Portas apanhado no Furacão
O Ministério Público considera que existem «fortes suspeitas» e «elevada plausibilidade» de que os donativos de um milhão de euros, depositados pelo CDS numa conta bancária, em Dezembro de 2004, tiveram origem no concurso dos submarinos, decidido por Paulo Portas quando era ministro da Defesa
O inquérito já foi instaurado em Julho de 2006, no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), mas só nos últimos meses começaram a ser realizadas diligências.
O processo tem na sua base um conjunto de documentos apreendidos na sede da Escom durante as buscas da Operação Furacão (a mega-investigação de crimes de fraude fiscal e branqueamento de capitais), em Outubro de 2005.
A Escom tem sede nas Amoreiras, em Lisboa, integra o Grupo Espírito Santo (GES), está a ser investigada no processo Furacão e foi a entidade que negociou as contrapartidas do concurso dos submarinos, em 2003, entre o Estado português e o consórcio alemão GSC.
Parte da documentação apreendida foi então remetida ao processo Portucale – onde o MP já investigava a origem dos donativos ao CDS (todos em numerário e com recibos falsos), mas relacionados com crimes de tráfico de influências. O MP interceptara também conversas telefónicas entre Abel Pinheiro, responsável financeiro do CDS, e Paulo Portas, o líder. Nesses telefonemas, referenciam-se «compromissos» e «acordos» com Luís Horta e Costa, administrador da Escom, além de um pagamento «em Dezembro de 2004».