Moscovo deixa de prestar informação no âmbito do Tratado sobre Forças Convencionais na Europa
Moscovo, 07 Dez (Lusa) - Moscovo vai deixar de informar os restantes países participantes no Tratado sobre Forças Convencionais na Europa sobre o estado das Forças Armadas a partir de 15 de Dezembro, informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
O director do Departamento de Segurança e Desarmamento do MNE da Rússia, Anatoli Antonov, disse que este compromisso estava previsto no Tratado sobre Forças Convencionais na Europa, mas será suspenso devido à entrada em vigor da moratória do mesmo tratado, anunciada pelo Kremlin a partir de 12 de Dezembro.
"O Tratado sobre Forças Convencionais na Europa adaptado não vigora. O sistema de troca de informação não entrou em funcionamento. Por enquanto funciona o velho Tratado que foi elaborado entre a NATO e o Tratado de Varsóvia. Tem-se em vista a informação fixada pelos artigos do Tratado. A partir de 15 de Dezembro, não daremos mais informação nenhuma", anunciou Antonov.
A Rússia não aceita que as limitações nos flancos, previstos no Tratado, visem apenas o seu país, declarou.
"Imaginem se (o Presidente dos Estados Unidos) George W. Bush não pudesse deslocar as suas tropas da Califórnia para mais perto de Nova Iorque. Isso é ridículo", frisou o diplomata russo, acrescentando que os países do Báltico, Letónia, Lituânia e Estónia, bem como a Eslovénia, devem também ser participantes do Tratado adaptado sobre Forças Convencionais na Europa.
"Nós também insistimos na elaboração de uma compreensão precisa e clara do que constituem forças armadas consideráveis. Na chamada 'zona cinzenta' não devem estar deslocadas forças armadas consideráveis", adiantou Antonov.
Por outro lado, o diplomata russo sublinhou que o país não renuncia a conversações sobre o Tratado, mas repete as exigências de Moscovo: o documento deve ser ratificado por todos os membros da NATO, deve ser assinado pelos países do Báltico e devem ser liquidadas as limitações de flanco para a Rússia (nas Regiões Militares de Leninegrado e do Cáucaso do Norte).
Este e outros problemas irão ser discutidos na reunião do Conselho Rússia-NATO, que se realiza hoje em Bruxelas e onde participará o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo pretende também discutir a questão da instalação de um sistema de defesa anti-míssil norte-americano no Leste da Europa.
"Segundo os nossos cálculos, num futuro previsível, não haverá ameaças para os Estados Unidos que justifiquem a instalação de elementos do sistema de defesa anti-míssil no território da Polónia e da República Checa" - declarou o porta-voz do MNE russo, Mikhail Kaminin.
As autoridades de Moscovo "estão convencidas de que semelhante passo poderá alterar substancialmente o equilíbrio estratégico no continente europeu e abalar a confiança que com tanta dificuldade foi ganhando terreno depois da guerra fria", sublinhou o diplomata.
JM.
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