do Paço e essa
iluminada promessa eleitoral de António Costa de o "devolver" aos
transeuntes e lisboetas, "libertando-o" de circulação automóvel aos
domingos. Já tinha avaliado pessoalmente os transtornos causados a
centenas, milhares de outros lisboetas que, circulando muito
legitimamente de carro aos domingos, na cidade ou para fora dela, não
só deixaram de poder ver o Terreiro do Paço como ainda ficaram sujeitos
a eternizarem-se em engarrafamentos nas vias alternativas de circulação
ou a optarem por largos desvios do seu trajecto normal para evitarem o
caos causado pela promessa eleitoral de António Costa. Mas faltava-me
ver o resultado útil do Terreiro do Paço "devolvido aos lisboetas".



Domingo passado, resolvi fazer a experiência e o que vi, que atesto
por minha fé e que relato, encerra uma lição eloquente sobre os efeitos
práticos da demagogia na política. Entrei a pé na praça, começando por
constatar que havia três polícias municipais de serviço em cada rua de
acesso, velando pelo cumprimento da ordem do senhor presidente da
Câmara. Seriam ao todo uns vinte ou trinta, seguramente pagos em horas
extraordinárias pelos arruinados cofres da CML. Na praça, propriamente
dita, reparei, ao entrar, num gigantesco palco negro para eventos,
tapando a vista do Tejo e deserto de eventos e de gente. Um ciclista
circulava à roda - um; três raparigas estavam sentadas no chão, junto
ao D. José; um casal jogava pingue-pongue (ó, genial ideia!) numa mesa
colocada nas arcadas; quatro turistas olhavam à volta, com um ar
perdido; e, ao fundo, consegui distinguir duas crianças pelas mãos dos
respectivos progenitores. E, depois, polícias e mais polícias: havia
mais polícias a travar o trânsito automóvel do que transeuntes na
praça. Nunca em dias da minha vida tinha visto o Terreiro do Paço tão
deserto: até parecia que o Putin ia passar por ali.



Resolvi então ir experimentar o muito falado cozido dos domingos do
chefe Vítor Sobral, no restaurante que tem o nome da praça. Mas eis o
inesperado: aos domingos, justamente, o restaurante só serve sanduíches
e refrigerantes, numa pindérica esplanada de mobília de fórmica
colocada em plena rua. Em recurso, tentei o Martinho da Arcada, a única
alternativa, mas estava fechado; em desespero, tentei todos os outros
restaurantes das proximidades, mas estavam todos também solenemente
fechados - aliás, estava o comércio inteiro. Enfim, conformado e
esclarecido, regressei aonde tinha deixado o meu inestimável carro, que
me transportou para onde o dr. António Costa não declarou ainda zona
liberta e onde havia um restaurante de portas abertas para me receber.



Já Santana Lopes, à míngua de quaisquer ideias para Lisboa, que
nunca teve, havia feito a experiência politicamente correcta de fechar
o Chiado e o Monsanto aos automóveis durante os fins-de-semana. A
experiência terminou a tempo de evitar a desertificação de ambas as
zonas, mas, pelos vistos, não serviu de lição para o futuro. Há ideias
feitas e demagógicas (talvez produzidas numa dessas agências de
comunicação da moda, que tratam de fazer eleger os políticos e
fornecer-lhes ideias) que são mais teimosas e triunfantes do que
qualquer verdade visível a olho nu. Mas, quem sabe, talvez um dia
destes o dr. António Costa queira ir, incógnito, almoçar ao Terreiro do
Paço ao domingo. E a pé, não no carro de serviço.
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Vitor mango

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Mensagens : 4711
Data de inscrição : 13/09/2007

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MensagemAssunto: Re: As públicas virtudes   As públicas virtudes EmptySeg Nov 05, 2007 2:00 pm


1 Nicolas Sarkozy levantou-se a meio de uma entrevista à
estação de televisão americana CBS quando a entrevistadora lhe resolveu
fazer uma pergunta sobre o seu divórcio, então ainda não anunciado.



"Qu'est-ce que c'est que cette question?", perguntou ele, antes de
se levantar, deixando a jornalista pregada à cadeira, e rematando a
caminho da saída: "Au revoir, bon courage!"



boa boa gostei
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MensagemAssunto: Re: As públicas virtudes   As públicas virtudes EmptySeg Nov 05, 2007 2:03 pm

Ter amante na FRANCA e NORMAL. Nos USA e escandalo!!!
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