Relatório recomenda obras de fundo na ponte
Um estudo da Parsons, empresa responsável pelos planos de engenharia da Ponte 25 de Abril, em Lisboa, alerta para a necessidade de em breve se fazerem obras nesta travessia.
O documento da Parsons, datado de 2004 e ao qual o SOL teve acesso, propõe à Estradas de Portugal (EP) a modificação do actual tabuleiro, por este estar a «
aproximar-se do fim da sua vida útil». Da autoria do vice-presidente daquela empresa norte-americana, Kenneth P. Serzan – especialista em projectos de engenharia para pontes –, o relatório explica que existem preocupações devido «
ao barulho, segurança e manutenção do tabuleiro actual». O responsável diz ainda que, «
devido à inclusão do sistema ferroviário, é muito difícil realizar actividades de inspecção e manutenção no tabuleiro envelhecido».
Por outro lado, em outros documento internos, a que o SOL teve acesso, a Parsons alerta para a necessidade de se realizaram também obras nas traves. Os peritos referem que, como é natural em todas as pontes com mais de 40 anos, estão a desenvolver-se fissuras que, apesar de não apresentarem risco de queda da estrutura, mostram uma necessidade de intervenção urgente. Isto porque o comboio, que foi introduzido em 1999 «
no piso inferior, produz deformações nos pilares».
Ao mesmo tempo, estão a desenvolver-se fissuras nas traves, «
devido ao elevado tráfego da ponte», desde que foi construída em 1966. Actualmente passam nesta travessia 160 mil veículos por dia.
Segundo os técnicos da Parsons – que comandaram as operações de engenharia quando, em 2000, o tabuleiro foi alargado –, as obras podem ser feitas em dois anos, de forma faseada, diminuindo o número de faixas abertas ao trânsito, ou apenas num ano, caso se opte por encerrar a ponte.
EP diz que não há perigo e recusa obrasA EP admite ter conhecimento do estudo – que diz ter sido «
iniciativa da Parsons, no exercício da sua actividade comercial» –, mas garante que não há necessidade de obras na Ponte 25 de Abril.
«
A EP, ponderada a razoabilidade do investimento, a sua extemporaneidade face ao estado de conservação do existente [tabuleiro] (...) decidiu não dar seguimento à proposta apresentada» – explicaram ao SOL, por escrito, os responsáveis da empresa. A EP diz que está a ser vítima de «
pressão inaceitável» e garante que «
os problemas estruturais que a Ponte tem tido, não são expressivos, nem preocupantes». Isso mesmo, salientam, foi confirmado pelo Instituto de Soldadura e Qualidade (ISQ) que tem feito inspecções à travessia.