Igreja quer criar rede social aplicada à saúde em todo o país
O coordenador da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde defendeu hoje a criação de uma rede social aplicada à saúde no país, envolvendo organismos católicos, públicos e privados no apoio à pessoa ao longo de toda a sua vida.
Falando em Fátima, na sessão de abertura do XX Encontro Nacional da Pastoral da Saúde, o padre Vítor Feytor Pinto considerou que as limitações das várias instituições que trabalham no terreno podem ser compensadas com um reforço da cooperação.
Nesse sentido, a Igreja criou os Centros de Apoio à Vida, um projecto-piloto que inclui na mesma instituição «todas as componentes ao nível da saúde, psicologia, espiritualidade e apoio religioso para cada pessoa».
«Não se pretende interferir nas decisões das pessoas mas, consoante as suas decisões de vida, procuramos levá-las a um quadro de felicidade», explicou Vítor Feytor Pinto.
No entanto, para concretizar este trabalho, é necessária uma «maior cooperação com o Estado e outras ONG no terreno», à semelhança do que já é feito com a denominada Rede Social, que inclui várias instituições ligadas ao apoio social.
«Queremos uma espécie de rede social da saúde» ao nível de cada comunidade em que existem «parcerias estreitas» entre os vários organismos, salientou o sacerdote.
Depois, é objectivo da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde elaborar «linhas de orientação claras e definidas de boas práticas para casos concretos», sem qualquer tipo de juízo moral preconcebido.
«Não temos uma nova evangelização se não tivermos um espírito de abertura a toda a gente», pelo que as instituições católicas devem apostar numa «relação ecuménica e inter-religiosa» com a sociedade.
Actualmente, existem três Centros de Apoio à Vida (Braga, Ermesinde e Vila Real), que atendem casais em dificuldade, acompanham famílias, organizam cursos de formação e apoiam a maternidade, dando particular atenção à problemática da gravidez na adolescência.
Para o Núncio Apostólico em Portugal, D. Alfio Rapisarda, a Igreja «não se pode ficar nas boas intenções», mas deve investir em «projectos concretos» de apoio aos mais carenciados, cumprindo no terreno a doutrina social católica.
Por seu turno, o bispo de Portalegre-Castelo Branco, D. José Alves, que é também presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, recordou que «os recursos da Igreja são muito limitados» e dependem das ofertas dos fiéis, mas o objectivo é «apostar numa rede de cuidados para que a vida seja acolhida como um dom inestimável».
Actualmente, a «Igreja tem a sua rede a funcionar em várias áreas», como o apoio a deficientes, famílias ou toxicodependentes, mas a meta é «melhorar o modo de actuar destas instituições, estabelecendo novas parcerias com o Estado».
«A Igreja não fecha as suas portas a ninguém» e «todo aquele que precisa, é digno de ser atendido, cuidado e tratado», assegurou o prelado.
Diário Digital / Lusa
26-11-2007