Galp descobre um terço do PIB no mar do Brasil
A descoberta de petróleo no poço Tupi Sul, ao largo da bacia de Santos,
no Brasil, permitirá à Galp, com a sua posição de 10% naquele campo,
garantir um terço do consumo português nos próximos 15 a 18 anos,
afirmou ao DN o presidente executivo da Galp. Ferreira de Oliveira
parte de uma estimativa cautelosa de que as reservas não ultrapassarão
os seis mil milhões de barris, o que daria à petrolífera nacional 600
milhões de barris.
Mas se as reservas chegarem ao máximo estimado de oito mil milhões de
barris, à cotação actual (mais de 95 dólares o barril), o petróleo que
caberia à Galp vale qualquer coisa como 54,2 mil milhões de euros, ou
seja, um terço da riqueza produzida anualmente em Portugal.
Mas a boa notícia é que, ao mesmo tempo, esta descoberta irá ajudar a
petrolífera a alcançar a meta desejada de uma produção própria de 150
mil barris diários de crude já no horizonte de 2015, apenas com o
porta-fólio de blocos petrolíferos que tem hoje no Brasil, Angola,
Moçambique e Timor, admitiu Ferreira de Oliveira. O que significa 50%
do consumo to- tal diário nacional - de 300 mil barris dia -, que a
empresa processa nas suas refinarias de Sines e Matosinhos.
Uma meta que tinha sido apresentada aos investidores a 22 de Outubro,
mas com um horizonte de " longo prazo". Ferreira de Oliveira já conta
com a duplicação da produção actual da Galpenergia, de 18 mil barris
dia para 34 mil barris até 2012, graças essencialmente ao petróleo
extraído do Bloco 14, em Angola. De fora destas contas estão os barris
que poderão vir da Venezuela, resultantes de um acordo recentemente
assinado com a Petroleos da Venezuela.
A produção no Brasil só deverá arrancar, na melhor das hipóteses, em
2011, segundo estimativas da Petrobras. Estimativas que outros
especialistas do sector contactados pelo DN consideram muito optimista.
Até lá, o poço agora descoberto irá exigir investimentos elevados, que
serão partilhados entre a petrolífera portuguesa e a sua parceira
brasileira, que detém 65% do consórcio. Sobre o montante destes
investimentos, Ferreira de Oliveira prefere não falar, para já.
O certo é que o plano estratégico da petrolífera portuguesa para o
período de 2007 e 2013 prevê investimentos para área da pesquisa e
exploração petrolífera da ordem dos mil milhões de euros.
Mas se as descobertas feitas no Tupi são boas novas para Galp e para
Portugal, são ainda melhores para o Brasil. As estimativas de Tupi
permitem aumentar em cerca de 50% as reservas petrolíferas brasileiras
e passar de um produtor médio (24.º lugar no ranking mundial) para um grande produtor, entrando directamente no top ten.
Por isso, até o primeiro-ministro, José Sócrates, já manifestou publicamente a sua satisfação com as notícias do campo petrolífero Tupi. "É uma notícia boa para o Brasil, mas também para a Galp e para a economia portuguesa", afirmou aos jornalistas que acompanham a cimeira ibero-americana em Santiago do Chile.
A Galp, que comunicou na quinta-feira ao mercado a descoberta daquele
poço, considera que este resultado tal como os que tem conseguido em
Angola são fruto de mais de uma década de trabalho e de investimentos
neste sector. Apesar de as primeiras apostas terem sido feitas nos anos
80 em Angola, foi a partir de 1995 que houve um esforço maior de
investimento na prospecção e exploração petrolífera, onde só está quem
pode gastar milhões.
DN
10-11-2007