Pombos são "praga" com potencial turístico

As colónias de pombos que povoam a zona urbana de Coimbra estão a arrasar os nervos de comerciantes e moradores. Queixam-se da sujidade, do ruído, do incómodo e dos riscos para a saúde. A solução para controlar esta "praga urbana" - como a Câmara Municipal já lhe chamou - pode passar por transformar as aves numa atracção turística, à semelhança do que acontece em Veneza, Itália.

A ideia é defendida pelo director do Gabinete para o Centro Histórico, Sidónio Simões, numa altura em que a autarquia estuda métodos para vencer o problema.

Os pombos podem ser aproveitados, em termos turísticos, se se permitir que as pessoas alimentem os animais unicamente com a chamada "pílula dos pombos" - um alimento contraceptivo -, devendo esta ser vendida a preço de custo, explica Sidónio Simões, que ainda não fez a proposta à autarquia. "Matavam-se dois coelhos de uma cajadada". A alimentação destas aves, à margem da lei, justifica a sua reprodução descontrolada, dizem as fontes contactadas. Ana Pires, presidente da associação cívica de Coimbra Pro Urbe, associa o excesso de pombos à "solidão dos nossos velhos". Para a dirigente, "não é por acaso" que estas aves se desenvolvem tanto na área histórica, habitada por "uma população abandonada, envelhecida, cujo único prazer consiste em alimentá-los". Sidónio Simões, todavia, salienta que o problema se deve à "falta de educação cívica", explicando que as pessoas têm o hábito de deixar na rua comida para outros animais, como gatos.

Cansados dos pombos estão os comerciantes. Na Praça Velha, o restaurante com o mesmo nome é afectado as aves invadem as mesas da esplanada em busca de restos de comida, partem louça, incomodam os turistas. E as fezes, ácidas, obrigam à troca dos toldos duas vezes por ano, conta o empregado Vítor Silva. Cândida Góis, por seu lado, lamenta a entrada das penas na sua joalharia, na Praça 8 de Maio, bem como as situações "desagradáveis" derivadas da queda de excrementos sobre quem olha as montras.

Os meios de combate às colónias de pombos incluem a colocação de barreiras físicas impeditivas da pernoita e nidificação dos bandos nos edifícios, a referida "pílula dos pombos" ou a captura dos animais.


JN

Uma praga de pombos está a ameaçar o centro histórico de Coimbra. Para controlar a situação, uma das propostas passa por alimentar os animais a milho com contraceptivo.

Eles estão por todo o lado. Empoleirados nos beirais ou a passear pela rua. Enquanto são poucos, ninguém se queixa. O problema é quando passam a ser considerados uma praga. Em Coimbra já lhes chamam os ratos do ar.

E como os pombos ficam sempre bem na fotografia de qualquer turista, Veneza é um exemplo a seguir. Tal como a cidade italiana, também Coimbra quer passar a alimentar as aves com a chamada pílula dos pombos, no caso, milho com contraceptivo.

Transferir as aves para pombais em zonas fora da cidade é outra das possibilidades em análise, para que aqui continue a haver pombos, mas poucos.