Sergey Bukka é um homem de recordes O atleta ucraniano, glória do salto à vara, bateu por trinta e cinco vezes o recorde do mundo da especialidade, dezoito das quais em pista fechada e as restantes dezassete ao ar livre. Um vencedor de excepção cuja a última vez que saltou a 31 de julho de 1994 elevou a fasquia para os 6 metros e 14. Um recorde atingido em Sestrièers, Itália, e que continua longe de ser ultrapassado. Atleta fora do comum, Sergey Bukk tornou-se num homem influente, membro do Comité Olímpico Internacional e presidente da Comissão dos Atletas. A Euronews entrevistou-o no Mónaco.
Euronews: O seu recorde do mundo mantêm-se. Como é explicar que os melhores saltadores à vara ainda não tenham ultrapassado a sua marca? Como explicar a longevidade deste recorde?
Sergey Bukka: Eu sempre me empenhei na busca por técnica, concentração e melhoria de resultados. Fiz um bom trabalho e estou muito satisfeito com a carreira desportiva que moldei. Eu era um apaixonado e entusiasta do salto à vara.
Euronews: Os atletas masculinos estagnaram e está visto que não conseguem aproximar-se do seu recorde do mundo. Pelo contrário, as mulheres melhoram as suas performances a cada ano que passa. Qual é a sua opinião sobre o salto à vara no feminino e sobretudo a actuação de Yelena Isinbayeva?
Sergey Bukka: Considero muito bom o desenvolvimento do salto à vara feminino, temos excelentes atletas com personalidades magníficas como é caso de Ysinbayeva. Este cenário torna o desporto mais popular, famoso e coloca o atletismo no centro das atenções. Uma mulher saltar mais de 5 metros é verdadeiramente fantástico.
Euronews: Tendo em conta todas as críticas que rodeiam os próximos Jogos Olímpicos em Pequim, como o não respeito pelos direitos humanos e a poluição, qual é a sua opinião sobre o evento a acontecer em 2008?
Sergey Bukka: Se olharmos com atenção para os últimos seis anos, pudemos observar as mudanças positivas que pequim implementou em relação aos direitos humanos, e veremos também um país cada vez mais aberto. Os media podem escrever...E para além disso, houve um grande investimento financeiro em soluções ambientais, contra a poluição. Eu consigo identificar estas mudanças porque viajo muito para a região como membro da comissão de coordenação. Asseguro que os Jogos trouxeram à China mudanças muito positivas.
Euronews: Qual é o seu comentário sobre o caso Marion Jones e o envolvimento da atleta na dopagem?
Sergey Bukka: É extremamente negativo que Marion Jones se tenha revelado uma atleta que recorreu a substâncias dopantes. Precisamos de indentificar as razões que estão por detrás da sua atitude. Mas sei que estamos a ficar cada vez mais fortes, para encontrar os atletas que escolheram a via errada, enfim, que enganam. O comité olímpico decidiu para 2008, que um atleta apanhado com substâncias dopantes será suspenso por 6 meses, e banido dos jogos olímpicos seguintes.
Euronews: O Campeonato da Europa de Futebol 2012 terá lugar na Ucrânia e na Polónia, enquanto os Jogos Olímpicos de 2014 serão em Sochi na Rússia. Que nova atracção é esta pelo Este europeu?
Sergey Bukka: O Este europeu está a viver um período de desenvolvimento muito veloz. A decisão da UEFA ao escolher Ucrânia e Polónia para o Euro 2012, projecto em que eu também estive envolvido, é claro que me deixa contente e orgulhoso. Estamos ansiosos para trabalhar a fundo no sucesso do Euro 2012.
Euronews: Confesso que eu e os meus colegas apostámos que se neste instante lhe dêssemos uma vara para saltar, não faria mais de cinco metros...
Sergey Bukka: O quê? Não! Está a brincar comigo!? Cinco metros é muito fácil! Ainda salto acima dos cinco metros e cinquenta, sem sombra de dúvida!