A EXTRAORDINÁRIA HISTÓRIA DO BEAR
Manuel Queiroz - jornalista
A história do Bear Stearns, um banco de investimento que ultrapassou a grande depressão dos anos 30 e que na semana passada foi comprado pelo JP Morgan com o apoio do banco central americano, afinal ainda não acabou. Ontem, o JP Morgan teve de quintuplicar a oferta (de dois para dez dólares por acção de que há duas semanas valia 70), em parte por pressão dos accionistas, mas também porque o contrato que tinham assinado afinal não era bom para o JP.
O Cincinnati Enquirer já tinha ontem na manchete a nova oferta: "Negócio gigante da finança em risco" e, logo abaixo: "Resistência obriga Morgan a oferecer dez dólares, não dois." O New York Times não podia deixar de estar em cima deste caso, também e o título principal é "JP Morgan em negociações para aumentar a oferta sobre o Bear Stearns".
A questão é que o acordo foi contestado, por exemplo, por Joe Lewis, que no último ano investiu mais de mil milhões de dólares no Bear porque achava que o título estava demasiado baixo e só podia subir (comprou a cem dólares quando meses antes estava a 170). Afinal está a perder... quase tudo. Houve também muitos empregados do Bear, que têm um terço do capital, que começaram a protestar. E o acordo, afinal, dá tais garantias ao Bear, que, segundo o New York Times, James Dimon, presidente do JP, ficou "apopléctico" quando descobriu que no papel estavam mais garantias para o Bear do que ele imaginava. Finalmente, os últimos números sobre vendas de casas nos EUA são muito esperançosos e a Bolsa reagiu bem a esses dados.
De qualquer forma, noutro plano o que se discute é que tipo de regulação vai haver a partir daqui. O grande título do Wall Street Journal é precisamente "Pêndulo político pende para regulação mais estrita". Ou seja, diz o WSJ, o consenso que vem da Administração Reagan de que menos regulação é bom para a economia está a mudar em Washington depois dos problemas financeiros.
dn