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| Assunto: Portugueses gastam 40 litros de água por dia em autoclismos Seg Abr 14, 2008 12:59 am | |
| Cada português usa diariamente em instalações sanitárias e autoclismos uma média de 40 litros de água com qualidade para consumo humano que poderiam ser substituídos por águas de esgoto depuradas, defende um especialista. "Em média, cerca de 95% da água que os sistemas públicos põem à disposição dos consumidores para os diversos usos domésticos não teria de ter qualidade para consumo humano", afirma Amílcar Ambrósio, engenheiro civil e sanitarista.
Segundo o especialista, são suficientes cinco litros de água diários por habitante para beber e para a confecção de alimentos. No entanto, o consumo de água per capita ronda os 120 litros diários.
"Isto deve fazer-nos reflectir", comenta Amílcar Ambrósio, defensor da aplicação de águas residuais depuradas, não só em instalações sanitárias, mas ainda noutros fins, como rega, higiene urbana, construção, ataque a incêndios, reservas de água recreativas ou certos usos industriais.
Em Portugal, as Águas do Oeste (empresa que serve populações dos distritos de Leiria e de Lisboa) já têm em fase de concretização este tipo de processo.
Amílcar Ambrósio antecipa reacções negativas por parte das populações, que podem temer o uso de água com parâmetros de qualidade menores, se não lhes for devidamente explicado como funciona o sistema e quais as vantagens.
E o preço pode ser um dos aliciantes: "a água residual tratada revela-se, como regra, mais barata".
Actualmente, paga-se, em média, 0,70 euros por metro cúbico (m3) de água e os custos da água residual depurada andarão entre os 0,35 euros/m3 e os 0,60 euros/m3.
"É francamente positivo para os consumidores (...) e não necessariamente negativo para as entidades gestoras dos sistemas", sustenta o especialista, especificando que as populações pagariam pelos três sistemas (água para consumo humano, esgotos e águas depuradas) menos do que pelos dois existentes actualmente.
É claro que as empresas abastecedoras teriam de suportar os custos de execução de novas redes.
Também seria necessário fazer chegar às habitações uma nova tubagem para as casas-de-banho, mas Amílcar Ambrósio desdramatiza a questão: "são obras pequenas. Também os cabos das telecomunicações já são aplicados pelo exterior dos edifícios. O mesmo poderia ser feito e, nas sanitas, apenas seria necessário introduzir um pequeno tubo nos autoclismos".
A utilização de águas de esgotos é uma prática utilizada ao longo dos séculos na rega de explorações agrícolas. Mas foi só a partir de meados do século passado que tal utilização passou a ter muitas outras aplicações, como a nível urbano e industrial.
Segundo Amílcar Ambrósio, tecnologicamente é até possível produzir água potável a partir dos esgotos, mas isso não se justifica em Portugal.
Diário Digital / Lusa
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