caes de guerra
Histórico |
Demonstração com cães de guerra |
Há muito tempo e em quase todos os lugares do mundo, foram confiadas
aos cães as mais diversas tarefas, algumas delas pouco pacíficas. São
relatados casos de cães-de-guerra entre os egípcios, os sumérios e nos
exércitos de Ciro e Alexandre Magno. Os romanos utilizavam de cães, em
suas legiões, cobertos de couro e portando fogo em recipientes de
bronze, para incendiar acampamentos inimigos. Estes também portavam
colares com pontas de ferro e lancetas para ferir e lacerar cavalos e
homens.
No século XIV, cães eram forçados a engolir tubos de metal que
continham mensagens e informações, pois só os animais tinham livre
trânsito, entre fronteiras. Ao chegarem em seus destinos, eram
sacrificados, e assim recuperava-se a mensagem. No século XVI, na
guerra franco-britânica, Henrique VIII utilizou-se de mais de 500 cães
contra Carlos V da França. Os conquistadores também usaram cães no
aniquilamento dos impérios inca e asteca. Os índios dos Estados Unidos
da América (EUA) aproveitavam seus cães como sentinelas em seus
acampamentos, na captura de invasores e como fonte alimentar.
No final do século XIX, os alemães utilizaram cães de grande porte
como agentes de ligação ou sentinelas. A Alemanha entrou na guerra em
1914, com aproximadamente 6.000 cães treinados, em clara vantagem
contra os cerca de 250 cães sanitários do exército francês que, em
virtude da evolução do conflito para a guerra de trincheiras, foram
desativados e posteriormente utilizados para com seu faro apurado,
detectar a presença de gases tóxicos e outros engenhos químicos.
Com a experiência na utilização dos "pioneiros" cães transportadores
de mensagens, teve início o uso de cães de ligação que, além de
transportar uma mensagem na sua coleira, ainda transportavam um pombo
correio em um colete destinado à resposta da mensagem. Outra função
bastante desempenhada pelos cães durante a 1ª Guerra foi a de
transportador de víveres e munições. Esses cães foram bastante
utilizados no pós-guerra na reconstrução das cidades e na reabilitação
dos mutilados no conflito. Também está registrado o emprego de cães na
vigilância de campos de prisioneiros e no rastro de foragidos.
No deflagrar da 2ª Grande Guerra, outra vez foram os cães
utilizados. principalmente na prevenção de sabotagens e para economia
dos efetivos em funções de guardas e sentinelas. Deve-se ressaltar,
nessa fase, o emprego por parte da antiga União Soviética de cerca de
40.000 cães "suicidas", armados com bombas e usados para conter o
avanço da divisão Panzer alemã. Com o advento da Guerra da Coréia, pela
primeira vez foram utilizados cães treinados de forma homogênea e com
destinação definida, os "cães patrulheiros". Dados estatísticos do K-9
Unity creditam aos cães empregados nesse conflito uma diminuição em
cerca de 60% nas baixas de combatentes norte-americanos nas missões de
patrulhas.
Após o término da guerra da Coréia e a observação do emprego de cães
pelo exército dos EUA durante o conflito do Vietnã, o Exército
Brasileiro viabiliza a utilização de Cães-de- Guerra; por meio da
portaria nº 318-GB, de 12 de outubro de 1967, que aprovava e mandava
pôr em execução o Manual C42-30 Adestramento e Emprego de
Cães-de-Guerra e da portaria Nr 932, de 24 de junho de 1970, que
autorizava o emprego de Cães-de-Guerra nas organizações militares de
Polícia do Exército, no Curso de Operações na Selva e Ações de Comando
e na Brigada de Infantaria Pára-quedista. Atualmente, o Exército
Brasileiro conta com o emprego de animais que são utilizados na
segurança de pontos e áreas sensíveis, desfiles cívico-militares,
escolta e guarda de presos, busca de drogas e de explosivos, operações
de controle de distúrbios e de garantia da lei e da ordem, revista de
instalações e patrulhamento de área e de pessoal.
Os Cães-de-Guerra vêm sendo utilizados, ainda, para guarnecer postos e perímetros, aumentando a segurança dos aquartelamentos.
Preparo e seleção |
Demonstração com o efetivo de cães do 2° BPE |
Os militares e cães, após passarem por um processo seletivo que
enfoca, entre outros atributos, os da área afetiva, são qualificados e
adestrados de forma a compor um binômio de trabalho. Os oficiais e
sargentos, após um período de cerca de sessenta dias de instrução, no
qual freqüentam as disciplinas de teoria cinófila, psicologia canina,
práticas e técnicas de adestramento, enfermagem veterinária, emprego
militar de Cães-de-Guerra e gerenciamento de canis militares, estarão
aptos a adestrar e a chefiar as Seções de Cães-de-Guerra.
Os cabos e soldados freqüentam as disciplinas básicas, com exceção
de gerenciamento de canis, sendo formados como cinotécnicos tratadores,
aptos, ainda, ao emprego de Cães-de-Guerra. Está em estudo, atualmente,
a transformação dos Estágios VC-50 e U-12 em Cursos de Adestramento e
Emprego de Cães-de-Guerra devido à grande carga horária, com cerca de
quatrocentas horas, e à abrangência curricular. O Exército Brasileiro
tem recebido ainda, para cursos e estágios cinotécnicos, militares das
demais Forças, policiais militares e civis, bombeiros militares e
integrantes da defesa civil.
Estrutura e instalaçõesAs Seções de Cães-de-Guerra do Exército Brasileiro são classificadas
em três tipos, de acordo com o efetivo canino e com o Quadro de
Distribuição de Efetivo, sendo a menor fração (Seção de Cães-de-Guerra
I) constituída por três animais para organização militar valor pelotão,
e a maior fração, para valor unidade, com doze cães (Seção de
Cães-de-Guerra III). As instalações básicas compõem-se, conforme a
portaria nº 049, de 30 de dezembro de 1997 - Normas para Criação e
Construção de Canis Militares, que prevê boxes individuais e solário
para os Cães-de-Guerra, depósito de ração, alojamento para o pessoal de
serviço, enfermaria veterinária, depósito, isolamento, área de
treinamento e sala de chefia e administração.
As Seções de Cães-de-Guerra são subordinadas tecnicamente à Seção de
Remonta e Veterinária do Departamento Logístico, sediado este no
Quartel General do Exército, em Brasília.
Recentemente, esta implantou no Batalhão de Polícia do Exército de
Brasília o Centro de Reprodução de Cães-de-Guerra, responsável pela
criação e provimento de cães, a fim de selecionar animais e raças que
melhor se adeqüem ao emprego militar.