Encontro histórico entre líderes da China e Taiwan

O Presidente da República Popular da China, Hu Jintao, e o vice-presidente eleito de Taiwan, Vincent Siew, reuniram-se ontem numa localidade no sul da China naquele que foi o encontro de mais alto nível entre os dois lados em mais de 50 anos.

Os dois dirigentes reuniram-se à margem de uma conferência económica em Boao, estância turística na ilha de Hainan, tendo abordado possíveis formas de desenvolver um diálogo substancial entre os dois Governos.

Numa atmosfera caracterizada como "amigável, franca e harmoniosa" por Siew, este e Hu Jintao terão aberto um novo capítulo nas relações entre os dois lados do estreito de Taiwan neste encontro de 20 minutos. Um elemento da delegação de Taiwan, Su Chi, afirmou que o objectivo "era quebrar o gelo" e "inaugurar um novo período" nos contactos entre Pequim e Taipé, agora que se aproxima do final a Presidência de Chen Shui-bian, que manteve ao longo dos seus dois mandatos uma postura política e diplomática considerada provocatória pela RPC.

Pequim considera Taiwan uma província renegada, desde que em 1948, derrotado no guerra civil pelo Partido Comunista da China, o Kuomintang (KMT) dirigido por Chian Khai-shek se instalou na ilha, mantendo a designação de República da China, fundada em 1911 por Sun Yat-sen. Desde então, vive-se um clima de tensão recorrente - com alguns picos recentes nas presidências de Lee Teng-hui e Chen Shui-bian - no estreito que divide a ilha da China continental.

Com tomada de posse prevista para 20 de Maio, Siew e o Presidente eleito Ma Ying-jeou, ambos do KMT, defenderam durante a campanha eleitoral um novo estilo de relacionamento com Pequim. Uma estratégia assente no reforço das relações económicas, no desmantelamento de barreiras e entraves a uma maior circulação de pessoas, bens e capitais e na intenção de assinar um tratado de paz, que ponha fim formal à guerra civil.

Pequim define como prioridade a reunificação de Taiwan, enquanto na ilha o debate tem oscilado entre a afirmação de uma distinta identidade nacional face à China continental - opção privilegiada por Lee e Chen - e uma estratégia assente na expectativa de transformação a longo prazo do regime comunista, defendida pelo KMT.

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