Sócrates vaiado no Parlamento Europeu
Protesto da Esquerda Unitária para exigir referendos ao Tratado de Lisboa
Deputados
do Grupo de Esquerda Unitária - que inclui as delegações do PCP e Bloco
de Esquerda - interromperam a sessão plenária do Parlamento Europeu, em
Estrabsurgo, antes e durante a intervenção do presidente em exercício
da UE, José Sócrates, para exigir a realização de referendos ao Tratado
de Lisboa. A acção de protesto, que se prolongou por alguns
minutos, aconteceu na cerimónia de proclamação solene da Carta dos
Direitos Fundamentais dos cidadãos europeus, pelos presidentes das
instituições europeias, José Sócrates (Conselho), Durão Barroso
(Comissão Europeia) e Hans-Gert Poettering (Parlamento Europeu). No
momento em que José Sócrates se preparava para intervir, eurodeputados
daquele grupo político vaiaram o presidente em exercício do Conselho,
mostraram faixas a exigir a realização de consultas populares e os seus
gritos de "referendo, referendo" adiaram o início do discurso do
primeiro-ministro português e depois interromperam-no, apesar das
intervenções de Hans-Gert Poettering.
"São contra a Europa" No
final da sessão, José Sócrates mostrou-se pouco incomodado com o
protesto, considerando que os eurodeputados que nela participaram "são
contra a Europa" e declarando que se sentiu "muito bem" com o facto de
a maioria da assembleia ter respondido com aplausos de pé aos apupos e
palavras de ordem. Questionado sobre se a sessão ficou manchada
pelo protesto, José Sócrates respondeu: "Manchada? Não, não, pelo
contrário. A Europa é justamente assim. A Europa é uma Europa tolerante
mesmo para aqueles que não têm boas maneiras ou que não as usam",
respondeu. "Gosto destes momentos parlamentares e sei bem o que
os motiva: verdadeiramente aqueles deputados todos são contra a
Europa", acrescentou.
"Há forças extremistas que ficam nervosas"Já
Durão Barroso manifestou-se particularmente "indignado com a forma como
alguns eurodeputados trataram os funcionários do Parlamento, que faziam
o seu dever". "Sempre que se fala de direitos fundamentais na
Europa, há forças extremistas que ficam nervosas", comentou.
"Demonstram uma grande falta de respeito pelas pessoas, pelos
trabalhadores, e por isso não fico admirado quando vejo pessoas que não
respeitam no concreto os direitos dos trabalhadores e das pessoas
ficarem também nervosas quando se fala em direitos fundamentais",
disse. O protesto, realizado na véspera da assinatura do novo
Tratado, em Lisboa, foi justificado pelo Grupo de Esquerda Unitária
pela necessidade de "tornar claro" a Durão Barroso e José Sócrates "que
não podem ignorar as opiniões dos cidadãos europeus na questão do
futuro da Europa".