Hillary e Obama travam guerra em anúncios e comícios
Bruno Garcez Enviado especial da BBC Brasil a Austin (Texas)
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Hillary Clinton atraiu celebridades como a atriz America Ferrara (esq.) |
Os dois pré-candidatos democratas na corrida presidencial americana, a senadora Hillary Clinton e o senador Barack Obama,
levaram a sua acalorada disputa para as ondas da TV. A campanha de Hillary criou um anúncio acusado pelos correligionários de Obama de ser um incitamento ao medo.
O comercial mostra o quarto de uma casa de família americana, com crianças dormindo, seguido da voz de um locutor, que diz:
''São
três horas da manhã e seus filhos estão dormindo tranqüilos. Mas há um
telefone tocando na Casa Branca. Alguma coisa está acontecendo no
mundo. O seu voto decidirá quem atenderá esse telefonema. Alguém que
conhece os líderes mundiais e os militares, uma pessoa que já foi
testada e que está preparada para liderar em um mundo perigoso''.
Leia também na BBC Brasil: Prévia democrata do Texas segue formato único nos EUA Ao
final do anúncio, o locutor volta a repetir a frase inicial e conclui:
''São três horas da manhã e seus filhos estão dormindo tranqüilos. Quem
você quer que atenda esse telefonema?''. Em seguida, é mostrada a
imagem de Hillary, de óculos, ao telefone.
Resposta de Obama Os correligionários de Hillary argumentaram que o anúncio não visava afugentar eleitores, mas sim destacar a experiência de
Hillary e sua capacidade de decidir em um espaço curto de tempo.
Em menos de 48 horas, a campanha de Obama criou um anúncio respondendo ao comercial da rival.
O
anúncio utiliza as mesmas frases iniciais do comercial de Hillary, mas
acrescenta um encerramento distinto, dizendo que o presidente deveria
ser aquele que, ao atender ao telefone, seria capaz de avaliar
corretamente e ter a coragem de se opor à guerra do Iraque desde o
começo.
A propaganda termina com os dizeres: ''Em um mundo perigoso, é a capacidade de decidir que importa''.
A reposta de Obama foi semelhante ao teor de seu anúncio. ''A questão não é atender ao telefone, é o tipo de decisão que você
vai tomar quando atender ao telefone.''
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Campanha de Obama resolveu lançar propaganda como uma 'resposta' à Hillary |
O comentário foi uma referência ao fato de que, em 2002, a senadora Hillary Clinton votou a favor da guerra do Iraque.
Discurso x contradições Durante
um evento de campanha em Dallas, no Texas, um dos quatro Estados que
terão primárias no próximo dia 4 de março, Hillary destacou que ela tem
a experiência necessária para concorrer contra o provável candidato
republicano John McCain.
A senadora também acusou seu rival democrata de fazer uso oportunista de um discurso realizado por ele antes de sua chegada
ao senado, quando ele se posicionou pela primeira vez contra a guerra do Iraque.
''Acredito que vocês são capazes de imaginar o que o senador McCain terá a dizer, que ele nunca foi o presidente, mas que
ele irá se valer de sua experiência acumulada ao longo da vida.''
Hillary destacou que ela também fará uso da experiência que adquiriu ao longo de sua trajetória política, mas que ''o senador
Obama fará uso de um discurso que ele fez em 2002''.
Durante
um evento de campanha em Rhode Island, Obama procurou estabelecer
contrastes entre o seu estilo de fazer política, que enfatiza a
necessidade de implantar mudanças, e o dela, que seria marcado por
contradições e guinadas eleitoreiras.
''Mudança verdadeira não é votar a favor da guerra de George Bush no Iraque e depois dizer ao povo americano que na verdade
aquele foi um voto em busca de mais diplomacia.''
E
acrescentou, com ironia: ''O projeto de lei se chamava 'Uma resolução
para autorizar o uso das Forças Armadas dos Estados Unidos contra o
Iraque'. Isso soa como se você estivesse votando pelo uso das Forças
Armadas dos Estados Unidos contra o Iraque''.